Quando o ônibus entrou na ampla
garagem do suntuoso edifício achei que estávamos chegando para visitar um museu
de arte moderna. Só que o prédio é a base de operações do grupo ANTINORI
CHIANTI em Bargino.
A obra, em arquitetura soberba,
consumiu investimentos de US$130 milhões, 80% deles capital da família e 20%
recursos vindos da Comunidade Econômica Europeia. 44.000 m² de bom gosto,
refinamento estético e engenharia de métodos construtivos ultramodernos.
Tudo é belo na sede até as
escadarias que dão acesso aos pisos superiores com esculturas de vanguarda,
bioesferas transparentes, dentro das quais vivem plantas sem água e sem terra.
Degustamos os vinhos Villa Antinori
Chianti Clássico Riserva, Marchese Antinori Chianti Clássico DOCG Riserva e
Badia a Passignano.
Data de 1180 o documento de
registro de compra da primeira gleba de terras pela família Antinori, mas
somente em 1335 é que Rinuto Antinori inscreveu a vinícola na corporação dos
produtores de vinhos. Hoje, na 26ª geração, possuem dois mil hectares de vinhedos, 25 vinícolas, entre elas duas na Califórnia, uma no Chile, uma na Hungria e uma na Romênia.
Nos “salões de exposição de arte” na unidade de Bargino, eles mantém 50
tonéis em aço com capacidade de 18.000 litros (cada) nos quais ocorre, ao longo
de nove meses, o processo de fermentação. Depois passam para tonéis de madeira,
adormecendo por doze meses. Retornam aos tonéis maiores onde ocorre a blindagem
para produção dos vinhos tinto e branco.
A vinícola produz hoje 9 milhões de
garrafa/ano na Toscana e outros 9 milhões/ano no resto da Itália e nas demais
instalações fora do país. Para tanto, só na unidade de Bargino são colhidas
nove mil toneladas de uva das quais 350 toneladas são processadas por dia.
A curiosidade da galeria de arte é o Vinho Santo de cor
âmbar e reflexo dourado, três a quatro anos de envelhecimento em barricas
(caratelo) de 18 a 60 litros de capacidade cada. São necessários três quilos de
uvas frescas, que se transformam em um quilo de uvas passas (secas) para
resultarem em vinho a ser colocado em garrafas de 750ml.
O vinho santo é produção imposta
pela tradição da família Antimori, restrita a seis mil garrafas/ano que são
comercializadas exclusivamente na Itália. Ao mastiga-lo sente-se a glicerina
tomar todas as paredes da boca. “Ai, que
frescura, Gesu”!
Depois de Antimori Chianti seguimos
para o CASTELLO DI AMA. Outra vinícola que foi buscar inspiração na arte
contemporânea para compor o seu conceito. Fora e dentro das instalações da
vinícola harmonizadas com barris estão expostas as obras de ousados e
provocadores artistas.
Três delas me chamaram atenção
especial: a primeira, instalada a 20 metros de profundidade, onde dezenas de
barricas adormecem o sagrado líquido, há uma palavra escrita em letras
garrafais em luminoso neon fixado na parede: NOITULOVER. Tudo advém de um mal
estar revolucionário e movido pela paixão. (O luminoso deve ser lido da direita
para a esquerda).
Nos jardins do Castello di Ama um
artista cubano expõe em miniatura seis muros: China, Alemanha, USA/México, Austrália,
Malta e as muralhas de contenção do mar em Havana. Título: Os Muros da Vergonha. Impactante!
A terceira obra está espalhada por
todas as paredes da cantina. São inscrições de frases, poemas e outras sacadas
em nanquim.
Degustamos quatro vinhos diferentes
acompanhados de queijos, enchidos e azeite.
À tardinha fomos ainda a San
Gimignamo, uma verdadeira joia medieval com suas torres de pedra.
Fecho o post com uma das inscrições
pintada em uma das paredes do Castello di Ama.
Até breve.
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