Ainda na linha de Antiguidades.
Em 1972 um artista brasileiro,
então exilado, participou de um Festival de Música em Lima, no Peru. Foi o
único a defender a sua canção em português, todos os demais o fizeram em
espanhol.
A canção, Pátria Amada Idolatrada Salve Salve, foi composta para ser cantada
por um homem e uma mulher e induz à uma confusão entre o amor à uma mulher e à
pátria.
A letra para ser cantada pelo homem
contempla:
“Se é para dizer-te adeus/prá não te ver jamais/ Eu – que dos filhos teus
fui te querer demais -/ no verso que hoje chora para me fazer capaz da dor que
me devora/quero dizer-te mais/ que além de adeus/agora eu te prometo em paz
levar comigo a fora o amor demais”.
Enquanto à mulher cabe:
“Amado meu sempre será quem me guardou no seu cantar/quem me levou além
do céu/além dos seus/ e além do mais/ amado meu/ que além de mim se dá/ não se
perdeu e nem se perderá”.
Geraldo Vandré, de quem hoje
ninguém se fala mais, está com 77 anos. “Eu
estou exilado até hoje. Não voltei”.
São dele as declarações:
“Hoje consegui ser mais inútil que um artista. Tornei-me advogado em um
tempo sem lei”.
“Não existe nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito”.
“Protesto é coisa de quem não tem poder”.
“Não há espaço para a cultura artística em um tempo de cultura de massa”.
“Eu sou animal político e não militante político”.
“Eu estou por fora”.
“A maior loucura do homem é voar”.
Perguntado por que abandou a
carreira, se foi impedido, torturado, enfim por que não seguiu sua promissora
trajetória, assim como fizeram outros que como ele foram importantes para a
cultura brasileira, Vandré respondeu:
“O que houve foi falta de razão para cantar”.
Até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário