Não é só o Amor (aquele de “você sabe o que é ter um amor meu senhor,
ter loucura por uma mulher”) e a Canção (aquela de “não canto prá enganar, vou pegar minha viola, vou deixar você de lado,
vou cantar em outro lugar”) que ficaram antigos, bregas ou feneceram.
A decência e o respeito também, há
muito, sinaliza seu estertor.
A Presidência da República baixou
decreto no último dia 28 destinando, como suplemento orçamentário, R$444,7 milhões para que sejam distribuídos entre os parlamentares para que os
mesmos gerem benefícios às suas bases, o que daria em torno de R$750 mil por
parlamentar.
A indecência não está só na fala de
ontem do Senador, presidente do Congresso Nacional, de que todo ano isto
ocorre. A indecência está que todos nós sabemos que boa parte deste recurso não
chega ao seu destino, se perde na enervação corrupta. Poucos daqueles
apaniguados mandam fazer cartazes em suas cidades: “Obrigado, deputado, por ter nos dado a Avenida Sanitária”; “Jamais
vamos esquecê-lo por ter reformado a cantina de nossa escola”; e outros. O
que é também uma indecência para sustentar votos da próxima eleição.
A indecência está no corpo do
decreto que condiciona a aprovação desta verba suplementar à aprovação do
Projeto de Lei que reduz de R$90 bilhões para R$10 bilhões o superávit primário,
um projeto que se quer foi votado pelo parlamento. Ou seja, o toma-la-dá-cá seria
agora legalizado.
O senador Pedro Simon disse que, em
trinta e dois anos de mandato, nunca viu barbaridade igual. A
institucionalização da barganha, do casino, por força de lei.
O risco do Projeto de Lei não ser
aprovado e tudo caminha para que não seja, assim como foi com o Projeto que instituía
os Conselhos Populares, é que a Presidência da República estará à descoberto em
relação à Lei de Responsabilidade Civil, que é aquela que determina aos
governantes a adequada aplicação dos recursos públicos.
O desrespeito, por sua vez, está denunciado
no episódio protagonizado pelo Ricardo Darin no filme Relatos Selvagens. O Estado não respeita o Cidadão. Uma lei
determinou que as empresas de transporte urbano devessem se adequar, no prazo
de dez anos, à acessibilidade dos portadores de necessidades especiais aos seus
veículos.
O prazo termina hoje. Ontem matéria
jornalística acompanhou uma senhora que ficou mais de uma hora aguardando em
ponto que passasse um ônibus dotado de elevador, até que, sem condições, teve
que pegar um taxi.
Ontem também, uma executiva de 38
anos embarcou em Foz do Iguaçu, arrastando pela escadaria de acesso à aeronave.
A companhia alegou que não tinha disponibilidade do equipamento. A mulher,
altiva, pediu que não se fizesse sensacionalismo do ocorrido e que não
acionaria a justiça contra a companhia aérea. Ao contrário ela pretende ajudar
à companhia a aprender como lidar com seus clientes.
Pobre de ti, Pátria Idolatrada, a
Educação é outra que se assemelha à analgésico para câncer.
Até breve.
Chocante! Vergonha!
ResponderExcluirHorror! Lamentável!
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