sexta-feira, 22 de maio de 2015

PAUTA



Amanhã compareço a um almoço comemorativo ao aniversário de setenta anos de um grande amigo nosso. Quando fui redigir o cartão, que acompanhará um singelo presente, refleti que há setenta anos o mundo vivia o estertor de uma das maiores tragédias da humanidade.

A Segunda Guerra Mundial que ceifou mais de 73 milhões de vidas humanas entre combatentes e civis e que durou de 1 de setembro de 1939 a 2 de setembro de 1945.

O que pensavam os pais desse nosso amigo, que nasceu em maio, portanto pouco mais de três meses antes de terminar o horrendo conflito?

Recebi de uma ONG internacional uma solicitação de apoio, inclusive financeiro, para solidarizar-me com algo de proporções menores, mas tão hediondo quanto, que está acontecendo agora sob os nossos olhos e ouvidos.

“Os povos mais perseguidos de nosso planeta estão embarcando em verdadeiros "navios da morte" para fugir da violência e encontrar um lugar seguro para suas famílias. Em vez de responder com humanidade, porém, nossos governos estão fechando as fronteiras, deixando que essa gente morra de fome e se afogue no mar.

O Mediterrâneo e o mar de Andamão estão se tornando cemitérios.

Mianmar está expulsando o povo da etnia Rohingya e, com isso, milhares de famílias estão à deriva no mar, impotentes, forçadas a beber sua própria urina porque haviam sido rejeitadas pela Malásia, Tailândia e Indonésia. Todas as semanas, cidadãos sírios e africanos também correm o perigo de morrer afogados na costa sul da Europa ao arriscar a travessia assustadora, tida como a última esperança de escapar de tortura, fome e traficantes.

Estamos enfrentando a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, mas até agora os governos estão permitindo que pessoas morram em meio a um clima crescente de xenofobia.

O governo britânico permitiu que apenas 143 cidadãos sírios dentre 4 milhões de refugiados entrassem no país!

Trinta mil refugiados poderão morrer afogados apenas no Mediterrâneo neste ano. Estas famílias, que estão fugindo do terror e da miséria, têm como única opção escolher embarcar nestes barcos perigosos.”

Este é parte do texto que recebi da ONG.

Até hoje não consegui elaborar bem o filme de Win Wenders, O Sal da Terra, razão pela qual lavrei AGONIA, GADGET, ZSCHE e PERCEPTOR. Em extensão reli Deleuze, trechos de Spinoza, que só exacerbaram meu incômodo. Tentei sair pela tangente em Zsche, pura tolice.

Hoje pajeei Noninha e Tim, para que Pretinha fosse trabalhar. Amanhã, pela manhã quero muito estar com Antônio. Não consigo olhar para eles e não pensar em que mundo estarão vivendo daqui alguns anos.

Quanto à posts eu poderia escolher outros temas, contudo.

Postar, por exemplo, a respeito da onda que vem da Europa do crescente hábito do mundo masculino de urinar sentado ou, com peso de importância semelhante, o corte de R$70 bilhões do orçamento da União.

Opto pela amargura.




Até breve.

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