Em excelente artigo publicado hoje na Folha de São Paulo Contardo Caligaris escreveu:
“Fala-se de liberdade de expressão como se fosse a mesma coisa que a
liberdade de consciência. Prefiro fazer uma diferença.
A liberdade de expressão é um direito político pelo qual é possível
lutar, mesmo que o preço seja alto. Já a liberdade de consciência é mais
difícil de ser conquistada. Ou seja, os censores podem cortar sua cabeça, mas
essa questão só surge se você faz um uso autônomo da mesma.
Os fundamentalismos podem inibir a liberdade de expressão, mas sua grande
esperança é controlar a liberdade das consciências – fazer com que todos pensem
igual.”
Acho que já trouxe aqui formulação filosófica
que contempla a tese de que buscamos a três tipos de Bens: o da utilidade, o do
prazer e o da pessoalidade. A comida, a bebida, uma cadeira, uma mesa, tudo de
que me sirvo constitui-se em um Bem de Utilidade.
Em outro estágio da procura, é
quando procuro extrair prazer, em alguns casos, do próprio Bem de Utilidade.
Algum tempo atrás foi veiculada nas TVs peça publicitária de determinado
refrigerante no qual uma adolescente gira o copo lentamente contendo o produto
e a câmera foca as expressões extasiantes de seu rosto.
O Bem da Pessoalidade é a procura do
Eu. Quem sou eu, se quiserem, pelo que sou determinado.
Em uma de suas últimas entrevistas
o professor Paulo Freire brindou com um exemplo que me parece dá conta do Bem
da Pessoalidade. Faço vínculo com o texto de hoje de Contardo Caligares.
“Eu estava preso no Recife em uma masmorra de um metro de largura e de profundidade
por um metro e vinte de altura, vítima da ditadura militar. Recebia o alimento
por uma fresta limiar ao chão por onde também entrava a luz. Apesar de toda a
circunstância eu me descobri sujeito, Paulo Freire, ainda que silenciado.”
Até breve.
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