quarta-feira, 20 de maio de 2015

PERCEPTOR



“Tudo o que eu preciso saber é que o homem é um ser humano. Isto é suficiente para mim, pois ele não pode ser nada pior!”. Mark Twain


Penso, contudo, que se faz importante recuperar a alegria, a leveza, a tranquilidade e a inefável certeza de tudo estar bem mesmo quando está tudo equivocado.


“A alegria é tudo o que consiste em preencher uma potência. A tristeza é quando estou separado de uma potência da qual eu me achava capaz, estando certo ou errado.

Qualquer tristeza resulta de um poder sobre mim. O ruim é o menor grau da potência. E o ruim é o Poder. O que é maldade? É impedir alguém de fazer o que ele pode, impedir que este alguém efetue a sua própria potência.

Portanto, não há potência ruim, há poderes maus. E, talvez, todo poder seja mau por natureza.
A confusão entre potência e poder é arrasadora, porque o poder separa sempre as pessoas, que estão a ele submissas, do que elas podem fazer.” (Gilles Deleuze)

“Evitemos as paixões tristes e vamos ao encontro da alegria para ter o máximo de nossa potência; fugir da resignação, a má consciência, a culpa, e todos os afetos tristes que padres e juízes exploram.” (Spinoza)


Meu colega de ontem estimulou-me a voltar a post.


“Nietzsche inventou a ideia de que os homens estão num estado de dívida infinita. Antes havia histórias de dívidas finitas, mas Nietzsche precedeu todos os etnólogos. Nas sociedades primitivas havia permuta de dívidas. Não funcionava tanto através da troca, como se pensava, mas por partes de dívidas: uma tribo tinha uma dívida para com outra tribo, etc. Eram blocos de dívidas finitas: eles recebiam e devolviam. A diferença com a troca é que havia a realidade do tempo. Mas quando as dívidas têm esse aspecto finito o homem pode se libertar.” (Gilles Deleuze)


Penso que um homem de letras é aquele que pode construir conjuntos de percepções e sensações que vão além de quem as sente. Ele tenta dar ao complexo de sensações uma independência radical em relação àquele que as sentiu.


“Ao revermos a história das obras de Van Gogh e Gauguin, observamos que para eles a abordagem da cor se fazia com tremores. Eles tinham medo! A cada começo de uma obra deles, usavam cores mortas. Cores de terra, sem nenhum brilho. Por quê? Porque tinham o gosto e não ousavam abordar a cor. O que há de mais comovente do que isto? Na verdade, eles ainda não consideravam dignos, não se consideravam capazes de abordar a cor, ou seja, de fazer pintura de fato.” (Gilles Deleuze)


Escrevo com medo.




Até breve.

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