sábado, 4 de julho de 2015

SALVADOR



As redes sociais têm editado o sentimento coletivo nacional.

O grande benefício da web é que, afinal, todas – literalmente todas – as manifestações de opinião encontram adeptos, seguidores, multiplicadores, comentaristas que fazem eco com suas múltiplas observações da realidade.

Nada e nem ninguém é poupado e nenhum fato, declaração, condição social, enfim nada e nem ninguém está isento de ser feicebucado, tuitado, blogzado, azucrinado.

Eu, como zilhões, me ocupo também de contribuir com a nova forma de produzir cultura. “Cultura” construída por uma massa de dados e informações sem nenhum juízo de qualidade, mérito, moral, escola, tendência ideológica, raça, credo...

Vale tudo na rede.

Há algo de crítico, porém.

Meu último post quer dar um tom de meu pensamento sobre o que se passa nos últimos tempos na política nacional.

E para falar disso vou por um caminho outro. Assisti, na última quinta-feira, a um belíssimo e simbólico filme.

"Bekas" (2012) de Karzan Kader é um filme iraquiano, com atores amadores, inspirado nas experiências vividas pelo próprio cineasta quando fugiu com sua família de Saddan Russein nos anos noventa para a Suécia.

Dois irmãos desabrigados, Zana de sete anos e Dana de dez anos, vivem no limite da sobrevivência. Eles têm um vislumbre do Superman através de um buraco na parede no cinema local, daí decidem sair de sua aldeia curda e ir para a América acreditando que, uma vez lá, o super-herói poderá fazer alguns pedidos, como ressuscitar seus pais e se livrar de todos os seus problemas.

Zana começa a fazer uma lista das pessoas que ele vai pedir para o Superman punir. Dana, por outro lado, pensa no que eles precisam para chegar lá: dinheiro, passaportes, transporte e uma maneira de atravessar a fronteira. Infelizmente, eles não têm nada disso. Graças ao seu trabalho árduo como engraxates conseguem juntar dinheiro suficiente para comprar um burro com o qual eles decidem partir para realizar seu sonho.

A esperança de dias melhores move as duas crianças, desprovidas de carinho e cuidado, pois eles tinham que se garantir, e sem muita perspectiva e bastante imaginação eles decidem que querem encontrar o super-homem.

Talvez, leitor, assistindo ao filme que está na programação do Maxprime da TV Paga, me compreenderá melhor.

“Ele vem aí, não demora não,
Ele vem aí com a vassoura na mão.”



Até breve.

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