Os literatas que se cuidem. Uns
amigos das letras mandaram três contos meus para uma editora avaliar.
Fico preocupado. Vai que a editora
goste e eu tenha que mandar outros para dar volume e virar um livro a ser
publicado. Sempre que entro em livraria fico a pensar em que um dia possa ter
um meu entre os demais.
Ando matutando um romance, de
folego.
A história se passará em uma cidade
perdida próxima a um lago que seca. Boa parte da comunidade já teria ido
embora, deixando os que resolveram ficar com um resto de esperança qualquer.
Até que chega à cidade um
forasteiro, vindo de uma cidade desconhecida.
Alheio à vizinhança, que o observava
reformando uma casa que fora ocupada por alguém que a abandonara, ele
cantarolava canções de letras incompreensíveis.
O que resta da comunidade começa a
se reunir para impedir que ele continue a reforma e permaneça na cidade. Os
líderes do movimento temiam que outros forasteiros pudessem invadir a cidade e
reconstruí-la.
Assim, os adeptos encontram na
resistência à empreitada do homem que chegara, motivos para com que se
ocuparem.
Passam-se anos, voltam as chuvas o
lago se restabelece e os antigos moradores da cidade perdida começam a retornar
às suas casas. Inclusive os donos daquela que um dia o forasteiro havia
ocupado, agora reformada e com um belo jardim à frente e pomar de variados
frutos na parte dos fundos da moradia. Cercas de tiras de madeira entrelaçadas
fazia divisa com vizinhos.
A narrativa abordará os primeiros
meses da chegada do forasteiro, o encontro fortuito com uma mulher da cidade,
ex-esposa de um dos líderes da comunidade, o nascimento dos filhos e a maneira
com que ele conseguiu reunir os meios para a sua sobrevivência e da família que
crescia a cada ano.
Enxertando a trama que, do meio prá
frente, ou seja, perto ali da página 256 contemplará tantos outros personagens
secundários que de uma forma ou de outra estarão vinculados à luta do
forasteiro para manter-se na cidade e impedir que seus filhos sejam rechaçados
pelos dos demais moradores.
Dois comissários de polícia, um do
bem e outro corrupto; dois homossexuais e um pedófilo, dois ex-presidiários que
haviam assassinado um dos padres que professavam a fé na paroquia da cidade;
uma prostituta na ativa e outra aposentada que cuidava do bordel; um dos filhos
do padre assassinado com a esposa de um dos assassinos; bêbados frequentadores
de um bar vizinho à casa reformada; um homem manco que vagava pelas ruas com a mesma
edição (em frangalhos) de um jornal da capital que noticiara a descoberta da
cura para uma doença rara que havia cometido uma de suas filhas que teria
morrido logo depois da festa de seus quinze anos; outros tantos personagens que
não trarei aqui e, ainda, uma velha paraplégica que circulava pelas ruas da
cidade, em dois expedientes (antes e depois do almoço) para coletar fatos e
dados do quotidiano e à noite obrigar um irmão vagabundo a escrever posts em um
blog relatando o produto das pesquisas da insana mulher.
Próximo do fim da narrativa a
cidade volta a amargar uma cruel estiagem levando a um novo êxodo. O antigo
forasteiro decide migrar, levando suas canções de letras incompreensíveis, para
outra cidade perdida.
Quinhentas e tantas páginas para
refletir sobre a efemeridade das conquistas e da vida. Quanto ao título, não
tenho ainda. Como sempre, só coloco quando termino o texto.
Aguardem, portanto, dependerá da
validação da editora para a qual os meus amigos das letras mandaram três dos
meus contos para avaliação.
Até breve.
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