Assisti ontem ao filme "As Neves do Kilimanjaro", filme
do francês de ascendência armênia Robert Guédiguian.
Em tempos de crise séria, o líder
sindical Michel (Jean-Pierre Darroussin) acaba perdendo seu emprego no porto de
Marselha. Embora imune à demissão – por ser membro sindical – Michel decide
fazer a escolha daqueles que deveriam ser demitidos através de sorteio e inclui o seu próprio nome na
lista.
Michel é um dos vinte empregados sorteados.
A mulher, Marie-Claire (Ariane
Ascaride), com quem é casado por três décadas, trabalha como acompanhante de
uma senhora de idade. E o casal consegue virar-se com o dinheiro que tem, mesmo
com o marido desempregado.
Ao comemorarem o aniversário de
casamento, ganham dos filhos adultos e dos amigos uma passagem e dinheiro para
ir à África e conhecer o monte Kilimanjaro, na Tanzânia - um sonho antigo do
casal. A alegria dura pouco, pois eles são roubados e os ladrões levam o
dinheiro e as passagens.
Michel descobre que um dos
assaltantes era um ex-colega de trabalho (Grégoire Leprince-Ringuet) também
integrante do sorteio. Michel denuncia o rapaz e descobre depois que a
motivação para o crime era a necessidade de o rapaz manter seus dois irmãos
menores que foram abandonados pela mãe.
O rapaz é condenado, apesar de Michel
ter decidido retirar a queixa.
Michel e Marie-Claire mostram que
mesmo numa Europa - especialmente a França - de onde a generosidade parece ter
ido embora, ainda há espaço para gestos humanos.
O casal decide acolher, em casa, os
irmãos menores do criminoso, mesmo com a resistência dos filhos adultos que não
entendem o envolvimento dos pais com os irmãos daquele que os machucou, física
e emocionalmente, além de roubá-los.
Eu me pergunto por que um filme tão
importante quanto este, para a reflexão do que se passa, foi lançado no Brasil
somente em dois cinemas da cidade de São Paulo e permaneceu em cartaz por
apenas duas semanas com bilheteria mínima?
A foto é real no desembarque, esta
semana, de refugiados na ilha grega de Kon.
Até breve.
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