Fui calado depois de, na semana
passada, tomar contato com três episódios. O brutal assassinato do leão, a
crueldade com o jovem atropelado na linha do trem e o saque ao caminhão
acidentado.
Todos os dias caçadores
profissionais e amadores matam animais, sempre soubemos. Algumas espécies estão
sendo dizimadas, sabemos. Ocorre que as circunstâncias do assassinato desse
leão específico denota simbolicamente a condição atual da tragédia humana.
Assistir a entrevista da mãe do
jovem atropelado por um trem - e, depois ter o corpo esmagado por outro ainda -
dizendo que ela ficou indignada com a notícia sem saber que se tratava do seu
filho, me levou a um desespero sem medida.
O saque a um caminhão acidentado com
as pessoas freneticamente avançando sobre a carga e sem se importarem com o
motorista preso às ferragens foi para mim desolador.
E não será necessário aqui entrar
em detalhes descritivos sobre os episódios citados, o leitor, que não saiba exatamente
sobre aquilo que estou me referindo pode escolher tantos outros fatos
semelhantes que nos assolam o cotidiano. Comigo, apenas, chegou a um ponto
insustentável.
Bastou-me.
Na última sexta-feira, após
assistir aos jornais televisivos, subi para o meu quarto e ali fui tomado por
desmensurada tristeza.
Não há nada que se possa fazer para
conter a barbárie.
Minhas reflexões atuais convidam-me
para algumas atitudes em um plano estritamente pessoal. A vontade que tenho é
de exilar-me, recolher-me de vez à minha insignificância, à minha impotência e
calar-me de vez.
Não que eu acredite que minha
modesta contribuição ao debate do que se passa via este blog seja relevante,
mas porque eu sei exatamente o que isto significará para mim. Jamais imaginei
suicidar, intelectualmente.
No domingo, pela manhã, sentei-me
com Pretinha para listar com ela o nome dos amiguinhos de Noninha que
compareceram ao aniversário de três anos, no sábado, de minha netinha.
Minha intenção era postar algo
alusivo à data.
Achei, no entanto, que a minha
alegria não era justa. Talvez até vergonhosa. Eu tinha que fazer algo com minha
tristeza derivada de tudo o que constato e não relevar aquilo que me emociona e
me alegra quando estou com os meus entes queridos.
Vou ficar com minha alegria
reservada, especialmente trazida pelo convívio com os netos, por ela posso
fazer algumas traquinagens, imaginar através deles outro porvir. Viver de outra
modalidade de esperança. Vou egoizar-me.
E não mais direi nada sobre tudo.
Para assemelhar-me.
O dasletra finda aqui e, de
forma definitiva, não me despeço com um Até Breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário