Fico em dúvida se foi um pesadelo
ou reflexões em período de sonolência mórbida.
Acontece assim:
Estamos todos diante de um grande
salão onde se encontram os delatores e os delatados. Eles não nos veem, mas nós
os vemos através de uma chapa de vidro transparente e os ouvimos por um sistema
de som.
Os depoentes são coordenados por representantes
do Ministério Público, Polícia Federal, Procuradoria Geral da República, Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito, Comissão Parlamentar de Inquérito e Supremo
Tribunal Federal.
O país todo acompanha.
Os delatores iniciam apontando os
fatos, os dados e as pessoas envolvidas. Valores, forma de contratação e
pagamento, citam datas, locais, números de vezes, enfim tudo o que na versão de
cada um teria acontecido no período entre o ano tal até o ano tal.
Os delatados ouvem pacientemente,
alguns com certo deboche, outros sonolentos e quando incitados a se
pronunciarem repetem um mantra:
- Tudo que os depoentes disseram é
mentira! Em todos os anos de minha vida pública todas as denúncias e processos
que abriram contra mim foram arquivados por falta de provas.
Assessores entram no recinto com toneladas
de pastas de processos envolvendo inúmeros documentos, depoimentos, provas
físicas, gravações já periciadas, que atestam para qualquer cidadão por mais
ingênuo que seja a veracidade e confiabilidade das denúncias.
De repente tudo para, como naquela
brincadeira de criança em que dizíamos aos nossos amigos ESTÁTUA e todos tinham
que ficar da forma que estavam quando foi dado o comando.
Muda a cena de meu pesadelo ou de
minhas reflexões em períodos de sonolência mórbida.
Agora estamos em outro salão onde
passeia o Juiz que condenou à expropriação de bens com um carrão do réu
extrintabilhionáriodaforbes e do capô que, de repente se abre por força de um
saculejo, voam as notas de dólares e euros surrupiados pelo sua Eminência
Causídica do mesmo réu envolvido em meteórica e histórica trapaça.
De repente tudo para, como naquela
brincadeira de criança em que dizíamos aos nossos amigos ESTÁTUA e todos tinham
que ficar da forma que estavam quando foi dado o comando.
Ontem à noite fui visitar o Bê (meu
filho mais novo), em sua nova casa e me surpreendi porque pelos arredores
soavam gritos, sons de panelas sendo batidas, apitos, alvoroço total.
Só hoje entendi, quando li os
jornais do dia que o mesmo teria ocorrido em várias regiões do país e eram para
acordar as estátuas e continuarmos a brincadeira.
Fiquei mais tranquilo. Noninha
sempre me diz: “Vovô, você inventa cada
coisa”...
Até breve.
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