Recado aos meus netinhos: não
envelheçam!
Se for olhar na perspectiva em que
o Estado Brasileiro nos olha. Velho é velho. Deve ir para os “aposentos”, lugar
alojado atrás das moradias. Mulheres valem oitenta e cinco pontos, homens
noventa e cinco pontos.
Como?
Noninha, querida, você deverá, em
começando a contribuir com o Instituto Nacional de Previdência Social aos vinte
e cinco anos de idade (que é tarde), aposentar-se aos cinquenta e cinco anos de
idade tendo recolhido, portanto, mensalmente aos cofres do Instituto durante
trinta anos.
Supondo, como seu avô, que
contribuiu durante trinta e cinco anos (noventa por cento do tempo no limite
máximo de contribuição, 20 salários-mínimos), você fará jus, em valores de
hoje, ao benefício de algo perto de 6 (SEIS) salários-mínimos.
Ontem, a Câmara dos Deputados,
aprovou projeto de lei que estabelece a atualização monetária de todos os
valores pagos aos aposentados pelo índice medido da inflação do ano imediatamente
anterior ao reajuste mais a variação do PIB dos últimos dois anos.
Os burocratas de plantão vieram questionar
os “irresponsáveis” alegando que os mesmos não consideraram que tal medida
implicará em R$9,0 bi a mais de gastos para o “governo”.
Somando a eles uma comentarista da TV
Globo veio “esclarecer” aos telespectadores defendendo a tese de que tal medida
é um absurdo e que atenta contra o esforço do ajuste fiscal.
Triste país o nosso, minha netinha.
Quando foi instituída a Previdência
Social a lei contemplava a participação do empregado com 8% de seu salário, 8%
do empregador e 8% dos cofres da União. Ocorre que a União contribuiu um único
mês sob a alegação que não havia recursos para fazê-lo. Desde lá o buraco se
imensa.
Incompetência, gestão fraudulenta,
saques de pedaladas, desvios criminosos e truculência governamental configuraram
nesse campo combustão explosiva. Nós os contribuintes, especialmente os mais
favorecidos, validando a lógica Robin Hood (já que contribuímos sobre a base de
20 salários-mínimos e recebemos o teto de 6 salários-mínimos) nós é que nos
danemos.
No meu caso particular é ainda
pior, sou vítima do fator previdenciário.
Além de ser lamacenta e cruel, a
crítica que se faz à medida aprovada ontem, é burra. Velho é consumidor e,
portanto, motor ativo da economia. Velho compra lápis, borracha, panelinha,
boneca, carrinho, bola para seus netinhos. Compra roupa, remédios, vai ao
cinema, academias de ginástica, campos de futebol. Velho viaja, compra carro,
geladeira, TV, livros e até comida. Alguns velhos, ainda, continuam
trabalhando, pagando impostos, dando sua contribuição ao enriquecimento da
sociedade.
A renda distribuída faz girar os
mecanismos econômicos, garantido justiça e bem-estar social.
Nós estamos cansados de saber o que
arrebenta com qualquer ajuste. Deve ser lavado a jato.
Nem me referi a vocês, Valentin e
Antônio, vocês valerão 95 pontos.
Até breve.
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