domingo, 16 de agosto de 2015

GESTO



Assisti ontem ao filme "As Neves do Kilimanjaro", filme do francês de ascendência armênia Robert Guédiguian.

Em tempos de crise séria, o líder sindical Michel (Jean-Pierre Darroussin) acaba perdendo seu emprego no porto de Marselha. Embora imune à demissão – por ser membro sindical – Michel decide fazer a escolha daqueles que deveriam ser demitidos através de sorteio e inclui o seu próprio nome na lista.

Michel é um dos vinte empregados sorteados.

A mulher, Marie-Claire (Ariane Ascaride), com quem é casado por três décadas, trabalha como acompanhante de uma senhora de idade. E o casal consegue virar-se com o dinheiro que tem, mesmo com o marido desempregado.

Ao comemorarem o aniversário de casamento, ganham dos filhos adultos e dos amigos uma passagem e dinheiro para ir à África e conhecer o monte Kilimanjaro, na Tanzânia - um sonho antigo do casal. A alegria dura pouco, pois eles são roubados e os ladrões levam o dinheiro e as passagens.

Michel descobre que um dos assaltantes era um ex-colega de trabalho (Grégoire Leprince-Ringuet) também integrante do sorteio. Michel denuncia o rapaz e descobre depois que a motivação para o crime era a necessidade de o rapaz manter seus dois irmãos menores que foram abandonados pela mãe.

O rapaz é condenado, apesar de Michel ter decidido retirar a queixa.

Michel e Marie-Claire mostram que mesmo numa Europa - especialmente a França - de onde a generosidade parece ter ido embora, ainda há espaço para gestos humanos.

O casal decide acolher, em casa, os irmãos menores do criminoso, mesmo com a resistência dos filhos adultos que não entendem o envolvimento dos pais com os irmãos daquele que os machucou, física e emocionalmente, além de roubá-los.

Eu me pergunto por que um filme tão importante quanto este, para a reflexão do que se passa, foi lançado no Brasil somente em dois cinemas da cidade de São Paulo e permaneceu em cartaz por apenas duas semanas com bilheteria mínima?

A foto é real no desembarque, esta semana, de refugiados na ilha grega de Kon.




Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário