Ocorreu-me de editar aqui no
dasletra algo como “Fragmentos da Realidade”, tentando com isto um apanhado de
observações sobre o que se passa. Como se eu já não estivesse fazendo isto
desde o primeiro post.
Só que a partir de outros.
Do tipo, Vladimir Safatle em sua
crônica de hoje na Folha de São Paulo escreveu:
“Em algumas horas, a Europa irá morrer. Infelizmente, não morrerá o corpo
de tecnocratas da Comunidade Europeia com sua ortodoxia econômica feita sob
medida para salvar bancos falidos à procura de dinheiro estatal para
sobreviver. Não morrerá o corpo político que só consegue estar de acordo para
colocar em marcha políticas cada vez mais vergonhosas contra imigrantes. Não
morrerá a Europa dos medos seculares. Morrerá a Europa que um dia quis encarnar
uma ideia nova de felicidade.
Se o governo grego do Syriza fez algum erro foi o de acreditar na
racionalidade dos gestores do capitalismo atual. Mais sensato do que ver seu
povo destroçado por uma política econômica suicida é pedir moratória e sair de
uma vez da zona do euro. De toda forma, a Europa morreu, pois nada vive sem
ideia.”
Noutra crônica, publicada
hoje também na Folha, Luli Radfaher escreveu:
“O mundo híbrido de sentimentos e tecnologias é capaz de promover algumas
crueldades jamais imaginadas. Um exemplo recente está na Sony, que ao
descontinuar o suporte e manutenção de sua linha de robôs caninos AIBO, condena
à morte certa os cerca de 150 000 beagles que vendeu entre 1999 e 2005.
Diferente dos animaizinhos que supostamente teriam sofrido maus tratos no
Instituto Royal de São Roque, o fim da vida desses cãezinhos digitais será tão
indolor quanto a "morte" de qualquer outro dispositivo eletrônico.
Na virada do século, quando a gigante japonesa entrou em crise, o projeto
foi encerrado. A assistência técnica durou mais uma década. Mas o aparelho é
muito mais complicado do que um jipe ou fusca, por isso as peças começaram a
rarear e as oficinas fecharam. Sobrou para mecânicos informais que canibalizam
partes funcionais de alguns para consertar outros.
Tem coisas do Japão que parecem Ficção Científica. Para a religião
Xintoísta, muito popular no país, tudo está interligado. Suas divindades, os
"Kami", podem ser definidos como espíritos ou essências presentes em
cada objeto. Partes de um todo indivisível, eles estão integrados à essência
humana em uma grande rede complexa. É misticismo, mas está cada vez mais
próximo do futuro.
Mesmo que seja uma versão de futuro em que não se imagine viver.”
Em outro veículo, o Estado de São
Paulo, em matéria assinada pela jornalista Fernanda Simas, entrevista ao filho
do narcotraficante colombiano que recentemente publicou um livro em que relata
a vida com seu pai.
“Pablo Escobar, um dos maiores traficantes de drogas do mundo, é descrito
pelo filho como o homem que não tinha medo de dizer que havia escolhido ser
bandido e deu a vida pela família. Mais de 20 anos depois da morte do chefe do
Cartel de Medelín, Juan Pablo Escobar, ou Juan Sebastián Marroquín Santos, nome
que adotou após fugir da Colômbia em 1994, lança no Brasil o livro Pablo
Escobar, Meu Pai; As Histórias Que Não Deveríamos Saber. Em entrevista ao
Estado, afirma que precisava contar a “verdadeira história” de seu pai.
Herói ou vilão? Como seu pai é visto em Medelín hoje?
Depende para quem se pergunta. Se perguntar para as cinco mil famílias
que se beneficiaram com seus programas de habitação, às crianças que tinham
problemas e foram tratados gratuitamente ou às comunidades abandonadas
completamente pelo Estado que meu pai ajudou, com certeza têm uma opinião
solidária com ele. Se perguntar para um pedestre que cruzava uma rua de Bogotá
e foi vítima da explosão de um carro-bomba ordenada por meu pai, ela tem o
direito legítimo de ter uma opinião negativa. Pela opinião publicada, que é
diferente da pública, parece que há mais identificação com a visão negativa,
mas a opinião foi publicada por meios que meu pai enfrentou no passado e
bombardeou com seu narcoterrorismo, então são opiniões publicadas a partir do
ódio e não da ética e da verdade.”
Toda hora eu encontro razões para
ir me esconder na cidade que recebeu o nome da padroeira dos olhos, Santa Luzia.
Até porque o horóscopo contempla
para hoje: “Ainda que você se movimente meio a cegas, com a alma
orientada apenas por pressentimentos e visões, mesmo assim continue em frente. Nascer
no signo de Peixes tem dessas coisas, nada segue a lógica do mundo”.
Até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário