Contardo Caligaris publicou hoje em
sua crônica no jornal Estado de São Paulo:
“Qual é a diferença entre um preconceito e qualquer outro saber? Simples,
o preconceito é invencível por definição: ele é um saber que produz uma
percepção seletiva da realidade, de maneira que ele não seja desmentido nunca,
mas sempre confirmado.
Ou seja, o preconceito faz com que percebamos só o que confirma nosso
preconceito; o resto, nem enxergamos. E como, em geral, gostamos de
"descobrir" que "tínhamos razão", é fácil entender que o
preconceito é um tipo de saber altamente popular.”
Estivemos lá, eu e Ela, em 2010. E
conhecemos o paraíso. Há sim uma praia nas proximidades de Cayo Largo que
recebeu este nome e, podem acreditar, é mesmo paradisíaca. Na época eu prestava
consultoria a um empresário e ele me que disse que jamais iria à terra de
comunistas.
Cuba é deslumbrante por tudo.
Quando se tornou vitoriosa, em
janeiro de 1959, a revolução cubana surpreendeu a América Latina e o mundo. No
entanto, apesar do estupor inicial, quase ninguém ousava questionar seus
princípios e programa. Tratava-se de derrubar uma das ditaduras mais
abomináveis do Caribe, conhecida pela truculência e corrupção, a de Fulgêncio
Batista.
Em 1962, aviões de reconhecimento
dos EUA detectaram um carregamento de mísseis soviéticos rumo a Cuba, criando
um impasse entre o presidente americano, John F. Kennedy, e Kruchev que foi resolvido após a desistência
soviética em troca da promessa dos EUA de retirar suas armas da Turquia.
De lá para cá, até ontem às 15:02
todos sabem o que rolou e, provavelmente, nunca acreditariam que veriam: que
Cuba e EUA passassem por cima de todas suas diferenças políticas e históricas e
que seus governos se dispusessem a estender-se as mãos sobre as águas do
estreito da Flórida.
O fato ocorre meses depois que o
regime cubano colocou em vigor uma nova lei para atrair investidores
estrangeiros, a principal aposta do presidente Raúl Quadros para reaquecer a
economia.
Pela nova legislação, implantada em
meados do ano, investidores estrangeiros receberão incentivos fiscais e podem
investir em todos os setores da economia, com exceção de educação e saúde.
Outra beneficiária deverá ser a
iniciativa privada. Embora tenha crescido após as recentes reformas econômicas,
esse setor emprega apenas 500 mil pessoas, em um país que conta com 11 milhões
de habitantes.
Por outro lado, a relação cubana
com os Estados Unidos continuarão restringidas pelo emaranhado de medidas em
vigor sob o embargo econômico, cujo fim depende do Congresso americano, que a
partir de 2015, será controlado pela oposição a Obama.
Havana continua proibida de
exportar bens, como rum e tabaco – ou seja, ainda não será possível comprar
legalmente um charuto cubano em terras americanas.
A expectativa das organizações de
turismo é que a retomada aumente de três para nove milhões o número anual de
turistas americanos na ilha.
Por causa da curta distância entre
os países (a viagem de avião entre Miami e Havana leva 18 minutos e certamente
eles vão colocar ferryboat para as pessoas irem de carro) o turismo ficará
ainda mais fácil. Com esses seis milhões a mais de americanos, estima-se um
aumento na economia de US$ 15 bilhões, cifra que representa 25% do PIB de Cuba.
As fotos abaixo tirei quando de
minha visita. Vi muita alegria nas ruas e signos da resistência. Se eu fosse
você e pudesse programava imediatamente uma viagem à Cuba, antes que ela fique
igual a tudo que o império permite.
LÁGRIMAS NEGRAS
LÁGRIMAS NEGRAS
Até breve.
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