“Tudo o que eu preciso saber é que
o homem é um ser humano. Isto é suficiente para mim, pois ele não pode ser nada
pior!”. Mark Twain
Penso, contudo, que se faz importante
recuperar a alegria, a leveza, a tranquilidade e a inefável certeza de tudo
estar bem mesmo quando está tudo equivocado.
“A alegria é tudo o que consiste em
preencher uma potência. A tristeza é quando estou separado de uma potência da
qual eu me achava capaz, estando certo ou errado.
Qualquer tristeza resulta de um
poder sobre mim. O ruim é o menor grau da potência. E o ruim é o Poder. O que é
maldade? É impedir alguém de fazer o que ele pode, impedir que este alguém
efetue a sua própria potência.
Portanto, não há potência ruim, há
poderes maus. E, talvez, todo poder seja mau por natureza.
A confusão entre potência e poder é
arrasadora, porque o poder separa sempre as pessoas, que estão a ele submissas,
do que elas podem fazer.” (Gilles Deleuze)
“Evitemos as paixões tristes e
vamos ao encontro da alegria para ter o máximo de nossa potência; fugir da
resignação, a má consciência, a culpa, e todos os afetos tristes que padres e juízes exploram.” (Spinoza)
Meu colega de ontem estimulou-me a
voltar a post.
“Nietzsche inventou a ideia de que
os homens estão num estado de dívida infinita. Antes havia histórias de dívidas
finitas, mas Nietzsche precedeu todos os etnólogos. Nas sociedades primitivas havia
permuta de dívidas. Não funcionava tanto através da troca, como se pensava, mas
por partes de dívidas: uma tribo tinha uma dívida para com outra tribo, etc.
Eram blocos de dívidas finitas: eles recebiam e devolviam. A diferença com a
troca é que havia a realidade do tempo. Mas quando as dívidas têm esse aspecto
finito o homem pode se libertar.” (Gilles Deleuze)
Penso que um homem de letras é
aquele que pode construir conjuntos de percepções e sensações que vão além de
quem as sente. Ele tenta dar ao complexo de sensações uma independência radical
em relação àquele que as sentiu.
“Ao revermos a história das obras
de Van Gogh e Gauguin, observamos que para eles a abordagem da cor se fazia com
tremores. Eles tinham medo! A cada começo de uma obra deles, usavam cores
mortas. Cores de terra, sem nenhum brilho. Por quê? Porque tinham o gosto e não
ousavam abordar a cor. O que há de mais comovente do que isto? Na verdade, eles
ainda não consideravam dignos, não se consideravam capazes de abordar a cor, ou
seja, de fazer pintura de fato.” (Gilles Deleuze)
Escrevo com medo.
Até breve.
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