Melhor eu dar uma trégua à barbárie.
Hoje o tema é Amor e, pela minha
pequenez no tema, convidei Zygmunt Bauman para socorrer-me.
“Poucas coisas se parecem tanto com a morte quanto o amor realizado”.
“Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se tem a mínima ideia
de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido”.
“É da natureza do amor ser refém do destino”.
“Não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor
encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas
coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso
criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é
certo”.
“Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições
humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se
ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela
liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor”.
“Não importa o que você aprendeu sobre o amor e amar, sua sabedoria só
pode vir um dia depois de sua chegada”.
“Enquanto vive, o amor paira à beira do malogro. Dissolve seu passado à
medida que prossegue. Não deixa trincheiras onde possa buscar abrigo em caso de
emergência. E não sabe o que está pela frente e o futuro que pode trazer. Nunca
terá confiança suficiente para dispersar as nuvens e abafar a ansiedade. O amor
é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável”.
“Estar num relacionamento significa muita dor de cabeça, mas sobretudo
uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar plena e verdadeiramente
seguro daquilo que faz – ou de ter feito a coisa certa ou no momento preciso”.
“Quando a insegurança sobe a bordo, perde-se a confiança, a ponderação e
a estabilidade da navegação. À deriva, a frágil balsa do relacionamento oscila
entre as duas rochas nas quais muitas parcerias esbarram: a submissão e o poder
absolutos, a aceitação humilde e a conquista arrogante, destruindo a própria
autonomia e sufocando a do parceiro.”
“Não há como saber, pelo menos com antecedência, se viver juntos acabará
se revelando uma via de tráfego intenso ou um beco sem saída. A questão é
atravessar os dias como se essa diferença não contasse, e, portanto de uma
forma que torne irrelevante o problema
de ‘colocar os pingos nos Is’”.
Estou lendo Bauman (Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos
laços humanos, Zahar editora) e na terça-feira agora assisti no Canal
Brasil ao filme (rodado em BH) dirigido por Cris Azzi, Cada dia uma vida inteira.
Carol (Cynthia Falabella) e Rafael
(Odilon Esteves) estão prestes a se casar e decidem fazer suas despedidas de
solteiro separadamente. No dia seguinte, Rafael precisa buscar Carol em um
motel, ficando no ar a questão se ela realmente o traiu.
Assistam. Não será preciso ler
Bauman.
Até breve.
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