segunda-feira, 29 de junho de 2015

SALVAÇÃO



Passei o final de semana em hotel no Guarujá-SP (de sexta-feira a domingo) em encontro no qual tive o privilégio de conviver com mais de trezentos executivos de empresas que operam dentro e fora do Brasil.

O tema recorrente em todos os painéis foi a Crise.

Em todas as oportunidades que tive seja como orador, mediador ou mesmo nos intervalos dos painéis nas inúmeras conversas, procurei relativizar a nossa crise em relação a tantas outras presentes.

Claro que a nossa é sempre mais crítica, já que nos afeta diretamente. Outras, mesmo que mais agudas e graves, não nos afetando – pelo menos no imediato – são sequer ventiladas e, provavelmente, nem conhecidas.

Ouvi da plateia, por diversas vezes, sinais de espanto e surpresa na medida em que eu ia desfilando contornos e números de outras “crises” que assolam o planeta. Mas, ainda assim, ao longo de todo o tempo do evento, a grande maioria dos presentes voltava às nossas mazelas, especialmente no sábado após a notícia da delação premiada do presidente da UTC.

Já no encerramento, com o exclusivo interesse em contribuir, acho que apelei.

Quando fui fazer a síntese extraída a partir dos debates havidos em todos os painéis, somada às considerações dos brilhantes e notórios saberes que contextualizaram o momento econômico e político do país, tomei do microfone e cantei, para surpresa dos presentes:

“Encosta a tua cabecinha no meu ombro e pensa
No futuro de teus filhos e de teus irmãos.
Quem vota em Jânio Quadros é porque tem consciência
Em um governo honrado e de realizações.

Jânio Quadros, governo direitinho,
Cinco anos de realizações,
Jânio Quadros para presidente,
Primeiro inquilino do Palácio Alvorada.”

Depois, cantei:

“Ele vem aí, não demora não,
Ele vem aí com a vassoura na mão.”

E arremetei:

“Varre, varre vassourinha...
Varre toda a bandalheira,
Que o povo está cansado de sofrer dessa maneira,
Jânio Quadros a esperança de um país abandonado.”

Há cinquenta e cinco anos atrás, eu tinha oito anos de idade, eu andei pelas ruas durante dias e dias, a bordo de uma Kombi com um alto-falante às alturas, e eu ia repetindo aos gritos através das janelas estreitas do veículo, estes e outros jingles de campanha por determinação de minha mãe, crédula de que estava naquele homem, candidato ao maior posto do país, a esperança de novos tempos que melhorariam as condições de vida do pobre povo brasileiro.

Hoje, estes jingles, pela sua atualidade, fariam o maior sucesso.

Mas ninguém virá.

Resumo do encontro: “Se não formos nós, quem será? Se não for agora, quando será?”.




Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário