domingo, 12 de julho de 2015

DEVAGARÇÕES





Apenas para eu me fazer entender.

Há coisa de três décadas, um pouco mais um pouco menos, cem caras ou seus antecessores, brilhantes, audaciosos, hiperbemrelacionados em diferentes esferas e, sobretudo, endinheirados foram acometidos por um surto.

Uma fúria sedutora, arrebatadora paixão, mobilizadora: atingir o Paraíso.

E foi assim que se deu a transmutação do Capitalismo Econômico, lastreado na propriedade construída com o emprego de meios de produção (especialmente mão-de-obra) para o Capitalismo Financeiro, lastreado exclusivamente em moeda. E, claro, moeda forte, cunhada pelo Império.

O Paraíso foi atingido. Livre de tudo o que implique em regulação, tributação, controle e questionamento seja de origem (procedência) e destino (aplicação).

Ah, o Paraíso Fiscal!!!

Lá vivem as maiores expressões da acumulação da riqueza financeira, de elevadíssimo risco, mas absolutamente isenta de qualquer compromisso social ou redistribuição de renda, motor e combustível para a sadia dinâmica econômica.

Sobrou aos Estados Nacionais, detentores da produção de riquezas e poupança econômica (especialmente a previdenciária) migalhas para dar conta da ilusão do Estado do Bem-Estar-Social, ambiente de convivência com elevados níveis de segurança, paz, saúde, educação e cultura.

A conta não fecha nem aqui, nem na Grécia e nem em nenhum país do planeta e não fechará nunca. A demanda por recursos em diferentes áreas de necessidades é infinitamente maior do que a geração de excedentes para que os Estados Nacionais possam investir em projetos de desenvolvimento.

O que resta a fazer aos burocratas de plantão, mandrakes das políticas econômicas? Ajustes Fiscais. Leia-se garrote vil, que se traduz em travamento do crédito (para barrar a ilusão consumista); extinção de benefícios fiscais em áreas industriais antes alavancadoras; corte radical de subsídios e redução da atividade produtiva com compressão da massa salarial e retiradas de velhotes inservíveis.

Consequência: salve-se quem puder!!!

O ciclo perverso e cruel da sabedoria capitalista haverá de extrair, do desastre, os melhores adaptados e desencadeará nova rodada de geração de excedentes avessos ao investimento em riqueza econômica (fábricas, projetos de infraestrutura, etc.) para a estratosférica, sádica e mais do que polpuda ciranda financeira.

Ariano Suassuna dizia que acreditava em Deus porque “Ele só pode mesmo existir: não é possível que a Vida seja pautada somente por desgraças desta natureza”.

O Paraíso existe e, como não poderia deixar de ser, para poucos.



Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário