Passei o final de semana em hotel no
Guarujá-SP (de sexta-feira a domingo) em encontro no qual tive o privilégio de
conviver com mais de trezentos executivos de empresas que operam dentro e fora
do Brasil.
O tema recorrente em todos os painéis
foi a Crise.
Em todas as oportunidades que tive
seja como orador, mediador ou mesmo nos intervalos dos painéis nas inúmeras
conversas, procurei relativizar a nossa crise em relação a tantas outras
presentes.
Claro que a nossa é sempre mais
crítica, já que nos afeta diretamente. Outras, mesmo que mais agudas e graves,
não nos afetando – pelo menos no imediato – são sequer ventiladas e, provavelmente,
nem conhecidas.
Ouvi da plateia, por diversas
vezes, sinais de espanto e surpresa na medida em que eu ia desfilando contornos
e números de outras “crises” que assolam o planeta. Mas, ainda assim, ao longo
de todo o tempo do evento, a grande maioria dos presentes voltava às nossas
mazelas, especialmente no sábado após a notícia da delação premiada do
presidente da UTC.
Já no encerramento, com o exclusivo
interesse em contribuir, acho que apelei.
Quando fui fazer a síntese extraída
a partir dos debates havidos em todos os painéis, somada às considerações dos brilhantes
e notórios saberes que contextualizaram o momento econômico e político do país,
tomei do microfone e cantei, para surpresa dos presentes:
“Encosta a tua cabecinha no meu
ombro e pensa
No futuro de teus filhos e de teus
irmãos.
Quem vota em Jânio Quadros é porque
tem consciência
Em um governo honrado e de
realizações.
Jânio Quadros, governo direitinho,
Cinco anos de realizações,
Jânio Quadros para presidente,
Primeiro inquilino do Palácio
Alvorada.”
Depois, cantei:
“Ele vem aí, não demora não,
Ele vem aí com a vassoura na mão.”
E arremetei:
“Varre, varre vassourinha...
Varre toda a bandalheira,
Que o povo está cansado de sofrer
dessa maneira,
Jânio Quadros a esperança de um
país abandonado.”
Há cinquenta e cinco anos atrás, eu
tinha oito anos de idade, eu andei pelas ruas durante dias e dias, a bordo de
uma Kombi com um alto-falante às alturas, e eu ia repetindo aos gritos através
das janelas estreitas do veículo, estes e outros jingles de campanha por
determinação de minha mãe, crédula de que estava naquele homem, candidato ao
maior posto do país, a esperança de novos tempos que melhorariam as condições
de vida do pobre povo brasileiro.
Hoje, estes jingles, pela sua
atualidade, fariam o maior sucesso.
Mas ninguém virá.
Resumo do encontro: “Se não formos nós, quem será? Se não for
agora, quando será?”.
Até breve.
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