segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

RECAÍDA




Esqueçamos, por um momento, as questões macro, dos outros, do entorno maior e cuidemos das nossas. Deixemos mesmo as questões locais, tanto do âmbito federal, quanto estadual e municipal. Coloquemos de lado nosso bairro, nosso condomínio, nossa casa e seus demais habitantes.

Cuidemos do Eu.

Quando resolvi me exilar e ter o blog como meu porta-voz, achei que poderia encontrar ressonâncias, apoios, reforços de estímulo. Não é o que vem acontecendo. Alguém sugeriu que eu fosse a outro veículo da rede (face, talvez), mais dinâmico, para poder fazer a minha militância critico-intelectual.

Durante os já quase quatro anos do dasletra (faço em maio) produzi meu discurso sem a menor censura e esgotando os limites de minha criatividade e do meu saber. Procurei, especialmente no tema OLHAR, dizer de uma perspectiva analítica sem nuances de qualquer escola, partido, religião, time, gueto.

Hoje amanheci pensando se me vale a pena seguir com as janelas abertas.

O contemporâneo nos assalta com uma evolução tecno-científica quase ficcional, mas continuamos as mesmas bestas de sempre, lobos de nós mesmos. Há uma repetição demoníaca nos fatos, nada evolui, antes pelo contrário.

Por que interessaria estar permanentemente falando deles se em mim, como em tantos outros, nada causa? Os horrores, mesmo em mim, não duram mais do que uma semana de estupor. Fenecem diante de outros e outros, ainda.

Estou com Alzheimer, assim como suponho estarmos todos?

De novo me incomodo com meu niilismo, quase absoluto. Minha descrença, desesperança, incômodo por falta de uma utopia a qual eu possa me vincular. Perto de mim há quem diga que eu deveria mesmo era estar ocupado em construir saídas, propostas objetivas, picadas, avenidas, trilhas e não jactar denúncias.

Deixar o cômodo estilingue e edificar coberturas e suas vulnerabilidades. Fazer como os santos que, apesar, perseguem.

Embora reconhecendo estar em um tempo que se assemelha à Idade Média, buscar algo que Iluminismo advenha, com a pretensão de dar saídas.

Meu coração é pouco e meu cérebro preguiçoso, indisciplinado, quase vagabundo.

Esse janeiro abre em mim outro ciclo, no próximo mês estarei a sete anos de minha inimputabilidade.

Tenho pouco tempo para me resolver e seguir, apesar.

É que, hoje, amanheci pensando se me vale a pena seguir com as janelas abertas.



Até breve.

3 comentários:

  1. Mesmo correndo risco de vida, a possibilidade de se expressar da forma que quiser, sempre vale a pena...

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  2. Ainda que não tenha tido "ressonância"por aqui, creio que leve a muitos refletir sobre o que leem.
    A liberdade de dizer alivia a ambos. Ou não ?
    Torço para que continue.

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  3. Não feche as janelas, abra outras ainda.

    Não me refiro aqui somente as virtuais. Já viu, pessoalmente, uma criança num lixão recolhendo sua sobrevivência?

    No próximo post você cita o Anjo de Hamburgo. Acaso ou destino, a coragem e a compaixão dela só brotaram por ela estar vivendo os horrores onde os horrores aconteciam. Estivesse no Brasil, seu estupor talvez não tivesse durado mais que uma semana.

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