Mas eu não vou embora não, pelo
menos por agora.
Arnaldo Jabor em sua crônica de
hoje (AUTOR)
escreveu: “Outro dia, achei um livro de
Agripino Grieco, um dos grandes polemistas do início do século 20 e demolidor
dos burros e farsantes. E ele diz numa entrevista de 1944: ‘A obra dos
escritores vale pela forma em que está vazada, pela ironia, pela irreverência,
pelo que possa representar de negação dos valores oficiais. O que vale é a
forma”.
Pois é.
Na mesma crônica Jabor escreveu: “Não aguento mais falar de política, de escândalos
e de punições. Nossa política está tão despedaçada quanto a nossa cabeça
cultural. São conceitos ralos em nossa rala realidade. A mutação cultural dos
últimos anos foi tão forte, a revolução digital foi tão completa no mundo
pós-industrial que dissolveu crenças e certezas. Caímos num vácuo de rotas”.
...
Notícia de hoje no Globo dá conta
quê:
“Melhor morrer de vodca do que de tédio”. A frase está publicada como uma
das ‘citações favoritas’ na página do Face book do estudante Humberto Moura
Fonseca, de 23 anos, que morreu, no último sábado, depois de consumir de 25 a
30 doses de vodca durante uma festa da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita (Unesp).
A frase em questão foi cunhada pelo poeta russo Vladimir Maiakovski. Está
na página de Humberto logo acima de outra, "A ciência sem religião é coxa,
a religião sem ciência é cega", do alemão Albert Einstein.
...
O mundo não está para calouros. Os
veteranos não suportam a ideia de que algo de novo sobrevenha. Em todas as
dimensões da Vida ela se mostra coxa e cega. O tédio, não é o tédio derivado do
ócio ou da desesperança, ele deriva da absoluta impossibilidade de furar a
barreira imposta pela avalanche disforme da modernidade.
Estamos sendo dragados por “monstros”
imperceptíveis que ocupam sorrateira e cruelmente nosso cotidiano, vitimando
valores, crenças, conceitos, nossas criações artísticas, nossa cultura.
Não, Jabor, nossa realidade não tem
nada de rala. Ela é cada vez mais densa, brutal e banal. Não há nela nada que
signifique e aí reside a sua densidade. Nada é e tudo é, portanto tudo é nada.
Encontrar-se sempre foi a ventura
humana. E hoje, aventura de blade runners,
ensandecidos a procura de um autor. Nos falta, Jabor, autoridade para que
possamos encontrar nossa alteridade.
Até Deus perdeu sua Forma.
Até breve.
"O senhor espere o meu contado. Não convem a gente levantar escândalo de começo, so aos poucos é que o escuro é claro." (ROSA)
ResponderExcluirUm comentário desse é balsâmico.
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