Esqueçamos, por um momento, as
questões macro, dos outros, do entorno maior e cuidemos das nossas. Deixemos
mesmo as questões locais, tanto do âmbito federal, quanto estadual e municipal.
Coloquemos de lado nosso bairro, nosso condomínio, nossa casa e seus demais
habitantes.
Cuidemos do Eu.
Quando resolvi me exilar e ter o
blog como meu porta-voz, achei que poderia encontrar ressonâncias, apoios,
reforços de estímulo. Não é o que vem acontecendo. Alguém sugeriu que eu fosse
a outro veículo da rede (face, talvez), mais dinâmico, para poder fazer a minha
militância critico-intelectual.
Durante os já quase quatro anos do dasletra
(faço em maio) produzi meu discurso sem a menor censura e esgotando os limites
de minha criatividade e do meu saber. Procurei, especialmente no tema OLHAR,
dizer de uma perspectiva analítica sem nuances de qualquer escola, partido, religião,
time, gueto.
Hoje amanheci pensando se me vale a
pena seguir com as janelas abertas.
O contemporâneo nos assalta com uma
evolução tecno-científica quase ficcional, mas continuamos as mesmas bestas de
sempre, lobos de nós mesmos. Há uma repetição demoníaca nos fatos, nada evolui,
antes pelo contrário.
Por que interessaria estar
permanentemente falando deles se em
mim, como em tantos outros, nada causa? Os horrores, mesmo em mim, não duram
mais do que uma semana de estupor. Fenecem diante de outros e outros, ainda.
Estou com Alzheimer, assim como
suponho estarmos todos?
De novo me incomodo com meu
niilismo, quase absoluto. Minha descrença, desesperança, incômodo por falta de
uma utopia a qual eu possa me vincular. Perto de mim há quem diga que eu
deveria mesmo era estar ocupado em construir saídas, propostas objetivas,
picadas, avenidas, trilhas e não jactar denúncias.
Deixar o cômodo estilingue e
edificar coberturas e suas vulnerabilidades. Fazer como os santos que, apesar,
perseguem.
Embora reconhecendo estar em um
tempo que se assemelha à Idade Média, buscar algo que Iluminismo advenha, com a
pretensão de dar saídas.
Meu coração é pouco e meu cérebro preguiçoso,
indisciplinado, quase vagabundo.
Esse janeiro abre em mim outro
ciclo, no próximo mês estarei a sete anos de minha inimputabilidade.
Tenho
pouco tempo para me resolver e seguir, apesar.
É que, hoje, amanheci pensando se
me vale a pena seguir com as janelas abertas.
Até breve.
Mesmo correndo risco de vida, a possibilidade de se expressar da forma que quiser, sempre vale a pena...
ResponderExcluirAinda que não tenha tido "ressonância"por aqui, creio que leve a muitos refletir sobre o que leem.
ResponderExcluirA liberdade de dizer alivia a ambos. Ou não ?
Torço para que continue.
Não feche as janelas, abra outras ainda.
ResponderExcluirNão me refiro aqui somente as virtuais. Já viu, pessoalmente, uma criança num lixão recolhendo sua sobrevivência?
No próximo post você cita o Anjo de Hamburgo. Acaso ou destino, a coragem e a compaixão dela só brotaram por ela estar vivendo os horrores onde os horrores aconteciam. Estivesse no Brasil, seu estupor talvez não tivesse durado mais que uma semana.