terça-feira, 23 de junho de 2015

LEITURAS



Ocorreu-me de editar aqui no dasletra algo como “Fragmentos da Realidade”, tentando com isto um apanhado de observações sobre o que se passa. Como se eu já não estivesse fazendo isto desde o primeiro post.

Só que a partir de outros.

Do tipo, Vladimir Safatle em sua crônica de hoje na Folha de São Paulo escreveu:

“Em algumas horas, a Europa irá morrer. Infelizmente, não morrerá o corpo de tecnocratas da Comunidade Europeia com sua ortodoxia econômica feita sob medida para salvar bancos falidos à procura de dinheiro estatal para sobreviver. Não morrerá o corpo político que só consegue estar de acordo para colocar em marcha políticas cada vez mais vergonhosas contra imigrantes. Não morrerá a Europa dos medos seculares. Morrerá a Europa que um dia quis encarnar uma ideia nova de felicidade.

Se o governo grego do Syriza fez algum erro foi o de acreditar na racionalidade dos gestores do capitalismo atual. Mais sensato do que ver seu povo destroçado por uma política econômica suicida é pedir moratória e sair de uma vez da zona do euro. De toda forma, a Europa morreu, pois nada vive sem ideia.”

Noutra crônica, publicada hoje também na Folha, Luli Radfaher escreveu:

“O mundo híbrido de sentimentos e tecnologias é capaz de promover algumas crueldades jamais imaginadas. Um exemplo recente está na Sony, que ao descontinuar o suporte e manutenção de sua linha de robôs caninos AIBO, condena à morte certa os cerca de 150 000 beagles que vendeu entre 1999 e 2005. Diferente dos animaizinhos que supostamente teriam sofrido maus tratos no Instituto Royal de São Roque, o fim da vida desses cãezinhos digitais será tão indolor quanto a "morte" de qualquer outro dispositivo eletrônico.

Na virada do século, quando a gigante japonesa entrou em crise, o projeto foi encerrado. A assistência técnica durou mais uma década. Mas o aparelho é muito mais complicado do que um jipe ou fusca, por isso as peças começaram a rarear e as oficinas fecharam. Sobrou para mecânicos informais que canibalizam partes funcionais de alguns para consertar outros.

Tem coisas do Japão que parecem Ficção Científica. Para a religião Xintoísta, muito popular no país, tudo está interligado. Suas divindades, os "Kami", podem ser definidos como espíritos ou essências presentes em cada objeto. Partes de um todo indivisível, eles estão integrados à essência humana em uma grande rede complexa. É misticismo, mas está cada vez mais próximo do futuro.

Mesmo que seja uma versão de futuro em que não se imagine viver.”

Em outro veículo, o Estado de São Paulo, em matéria assinada pela jornalista Fernanda Simas, entrevista ao filho do narcotraficante colombiano que recentemente publicou um livro em que relata a vida com seu pai.

“Pablo Escobar, um dos maiores traficantes de drogas do mundo, é descrito pelo filho como o homem que não tinha medo de dizer que havia escolhido ser bandido e deu a vida pela família. Mais de 20 anos depois da morte do chefe do Cartel de Medelín, Juan Pablo Escobar, ou Juan Sebastián Marroquín Santos, nome que adotou após fugir da Colômbia em 1994, lança no Brasil o livro Pablo Escobar, Meu Pai; As Histórias Que Não Deveríamos Saber. Em entrevista ao Estado, afirma que precisava contar a “verdadeira história” de seu pai. 

Herói ou vilão? Como seu pai é visto em Medelín hoje?

Depende para quem se pergunta. Se perguntar para as cinco mil famílias que se beneficiaram com seus programas de habitação, às crianças que tinham problemas e foram tratados gratuitamente ou às comunidades abandonadas completamente pelo Estado que meu pai ajudou, com certeza têm uma opinião solidária com ele. Se perguntar para um pedestre que cruzava uma rua de Bogotá e foi vítima da explosão de um carro-bomba ordenada por meu pai, ela tem o direito legítimo de ter uma opinião negativa. Pela opinião publicada, que é diferente da pública, parece que há mais identificação com a visão negativa, mas a opinião foi publicada por meios que meu pai enfrentou no passado e bombardeou com seu narcoterrorismo, então são opiniões publicadas a partir do ódio e não da ética e da verdade.”


Toda hora eu encontro razões para ir me esconder na cidade que recebeu o nome da padroeira dos olhos, Santa Luzia.


Até porque o horóscopo contempla para hoje: Ainda que você se movimente meio a cegas, com a alma orientada apenas por pressentimentos e visões, mesmo assim continue em frente. Nascer no signo de Peixes tem dessas coisas, nada segue a lógica do mundo”.




Até breve.

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