quinta-feira, 16 de julho de 2015

LÍQUIDO



Melhor eu dar uma trégua à barbárie.

Hoje o tema é Amor e, pela minha pequenez no tema, convidei Zygmunt Bauman para socorrer-me.

“Poucas coisas se parecem tanto com a morte quanto o amor realizado”. “Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se tem a mínima ideia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido”.

“É da natureza do amor ser refém do destino”.

“Não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo”.

“Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor”.

“Não importa o que você aprendeu sobre o amor e amar, sua sabedoria só pode vir um dia depois de sua chegada”.

“Enquanto vive, o amor paira à beira do malogro. Dissolve seu passado à medida que prossegue. Não deixa trincheiras onde possa buscar abrigo em caso de emergência. E não sabe o que está pela frente e o futuro que pode trazer. Nunca terá confiança suficiente para dispersar as nuvens e abafar a ansiedade. O amor é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável”.

“Estar num relacionamento significa muita dor de cabeça, mas sobretudo uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar plena e verdadeiramente seguro daquilo que faz – ou de ter feito a coisa certa ou no momento preciso”.

“Quando a insegurança sobe a bordo, perde-se a confiança, a ponderação e a estabilidade da navegação. À deriva, a frágil balsa do relacionamento oscila entre as duas rochas nas quais muitas parcerias esbarram: a submissão e o poder absolutos, a aceitação humilde e a conquista arrogante, destruindo a própria autonomia e sufocando a do parceiro.”

“Não há como saber, pelo menos com antecedência, se viver juntos acabará se revelando uma via de tráfego intenso ou um beco sem saída. A questão é atravessar os dias como se essa diferença não contasse, e, portanto de uma forma que torne irrelevante o problema  de ‘colocar os pingos nos Is’”.

Estou lendo Bauman (Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos, Zahar editora) e na terça-feira agora assisti no Canal Brasil ao filme (rodado em BH) dirigido por Cris Azzi, Cada dia uma vida inteira.

Carol (Cynthia Falabella) e Rafael (Odilon Esteves) estão prestes a se casar e decidem fazer suas despedidas de solteiro separadamente. No dia seguinte, Rafael precisa buscar Carol em um motel, ficando no ar a questão se ela realmente o traiu.

Assistam. Não será preciso ler Bauman.



Até breve.

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