quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ZÊÊÊRÔÔÔ




“Que vença o melhor” é como “Não importa o sexo, desde que venha com saúde”.

Para mim, não. Que hoje vença o Cruzeiro e que sejam meninas as de Fá, depois de Antônio, e de Camila para ser irmãzinha do Tetéo.

Houve uma época que eu usei e surrei uma camisa toda azul sem escudo com o número 5 nas costas. Era Piazza que usava uma semelhante no campo, um dos maiores centeralfos que o futebol já viu. Se bem que o monstro dividiu com Brito a zaga naquele timaço do Brasil para a Copa de 70. Não posso me esquecer de que, também, envergaram a dita O Maestro Zé Carlos e o Lorde Inglês Hilton Chaves.

O destino de minha camisa foi trágico, virou pano-de-chão nas mãos de minha mãe. Inúmeras vezes tentei recuperá-la, mas depois de algumas surras por ter lavado o manto e o vestido novamente apesar de aqui e ali rasgado ou puído, resolvi capitular. Ali também minha mãe venceu.

Nunca mais vesti uma camisa azul.

Fui a todos os campos por onde andou o Cruzeiro. Sempre com o meu pai e um ou dois irmãos. O risco que corríamos era imenso se ficássemos nas arquibancadas ao lado dele. Para comemorar o gol meu pai agarrava quem estivesse próximo e jogava para cima. O velho era forte às pampas e arremessava a uma altura considerável. Não importa onde aquilo que subia caísse. Um de meus cunhados, Helvécio, sempre foi vítima e ele carregava um pente de osso no bolso da camisa Volta ao Mundo. Helvécio, o único atleticano cruzeirense que eu conheci na vida, perdeu pelos estádios dezenas de pentes.

“Isso é sacanagem, seu Pepe!”. Era o único consolo do Helvécio.

Depois que me casei, fui pouco a estádios. Meus filhos nasceram logo e Ela tinha motivos de sobra para inviabilizar a minha ida aos jogos. Não me arrependo. Fosse hoje eu os teria levado. Se bem que não, naquela época eu tinha mais medo dEla do que tenho hoje.

Acho que já sabem que tenho um filho fanático, um genro transnormal e uma filha por tabela atleticana. O meu mais novo é cruzeirense, mas como para ele está tudo ótimo, não sofre desses males.

A 10 era e é de Dirceu Lopes. Everton Ribeiro passa longe do Princípe, chamado assim porque na época já existia o Rei Eterno. Se bem que com Ele e tudo, Dirceu junto com Tostão fizeram a maior final de todos os tempos do campeonato nacional.  A primeira o Cruzeiro, no Mineirão, ganhou de 6x2 e a segunda, em São Paulo, de virada ganhou de 3x2. Quem está vivo sabe o que foi. Quem já morreu seguramente levou como lembrança inesquecível.

Raul foi, como hoje é Fábio, ícone. A “cachorrada” bradava pelo Mineirão Wanderléa e o homem da camisa amarela pegava tudo. Ouvi inúmeras vezes os fanáticos saindo do estádio, emputecidos, praguejarem: “Com essa bicha no gol, nunca vamos vencer os veados!” O choro é livre.

Do lado de lá, é bom que se respeite, teve gente razoável. Um Lacy, saci de duas perninhas longas que endiabrava a defesa celeste. Um Reinaldo, fenômeno, acho melhor que os três Ronaldos; os dois dentuços e o Cristiano. Toninho Cerezo, gênio, embora tenha entregado um passe para Paolo Rossi, da Itália, e ali começamos a perder a Copa de 82 com um dos times mais bem armados do Brasil. Nele tinha também Éder Aleixo, o canhotaço de ouro.

Vou deixar para lembrar-me de craques em outros posts. Para hoje fico com os mencionados. Foi ótimo amanhecer lembrando-me do meu velho, que para lá dos noventa anos de idade, entrevado pelo Mal de Alzheimer, quando lhe falava sobre o Cruzeiro, ele com imensa dificuldade proferia: “El mayor time del mundo”.

Que ninguém fique muito próximo de mim hoje durante a pré-final.




Até breve.

Um comentário:

  1. Não sabia que o hábito do papai de carregar um pente de osso tinha tanto tempo. Vou contar pra ele que agora ele esta eternizado na Internet.

    Que vença o melhor hoje, e melhor que seja o zeeeirrro.
    ABS.

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