A rádio vivia na penúria
financeira, mas todos se propunham audácia. Resolveram transmitir, pela
primeira vez na história, um espetáculo dominical de um circo que acabara de se
instalar na cidade fazendo maior alarde de audiência.
Desprovida de equipamentos coube a
um jovem abnegado recém-chegado a emissora a procura de um aparelho raro, na
época, que pudesse ser colocado no picadeiro: um microfone sem fio.
O jovem ficou sabendo que um judeu
comerciante era proprietário do único aparelho existente na cidade. Foi ao
encontro do sujeito, pediu por empréstimo e não foi atendido. Por aluguel
também não. Propôs, então, através de permuta por comerciais inseridos na
programação da rádio. O comerciante aceitou sobre a condição de que o microfone
fosse devolvido na segunda-feira.
No domingo, dia do espetáculo, a
equipe técnica da rádio instalou o microfone sem fio no piso do centro do picadeiro,
local avaliado como o melhor para a captação de som.
A programação contemplava a entrada
de palhaços no início do show. A equipe técnica da rádio pediu a eles que
tivessem o máximo cuidado ao fazerem suas peripécias para não danificar o
microfone.
Por razões desconhecidas o diretor
do circo mudou o script e mandou que elefantes fizessem a abertura triunfal do
espetáculo.
Pois é, não houve transmissão radiofônica
naquele domingo.
Na semana seguinte o jovem foi
intimado a comparecer à delegacia para devolver ao comerciante judeu o
microfone sem fio. Depois de longo debate entre os envolvidos a rádio, na
pessoa do jovem teve que assinar Notas Promissórias no valor de compra do
aparelho.
Essa foi uma das muitas estórias
que iluminaram nossos passeios pelas ruas e vielas de Roma trazidas por um dos
companheiros de viagem, protagonista de uma série de passagens romanescas ao
longo de seus quase oitenta anos de vida.
Deixamos Roma hoje cedo, com certo
pesar. A cidade, hoje com mais de seis milhões de habitantes, vive um grave
problema de mobilidade urbana e concluiu somente agora a terceira linha de
metrô (Paris e Londres têm quatorze cada uma).
A questão é que sempre que se fura
um buraco em Roma, depara-se com uma nova ramificação da cidade subterrânea. A
linha C do Metrô prevista para ser entregue em 2007 só foi concluída agora
porque no processo de escavações foram encontradas inúmeras relíquias que
atrasaram sistematicamente o andamento das obras.
Roma, essa cidade construída por
papas (pontes, palácios, prédios públicos, teatros, museus, estádios) vive até
hoje saudosa de Wojtyla.
Ele visitou por diversas vezes
todas as igrejas existentes em Roma falando diretamente aos fiéis. Era visto,
com regularidade, passeando como cidadão comum pelos arredores da Basílica de
São Pedro.
“Arrivederci Roma... Good bye... Au revoir”...
Hoje começamos a nos deliciar Toscana
adentro.
Até breve.
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