quinta-feira, 13 de agosto de 2015

CONSOLO



Mas claro, há também claridades e intensas.

A questão é que eu me coloco numa perspectiva de um intelectual de esquerda, que parte do que é do Universal para o que é do Particular. Da Síria e de seus refugiados, dos crimes hediondos contra a natureza e contra a Pessoa, só depois vou me ocupar daquilo que se passa na intimidade do CEP 30330-160.

Sou daqueles que, em sua modesta concepção, entende que a negação da dignidade humana deprecia o valor de qualquer causa que necessite dessa negação para afirmar a si mesma. Escrevo isto aos europeus, especialmente aos britânicos.

Fosse aqui, bem próximo de mim, eu me bastaria de lux de cegar os olhos.

Antônio, nesse momento, deve estar esquentando sua moleira em passeio a bordo de um daqueles barcos que vagam pelo Rio Sena. Mamãe e papai, em viagem de férias, alugaram um apartamento ao pé do qual esverdeia o mundo um parque monumental repleto de curiosidades ao olhar de meu netinho de oito meses de idade.

Próximo, vinte minutos a bordo de um MacLaren, Antônio chega ao símbolo da cidade luz.




Claridade e porvir também em Noninha que já faz planos para, no próximo ano, esquentar suas alegrias em fogueiras de pipocas e alegrias.



E em Tin, que se encolore em tintas.



Apenas nas crianças que a Humanidade ainda pode ser encontrada, capturada e preservada, intacta e ilesa.

Em nossa casa de Santa Luzia, sobre a escrivaninha que há cinquenta anos misturei minhas primeiras letras, desde então guardadas, mantenho um pôster com o poema ODA A LA ALEGRIA de Pablo Neruda, poeta de esquerda e Nobel.



No mais íntimo há esperança.



Até breve.

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