sexta-feira, 20 de março de 2015

DROGA



Participei ontem de um jantar com grupo de pessoas com as quais farei uma viagem à Itália proximamente.

Ao meu lado, sentou-se uma ex-autoridade pública do setor de educação, hoje prestando consultoria para governos de outros países. Disse-me ela que, embora tivesse recebido inúmeros convites federais, estaduais e municipais, declinou de todos.

- “Preciso desintoxicar-me”...

Não era o momento, claro, para abordá-la ansiando saber da experiência, mas foi ela mesma quem se abriu como se oportunizasse a ocasião para um desabafo comovente.

- “Estou desolada com tudo o que andam fazendo nesse país... Tivemos tanto trabalho para fazer muito aquém do que necessitamos... Estão destruindo o pouco que fizemos”...

Procurei nos posts anteriores ousar um diagnóstico e um prognóstico. O título dos posts DE AGNÓSTICO e PRO AGNÓSTICO ensejam a provocação com a ênfase em agnóstico.

Alguns dos agnósticos mais famosos são: Albert Camus, Bill Gates, Charlie Chaplin, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Brad Pitt, Charles Darwin e Albert Einstein.

O escritor argentino Jorge Luís Borges afirmou sobre o agnosticismo: "Eu não sei se tem alguém do outro lado da linha, mas ser um agnóstico significa que todas as coisas são possíveis, mesmo Deus. Este mundo é tão estranho, tudo pode acontecer, ou não acontecer. Ser um agnóstico me permite viver em um mundo mais amplo, em um mundo mais futurístico. Isso me faz mais tolerante”.

Longe de eu querer entender e falar sobre, só que está mesmo complexa a tarefa de construir um pensamento sobre as atualidades. E olha que eu sou tolerante. Em meio a tantos bombardeios de notícias, fatos, factoides, versões, pareceres, sobra pouca chance para uma razão conclusiva.

Tudo e nada pode acontecer, simplifica por demais. Prefiro trabalhar na tese de que há algo que precisa acontecer e, mesmo que modesta, dar uma contribuição para que efetivamente uma utopia seja possível.

Foi o que procurei dizer à minha desolada companhia no jantar.

- “Não desista, por favor,”...

Ao final do jantar, quando já nos despedíamos, a ex-autoridade pública em Educação apertou a minha mão e disse:

- “Vou precisar de seis meses, mas sei que a missão é tóxica”!


Até breve.


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