“Hitler e Goering, fundador da Gestapo, comandante da força aérea,
viciado em morfina e ladrão de obras de arte, estão no topo de uma torre de
rádio em Berlim onde avistam toda a cidade. Hitler diz que ele gostaria de
fazer alguma coisa para colocar um riso nos tristes rostos dos berlinenses.
Goering reflete por um instante e sugere: Por que você não pula?” (Trecho da
coluna Riso do Riso de Roberto
Damatta publicada nos jornais de hoje).
...
Em criança minha alternativa foi
ser palhaço. Inúmeras razões desde as justificadas pela penúria familiar até aquelas
decorrentes dos incontáveis desentendimentos entre os membros. Afora os
dissabores de variadas montas e repercussões.
Enfim, pedreira.
Eu inventava personagens, imitava
comediantes, ridicularizava políticos, traquinagens que faziam minha mãe chorar
de rir, além de perder o controle fisiológico. Não foram raras as vezes em que
ela saiu pela casa a procura do banheiro com a urina escorrendo entre as
pernas.
Mas eu não era feliz. Desde sempre
soube porque produzia minhas performances e o cerne do conteúdo de minhas
escolhas. Era preciso e, talvez, só eu mesmo no universo familiar, fosse capaz
de drenar os espíritos.
Quando me descobri “escritor”
escrevi horrores, somente horrores, incontáveis lamentos contidos e
censuráveis, quase demoníacos. E os guardei por décadas nas entranhas da razão
e da sensibilidade.
A vida adulta me colocou muito cedo
na lida. Era preciso “ganhar” o pão de cada dia, constituir família, tratar-me.
Os caminhos percorridos foram e ainda são muitos mais tranquilos do que eu
pudesse merecer e me permitiram tudo.
Ontem, pelo que escrevi nos últimos
posts, alguém me mandou WhatsApp.
- “Humor...”
Pois é.
Até breve.
Leia a coluna: RISO
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