Apenas para eu me fazer entender.
Há coisa de três décadas, um pouco
mais um pouco menos, cem caras ou seus antecessores, brilhantes, audaciosos,
hiperbemrelacionados em diferentes esferas e, sobretudo, endinheirados foram
acometidos por um surto.
Uma fúria sedutora, arrebatadora
paixão, mobilizadora: atingir o Paraíso.
O Paraíso foi atingido. Livre de
tudo o que implique em regulação, tributação, controle e questionamento seja de
origem (procedência) e destino (aplicação).
Ah, o Paraíso Fiscal!!!
Lá vivem as maiores expressões da
acumulação da riqueza financeira, de elevadíssimo risco, mas absolutamente
isenta de qualquer compromisso social ou redistribuição de renda, motor e
combustível para a sadia dinâmica econômica.
Sobrou aos Estados Nacionais,
detentores da produção de riquezas e poupança econômica (especialmente a
previdenciária) migalhas para dar conta da ilusão do Estado do
Bem-Estar-Social, ambiente de convivência com elevados níveis de segurança,
paz, saúde, educação e cultura.
A conta não fecha nem aqui, nem na
Grécia e nem em nenhum país do planeta e não fechará nunca. A demanda por
recursos em diferentes áreas de necessidades é infinitamente maior do que a
geração de excedentes para que os Estados Nacionais possam investir em projetos
de desenvolvimento.
O que resta a fazer aos burocratas
de plantão, mandrakes das políticas econômicas? Ajustes Fiscais. Leia-se
garrote vil, que se traduz em travamento do crédito (para barrar a ilusão
consumista); extinção de benefícios fiscais em áreas industriais antes alavancadoras;
corte radical de subsídios e redução da atividade produtiva com compressão da
massa salarial e retiradas de velhotes inservíveis.
Consequência: salve-se quem
puder!!!
O ciclo perverso e cruel da
sabedoria capitalista haverá de extrair, do desastre, os melhores adaptados e
desencadeará nova rodada de geração de excedentes avessos ao investimento em
riqueza econômica (fábricas, projetos de infraestrutura, etc.) para a
estratosférica, sádica e mais do que polpuda ciranda financeira.
Ariano Suassuna dizia que acreditava
em Deus porque “Ele só pode mesmo existir:
não é possível que a Vida seja pautada somente por desgraças desta natureza”.
O Paraíso existe e, como não
poderia deixar de ser, para poucos.
Até breve.
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