quarta-feira, 29 de abril de 2015

CRISE



Ontem me surpreendi com uma ligação de uma operadora de cartão de crédito da qual sou cliente. O rapaz, muito educado, me consultava porque eu, nos últimos trinta dias, havia realizado tão poucas despesas. “Está acontecendo alguma coisa?”

Atendo muito pouco à telefones fixos, geralmente são ligações que vão melhorar a minha vida e eu, por convicção, sempre acho que, quanto pior, mais eu me movimento. Não sei por que fiquei mais de segundos com o rapaz na ligação de ontem. Por momento achei que estava com alguém daquelas instituições que ligam para pessoas desesperadas para aplacar a dor da lida.

Pensando bem ele tem razão, afinal está tudo correndo como sempre, porque eu não continuo realizando os meus consumos correntes?

O BRADESCO fechou o trimestre com R$4,2 bi de lucro, o SANTANDER com R$1,6 bi, e a CIELO com R$0,9 bi. O governo fechou também o primeiro trimestre com superávit (receitas-despesas) de R$1,5 bi. Tudo bem, caiu 63,8% em relação ao trimestre anterior, mas com toda a sanguessuguice da bandalha ainda sobrou dinheiro para gastar, cumequié que comigo num fecha?

Outra evidência do quadro de normalidades é de que afinal colocaram um freio no juiz Moro, lá de Curitiba. O STF considerou que os nove executivos que foram liberados ontem “são casados, tem filhos, netos, vivem do suado trabalho e não ostentam periculosidade, podendo viver em sociedade”.

A liberação vai atenuar a crise na medida em que não ocorrerão mais delações premiadas, como ameaçam capa de VEJA do último domingo, o que é muito bom para o processo de normalidade pelo que clama o país.

Os mesmos continuam tramando naquilo que dizem governança. Não há novidades que possam implicar em mudanças.

Há feiras concorridíssimas para resolver a questão das dívidas das pessoas físicas que saem entusiasmadas com a negociação. Juros de mais de 350% ao ano caem pela metade, aliviando por demais as contas dos compulsivos consumidores que, uma vez sanadas as suas pendengas voltam, quem sabe, para as lojinhas no Dia das Mães, namorados...

Boralá, bradescos...

Há cinquenta anos, nascia o novo Brasil – ops, Desertisland! - visto pelos olhos da telinha e que há razões de sobra para comemorar e desenhar o futuro.

“Então, porque o senhor aí reduziu as suas despesas?”



Até breve.

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