terça-feira, 9 de junho de 2015

IMPOTÊNCIA



Quantos anos tem o homem que invadiu a casa de minha filha na madrugada de um dia da semana passada? Trinta, trinta e poucos? Quinze? Quantos anos tem aquele que encarnou o terror nesse episódio?

“Estou com dificuldade para dormir, pai”...

Pretinha acordou com um barulho, chegou a pensar que Noninha pudesse ter caído da cama e se deparou no corredor com o homem abrindo a porta do quarto dos meninos.

Felizmente, o invasor evadiu-se, depois dos gritos desesperados de minha filha. Cláudio conseguiu ligar para a polícia que apareceu poucos minutos depois.

“Isso é muito comum”... Teria dito um dos policiais presentes à ocorrência.

Quem é o sujeito que entrou, para roubar, no apartamento de minha filha em madrugada de um dia da semana passada?

Um bandido contumaz, um desempregado, um drogado?

Um jovem de quinze anos?

Hoje em São Paulo, pela manhã, eu estava em um carro da empresa para qual presto serviços e o motorista, espontaneamente, logo que eu entrei no veículo abriu como assunto a violência urbana.

Pouco tempo depois que nós saímos do aeroporto paramos em um semáforo. Minha pasta estava sobre o banco traseiro. De repente um homem abriu e fechou bruscamente a porta de trás de nosso carro.

O motorista ficou pálido e eu catatônico. Segundos depois ouvimos insistentemente o início de buzinas para que seguíssemos viagem já que o semáforo estava aberto. Não foi possível agradecer ao motorista que vinha no carro imediatamente atrás do nosso que, vendo a porta semiaberta, desceu e fechou a porta.

Terror.

Desnecessário abordar aquilo que está incorporado à paisagem social. Enquanto lê este post você deve estar lembrando-se de inúmeros episódios da violência do cotidiano com desfechos infinitamente mais graves do que aquele pelos quais passou meus entes queridos.

Mas quantos anos tinha o sujeito que invadiu o apartamento de minha filha em madrugada de um dia da semana passada?

Quinze? Trinta? Trinta e poucos? Um desempregado, um bandido contumaz, um drogado?

Mais uma vez a sociedade, à distância, assiste passiva a um debate insosso do legislativo. Qual a idade do criminoso deve ser limítrofe para que sobre ele seja imputada pena.

Vamos perder nosso tempo discutindo soluções a partir dos efeitos de uma causa maior e mesmo que seja reduzida a maioridade penal não debelará nosso terror.

O que importa não é a idade do criminoso, mas as razões objetivas que o fizeram entrar para o mundo do crime.

Precisamos deixar de buzinar para que sigamos viagem. Precisamos dar uma parada e ter coragem para tratar a verdadeira raiz do gravíssimo problema.

Ontem aconteceu reunião dos condôminos do prédio onde Pretinha mora. Provavelmente medidas serão tomadas no sentido de nos iludirmos que, pelo menos ali dentro, estarão seguros.



Até breve.

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