Assisti ontem ao Roda Viva na TV Cultura. Quem ficou na
berlinda foi o jornalista Ricardo Setti. Tem em seu patrimônio cinquenta anos
de militância como repórter e dirigente dos principais veículos da mídia
impressa em circulação no Brasil.
Ele disse que está abandonando a extraordinária
carreira – “Tranquei matrícula” – em benefício
da vida em família e do desligamento da atividade alucinante que é o
jornalismo.
Apontou a decadência da mídia
impressa, especialmente jornais, como formador de cultura e opinião, porque
ninguém consegue manter empresarialmente profissionais que tenham o gabarito
que uma mudança radical requereria.
Até algum tempo atrás uma
reportagem poderia levar, às vezes, um ano ou mais para ser concluída e
repórteres eram alocados para ouvir todas as fontes envolvidas no fato
jornalístico até vir a ser publicado.
A web e demais meios da mídia
eletrônica, passaram por cima. “O leitor
depara-se com notícias envelhecidas às cinco horas da manhã quando recebe o seu
jornal.” Todas elas já estão atualizadas minuto a minuto nos milhares de
sites de notícias.
Por outro lado a escrita já não é o
meio por onde passa a comunicação e quem nos aponta são os jovens, que preferem
imagem à textos, vídeos em profusão, a face não é mais um book.
Basta ler como escrevem essa
modernidade nos smarts, tablets essas coisas todas: kkkkkk... q... qdo...
etc...
A escrita foi pro saco. Imagem e instantaneidade
é o canal, morô?
A avalanche capitalista, em sua
natureza mais profunda, vai dragando referências históricas sem deixar
vestígios em ciclos cada vez mais curtos de seu processo seletivo dos melhores aparelhados para permanecerem em cena.
De um tudo.
Consumidores chineses invadem agora
o comércio no Japão, comprando por preços muitos mais baixos do que seu país de
origem e em qualidade infinitamente superiores.
A Índia, bola-da-vez, vem aí com
tudo.
Sem falar dos meios tecnológicos
construídos por cientistas cada vez mais alimentados por interdisciplinas
disponíveis em códigos abertos. Sete por cento dos produtores de conhecimento
em todas as áreas estão mortos, noventa e três estão vivos e produzindo
conhecimento agora para acelerar ainda mais o ciclo de tudo que está aí.
A tristeza fica para os saudosos,
os conservadores, os velhos. Como eu, que perdi no dial do meu carro um canal:
96,5 FM. A rádio que tocava o bom gosto.
Se querem saber assistam ao vídeo: DESPEDIDA
Até breve.
Lembrei desse poema de Drummond...
ResponderExcluirhttp://cemnasleituraem.blogspot.com.br/2011/11/receituario-sortido-carlos-drummond-de.html?m=1
Tampax. Obrigado pela contribuição.
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