quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

proCURA



Em excelente artigo publicado hoje na Folha de São Paulo Contardo Caligaris escreveu:

“Fala-se de liberdade de expressão como se fosse a mesma coisa que a liberdade de consciência. Prefiro fazer uma diferença.

A liberdade de expressão é um direito político pelo qual é possível lutar, mesmo que o preço seja alto. Já a liberdade de consciência é mais difícil de ser conquistada. Ou seja, os censores podem cortar sua cabeça, mas essa questão só surge se você faz um uso autônomo da mesma.

Os fundamentalismos podem inibir a liberdade de expressão, mas sua grande esperança é controlar a liberdade das consciências – fazer com que todos pensem igual.”

Acho que já trouxe aqui formulação filosófica que contempla a tese de que buscamos a três tipos de Bens: o da utilidade, o do prazer e o da pessoalidade. A comida, a bebida, uma cadeira, uma mesa, tudo de que me sirvo constitui-se em um Bem de Utilidade.

Em outro estágio da procura, é quando procuro extrair prazer, em alguns casos, do próprio Bem de Utilidade. Algum tempo atrás foi veiculada nas TVs peça publicitária de determinado refrigerante no qual uma adolescente gira o copo lentamente contendo o produto e a câmera foca as expressões extasiantes de seu rosto.

O Bem da Pessoalidade é a procura do Eu. Quem sou eu, se quiserem, pelo que sou determinado.

Em uma de suas últimas entrevistas o professor Paulo Freire brindou com um exemplo que me parece dá conta do Bem da Pessoalidade. Faço vínculo com o texto de hoje de Contardo Caligares.

“Eu estava preso no Recife em uma masmorra de um metro de largura e de profundidade por um metro e vinte de altura, vítima da ditadura militar. Recebia o alimento por uma fresta limiar ao chão por onde também entrava a luz. Apesar de toda a circunstância eu me descobri sujeito, Paulo Freire, ainda que silenciado.”




Até breve.

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