Quantos anos tem o homem que
invadiu a casa de minha filha na madrugada de um dia da semana passada? Trinta,
trinta e poucos? Quinze? Quantos anos tem aquele que encarnou o terror nesse
episódio?
“Estou com dificuldade para dormir, pai”...
Pretinha acordou com um barulho,
chegou a pensar que Noninha pudesse ter caído da cama e se deparou no corredor
com o homem abrindo a porta do quarto dos meninos.
Felizmente, o invasor evadiu-se,
depois dos gritos desesperados de minha filha. Cláudio conseguiu ligar para a
polícia que apareceu poucos minutos depois.
“Isso é muito comum”... Teria dito um dos policiais
presentes à ocorrência.
Quem é o sujeito que entrou, para
roubar, no apartamento de minha filha em madrugada de um dia da semana passada?
Um bandido contumaz, um
desempregado, um drogado?
Um jovem de quinze anos?
Hoje em São Paulo, pela manhã, eu
estava em um carro da empresa para qual presto serviços e o motorista, espontaneamente,
logo que eu entrei no veículo abriu como assunto a violência urbana.
Pouco tempo depois que nós saímos
do aeroporto paramos em um semáforo. Minha pasta estava sobre o banco traseiro.
De repente um homem abriu e fechou bruscamente a porta de trás de nosso carro.
O motorista ficou pálido e eu
catatônico. Segundos depois ouvimos insistentemente o início de buzinas para
que seguíssemos viagem já que o semáforo estava aberto. Não foi possível agradecer
ao motorista que vinha no carro imediatamente atrás do nosso que, vendo a porta
semiaberta, desceu e fechou a porta.
Terror.
Desnecessário abordar aquilo que
está incorporado à paisagem social. Enquanto lê este post você deve estar lembrando-se
de inúmeros episódios da violência do cotidiano com desfechos infinitamente
mais graves do que aquele pelos quais passou meus entes queridos.
Mas quantos anos tinha o sujeito
que invadiu o apartamento de minha filha em madrugada de um dia da semana
passada?
Quinze? Trinta? Trinta e poucos? Um
desempregado, um bandido contumaz, um drogado?
Mais uma vez a sociedade, à
distância, assiste passiva a um debate insosso do legislativo. Qual a idade do
criminoso deve ser limítrofe para que sobre ele seja imputada pena.
Vamos perder nosso tempo discutindo
soluções a partir dos efeitos de uma causa maior e mesmo que seja reduzida a maioridade
penal não debelará nosso terror.
O que importa não é a idade do
criminoso, mas as razões objetivas que o fizeram entrar para o mundo do crime.
Precisamos deixar de buzinar para
que sigamos viagem. Precisamos dar uma parada e ter coragem para tratar a
verdadeira raiz do gravíssimo problema.
Ontem aconteceu reunião dos
condôminos do prédio onde Pretinha mora. Provavelmente medidas serão tomadas no
sentido de nos iludirmos que, pelo menos ali dentro, estarão seguros.
Até breve.
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