Veneza nunca foi invadida. Esteve
sempre protegida, flutuando sua história sobre as lagunas do Mar Adriático.
Formada por 118 ilhas, que são
alagadas de outubro a fevereiro, e por seus edifícios construídos sobre estacas
de madeira naturalmente petrificadas pelo tempo.
Ímpar cidade foi fundada no século
VII d. C. e hoje tem vida normal (?) para seus 60 mil habitantes (em 1500 eram
150 mil e em 1960 120 mil) embora receba turistas, por ano, cinco vezes mais do
que todas as cidades do Brasil juntas.
Veneza recebe todos os anos cerca
de 25 milhões de pessoas vindas do mundo inteiro.
Nas ruas e vielas desfrutam das
paisagens inigualáveis caminhando em dois sentidos, alertados pelos gritos de
ATENZIONE vindos dos carregadores de produtos para as lojas, bares e
restaurantes.
Aqui surgiram os primeiros bancos e
companhias de seguros, sendo que o primeiro cheque foi emitido para honrar a
compra no mercado instalado ao lado de uma das principais das 400 pontes
existentes na cidade, a Ponte Rialto.
A Igreja de São Marcos, construída
em 1094, apresenta 8.000m² em mosaicos, cuidadosamente aplicados sobre as paredes
e o piso. Para fazer a decoração destes mosaicos gastou-se mais tempo do que
construir toda a igreja.
Ela é considerada a mais bizantina
de todas as igrejas já que foi inspirada em mesquitas de Istambul.
Sei que estes registros de viagem
são muito superficiais e servem mais a mim do que a qualquer leitor, por mais
interessado que ele possa estar.
Fiquei a pensar sobre, já que este é
o último post dedicado a esta temporada que se encerra hoje, quando voltamos ao
Brasil com escala em Lisboa.
Há ainda um registro, no entanto,
que levo daqui como um retrato do tempo presente. Em várias das ruas
movimentadas de Veneza, assim como em Florença e mesmo em Roma, observei
refugiados em frente a lojas de marca vendendo cópias de produtos produzidos, a
maioria na China, provavelmente por escravos.
O privilégio de estar aqui não
encobre o mal estar por esta brutal e evidente realidade. O mundo não nos
permite o frugal. Ninguém tem mais o direito de gozar a vida impunemente.
O real é trágico e contundente.
Até breve.
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