terça-feira, 2 de dezembro de 2014

BREGA



Ainda na linha de Antiguidades.

Em 1972 um artista brasileiro, então exilado, participou de um Festival de Música em Lima, no Peru. Foi o único a defender a sua canção em português, todos os demais o fizeram em espanhol.

A canção, Pátria Amada Idolatrada Salve Salve, foi composta para ser cantada por um homem e uma mulher e induz à uma confusão entre o amor à uma mulher e à pátria.

A letra para ser cantada pelo homem contempla:

“Se é para dizer-te adeus/prá não te ver jamais/ Eu – que dos filhos teus fui te querer demais -/ no verso que hoje chora para me fazer capaz da dor que me devora/quero dizer-te mais/ que além de adeus/agora eu te prometo em paz levar comigo a fora o amor demais”.

Enquanto à mulher cabe:

“Amado meu sempre será quem me guardou no seu cantar/quem me levou além do céu/além dos seus/ e além do mais/ amado meu/ que além de mim se dá/ não se perdeu e nem se perderá”.

Geraldo Vandré, de quem hoje ninguém se fala mais, está com 77 anos. “Eu estou exilado até hoje. Não voltei”.

São dele as declarações:

“Hoje consegui ser mais inútil que um artista. Tornei-me advogado em um tempo sem lei”.

“Não existe nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito”.

“Protesto é coisa de quem não tem poder”.

“Não há espaço para a cultura artística em um tempo de cultura de massa”.

“Eu sou animal político e não militante político”.

“Eu estou por fora”.

“A maior loucura do homem é voar”.

Perguntado por que abandou a carreira, se foi impedido, torturado, enfim por que não seguiu sua promissora trajetória, assim como fizeram outros que como ele foram importantes para a cultura brasileira, Vandré respondeu:

“O que houve foi falta de razão para cantar”.




Até breve.

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