quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

PARADISE



Contardo Caligaris publicou hoje em sua crônica no jornal Estado de São Paulo:

“Qual é a diferença entre um preconceito e qualquer outro saber? Simples, o preconceito é invencível por definição: ele é um saber que produz uma percepção seletiva da realidade, de maneira que ele não seja desmentido nunca, mas sempre confirmado.

Ou seja, o preconceito faz com que percebamos só o que confirma nosso preconceito; o resto, nem enxergamos. E como, em geral, gostamos de "descobrir" que "tínhamos razão", é fácil entender que o preconceito é um tipo de saber altamente popular.”

Estivemos lá, eu e Ela, em 2010. E conhecemos o paraíso. Há sim uma praia nas proximidades de Cayo Largo que recebeu este nome e, podem acreditar, é mesmo paradisíaca. Na época eu prestava consultoria a um empresário e ele me que disse que jamais iria à terra de comunistas.

Cuba é deslumbrante por tudo.

Quando se tornou vitoriosa, em janeiro de 1959, a revolução cubana surpreendeu a América Latina e o mundo. No entanto, apesar do estupor inicial, quase ninguém ousava questionar seus princípios e programa. Tratava-se de derrubar uma das ditaduras mais abomináveis do Caribe, conhecida pela truculência e corrupção, a de Fulgêncio Batista.

Em 1962, aviões de reconhecimento dos EUA detectaram um carregamento de mísseis soviéticos rumo a Cuba, criando um impasse entre o presidente americano, John F. Kennedy, e Kruchev  que foi resolvido após a desistência soviética em troca da promessa dos EUA de retirar suas armas da Turquia.

De lá para cá, até ontem às 15:02 todos sabem o que rolou e, provavelmente, nunca acreditariam que veriam: que Cuba e EUA passassem por cima de todas suas diferenças políticas e históricas e que seus governos se dispusessem a estender-se as mãos sobre as águas do estreito da Flórida.

O fato ocorre meses depois que o regime cubano colocou em vigor uma nova lei para atrair investidores estrangeiros, a principal aposta do presidente Raúl Quadros para reaquecer a economia.

Pela nova legislação, implantada em meados do ano, investidores estrangeiros receberão incentivos fiscais e podem investir em todos os setores da economia, com exceção de educação e saúde.

Outra beneficiária deverá ser a iniciativa privada. Embora tenha crescido após as recentes reformas econômicas, esse setor emprega apenas 500 mil pessoas, em um país que conta com 11 milhões de habitantes.

Por outro lado, a relação cubana com os Estados Unidos continuarão restringidas pelo emaranhado de medidas em vigor sob o embargo econômico, cujo fim depende do Congresso americano, que a partir de 2015, será controlado pela oposição a Obama.

Havana continua proibida de exportar bens, como rum e tabaco – ou seja, ainda não será possível comprar legalmente um charuto cubano em terras americanas.

A expectativa das organizações de turismo é que a retomada aumente de três para nove milhões o número anual de turistas americanos na ilha.

Por causa da curta distância entre os países (a viagem de avião entre Miami e Havana leva 18 minutos e certamente eles vão colocar ferryboat para as pessoas irem de carro) o turismo ficará ainda mais fácil. Com esses seis milhões a mais de americanos, estima-se um aumento na economia de US$ 15 bilhões, cifra que representa 25% do PIB de Cuba.

As fotos abaixo tirei quando de minha visita. Vi muita alegria nas ruas e signos da resistência. Se eu fosse você e pudesse programava imediatamente uma viagem à Cuba, antes que ela fique igual a tudo que o império permite.

LÁGRIMAS NEGRAS







Até breve.

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