domingo, 29 de março de 2015

CASA



Voamos TAP.

Fui seduzido, ao longo de todo o voo, pela música lusitana. Coloquei o fone em um dos ouvidos da comissária e perguntei-lhe o nome de quem estava cantando: “Ana Moura”, ela me disse. “É uma de nossas melhores”. Quando desembarcamos em Lisboa, em conexão para Roma, fui direto a uma loja no aeroporto e comprei três CDs da intérprete.

Pousamos no início da noite na Cidade Eterna. Rômulo, que matou o irmão Remo, fundou-a em 753 a. C. na Colina de Palatino, uma das sete colinas da região. As outras são: Campidogno, Viminale, Quirinale, Esquilino, Celio e Aventino.

Romulo foi o primeiro dos sete soberanos que governaram em Monarquia até o ano de 509 a. C., quando Roma transformou-se em República conquistando a partir daí todo o mundo mediterrâneo.

Em 31 a. C. conquistou o Egito e inaugurou o Império Romano que durou até o ano de 478 d.C.. Vários monumentos ainda hoje existentes espalhados pela cidade, principalmente obeliscos, foram trazidos do Egito e instalados em Roma.

Inúmeros desses monumentos podem ser considerados símbolos da história romana, no entanto, talvez o que mais a caracteriza seja o Arco Constantino, erguido à frente do Coliseu e inaugurado em 315 d. C.. Celebra o triunfo de Constantino sobre o último imperador pagão: Massenzio. Constantino teria se convertido ao cristianismo na noite anterior do último combate e mandado desenhar, nos uniformes dos guardas de seu exército, a santa cruz.

Após a vitória ele mandou construir, à frente do Coliseu, o primeiro monumento da história cristã: o Arco de Constantino.

Assim Constantino mudou a história do mundo quando cessou a perseguição do povo cristão que, até então, vivia em catacumbas ou era “servido” aos animais em espetáculos no Coliseu.

O Coliseu, máquina perfeita para produção de espetáculos, construção elíptica de 189m por 154m por 52 metros de altura, consumiu 340 toneladas de mármore e aplicou ao longo de onze anos (entre 69 d.C. até 80 d. C.) cerca de 45 mil escravos. Ao redor de todo o Coliseu foram colocadas 160 estátuas de bronze representando divindades politeístas.

Até 313 d.C. os espetáculos eram entre homens versus homens, quando o Imperador Vespasiano determinou que as lutas poderiam ser apenas entre homens e animais. O Coliseu abrigava até 65 mil espectadores. Os espetáculos duraram até o ano de 476 d.C..

Apesar de gigantesco ele não foi o maior estádio de Roma, mas sim o Circo Mássimo inaugurado em 520 d. C. em mármore travertino, abrigava até 280 mi espectadores e, até hoje, é considerado o maior estádio da história humana.

Não sei por que insisto em fazer esses parcos e imprecisos registros, mas ao longo do dia de hoje fui bombardeado por tantas informações que tornou-se impossível não fazê-lo. Sei que o que fala em mim mais alto não são os dados concretos, mas a história humana que carrega cada um deles.

Por exemplo, saber que Nero tendo governado Roma entre 53 d. C. e 64 d. C. teria mandado incendiá-la e 11 dos 14 “bairros” foram destruídos.  Ele mandou construir seu palácio em uma área de 120 hectares, compreendendo a extensão de quatro das sete colinas. A frente ergueu sua estátua em ouro maciço com 36 metros de altura.

“Felizmente agora posso morar em uma casa digna de um homem humilde”, teria dito quando concluiu a obra.

Poucos meses depois  Lucullus, um escravo, o matou com doze punhaladas. O Senado então mandou destruir toda a residência e o novo imperador Vespasiano destruiu o lago artificial e mandou edificar ali o Coliseu.

Vespasiano mandou que fosse cortada a cabeça da estátua, reciclado o ouro e que esculpisse a sua em nova estátua. Alguém perguntou ao Andrea, nosso guia, o que teria acontecido com o resto da estátua. “As mulheres eram como as mulheres atuais”, respondeu com um sorrisinho maroto.

A Itália, como país, não existia até 1870. Era um mosaico de vários estados. Roma, por exemplo era um estado da Santa Madre Igreja. Foi unificada pelo rei Vitório Emanuel I e viveu sob a monarquia até 1945, terminada a II Grande Guerra quando foi instalada a Primeira República Italiana.

Só mesmo depois da década de 50, com a televisão pública, que se expandiu a língua italiana com base especialmente no dialeto florentino. Portanto, Itália como país, é mais jovem que o nosso.

Mesmo eu deveria era ter falado do nosso jantar ontem no Ristorante Da Meo Pataca, localizado em um bairro boêmio da cidade. Para quem esperava que eu desse alguma dica sobre Roma podem apostar nesta. Peçam Massa Mista, imperdível.

Tem mais consistência e sabor do que todo o resto do post.



Até breve.

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