quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CARNASAL



O jurista paulista Luiz Flávio Gomes em artigo (*) nos traz que: “levantamento realizado pelo Instituto Avante Brasil, com dados disponibilizados pelo InfoPen, mostra que o crescimento da população carcerária nos últimos vinte e três anos anos (1990-2013) chegou a 507% (de 90 mil presos passamos para 574.027). A população brasileira, nos anos indicados, cresceu 36%.

O número de presos condenados cresceu 336%. Já o número de presos provisórios, responsável pelo abarrotamento dos presídios brasileiros atualmente, aumentou 1.231% (no mesmo período). Ou seja, o número de presos provisórios cresceu treze vezes, enquanto o de presos condenados aumentou apenas quatro vezes.

Usa-se a prisão cautelar como pena antecipada; a prisão cautelar, no século XXI, é, em grande medida, o equivalente imoral da Inquisição nos séculos XVI-XVIII. Forma de contenção social (de controle social) de um determinado segmento da sociedade.

Quem não tem capitalismo distributivo, melhoria da qualidade de vida para todos, distribui dor e sofrimento, pancadaria e tortura, prisões e extermínios. Seja para as vítimas, seja para os detidos.

Por outro lado o Brasil é um dos poucos países do mundo que está fechando escolas para abrir presídios. Estudo realizado pelo nosso Instituto Avante Brasil verificou (a partir dos dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que no período compreendido entre 1994 e 2009 houve uma queda de 19,3% no número de escolas públicas do país, já que em 1994 tínhamos 200.549 escolas públicas contra 161.783 em 2009. Em contrapartida, no mesmo período, o número de presídios aumentou 253%. Em 1994 eram 511 estabelecimentos, este número mais que triplicou em 2009, com um total de 1.806 estabelecimentos prisionais”.


O Instituto Data Popular, por sua vez, publicou pesquisa realizada em 150 cidades com 3000 pessoas consultando sobre qual deveria ser a profissão mais bem remunerada no país. Adivinhe: pois é, deu professor. Nós nunca vamos aceitar que essa classe deveria se contentar com o que ganha, entendo que professorar é um apostolado de fé e, como tal, essa gente deveria considerar-se privilegiada por poder dar sua modesta contribuição ao desenvolvimento da Nação.

Invadir a Assembleia Legislativa no Paraná é um exemplo abominável para o exercício da cidadania. Privar nossos legislativos de sua profícua e ilibada atividade é repulsivo e condenável.

Afinal, professor não é nenhum ex-presidente recente do Banco do Brasil, agora Presidente da Retrobrás, que receberá aposentadoria mensal de ínfimos sessenta e poucos mil reais, amealhada exclusivamente para si próprio por força de norma interna baixada pelo executivo quando na presidência do BB. Caixas, atendentes e demais colaboradores que se lixem!

Não há o que reclamar, portanto, nossas crianças e adolescentes estão mais felizes por não ter que ir para escolas e poder ficar mais tempo na vadiagem. A sociedade afinal está mais segura na medida em que os criminosos estão na cadeia fazendo seus programas de ressocialização para que, no futuro, sejam reincorporados como cidadãos do bem.

Enquanto isto vamos ter, ainda neste semestre, a tão esperada reforma política liderada, na Câmara e no Senado (quem diria?), pelo partido da Mudança: Mudar sempre para continuar sempre do mesmo jeito que foi sempre para sempre.

E o Povo?

O Povo continua às margens plácidas do Ipiranga (sem água) alheio à Corte e certo de que não há nenhum problema que não se possa resolver em futuro próximo.

E não me encham mais o saco que eu estou em espírito de folia e vou entrar de cabeça e sem camisinha.

"Alaláôôô..."

Não sei se a ironia (veja em TERROR) seria a melhor estrutura para este post, mas é que...


Até breve.


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