Seguindo a leitura da Revista Cult,
já citada no post anterior, deparei-me com a publicação de um texto do
Pasolini, Pier Paolo Pasolini, que se encaixa na veia da trama. Abaixo,
fragmento do texto:
MELHORAMENTO DO MUNDO
Um indivíduo que faz algo propondo “o
melhoramento do mundo” é um cretino. A maior parte, aqueles que publicamente
trabalham “para o melhoramento do mundo”, termina na prisão por trapaça. Além
disso, o mundo sempre consegue, no fim, integrar os heréticos. (...)
Na realidade, o mundo nunca melhora. A
ideia de melhoramento do mundo é uma daquelas ideias-álibis com que se consolam
as consciências infelizes ou as consciências obtusas (...). Portanto, um dos
modos para ser útil ao mundo é dizer claro e redondamente que o mundo nunca irá
melhorar; e que seus melhoramentos são meta-históricos, ocorrem no momento em
que alguém afirma uma coisa real ou realiza um ato de coragem intelectual ou
civil. Somente uma soma (impossível) de tais palavras ou de tais atos efetuaria
o melhoramento concreto do mundo. E este seria o paraíso e, ao mesmo tempo, a
morte.
O mundo, ao contrário, pode piorar isso
sim. É por isso que é necessário lutar continuamente: e lutar, depois, por um
objetivo mínimo, ou seja, pela defesa dos direitos civis (quando foram
conquistados por lutas precedentes). Os direitos civis estão, de fato,
eternamente ameaçados, eternamente no ponto de serem suprimidos. Também é
necessário lutar para criar novos tipos de sociedade, no qual o programa mínimo
dos direitos civis seja garantido.
Aí fui à
horóscopo, para ver. Deu:
“Renova teus vínculos emocionalmente intensos,
faze os gestos que sirvam a esse propósito, e se por ventura te falta alguém
com quem estabelecer essa dinâmica, não te preocupes nem angusties, Tu podes
renovar a paixão erguendo tuas bandeiras, as causas pelas quais lutarias e,
inclusive, darias tua vida alegremente. A paixão é algo maior do que ti, não te
pertence, simplesmente passa através de tua consciência e te vincula a algo que
é imensamente maior do que tua capacidade de compreendê-lo. Isso, porém, não te
apequena, pelo contrário, te enriquece e te torna maior do que normalmente
serias. Não admira, por isso, o quanto as pessoas buscam a paixão. Porém, essa
não pode ser programada intencionalmente, acontece quando as condições são
propícias e ponto final, ninguém a domina.”
Oscar Quiroga, Estadão.
Para me
enriquecer, fui à coluna de Luiz Fernando Veríssimo que publicou, hoje, a
crônica: VELHOS HÁBITOS. Abaixo, também, um fragmento.
Esta o Pero Vaz de Caminha não contou.
Os portugueses tiveram alguma dificuldade para
se comunicar com os indígenas, na sua chegada ao Brasil. Um dos comentários
ouvidos na praia, logo depois do descobrimento, foi:
- Ou estes gajos não sabem falar português ou
estiveram no dentista há pouco e ainda sentem os efeitos da anestesia, pá. Não
se percebe nada do que dizem!
Tenta daqui, tenta dali e finalmente se
entenderam. Cabral, comandante da expedição portuguesa, deveria falar com o
cacique Tamosaí, aparentemente o comandante dos índios. A conversa - feita mais
com mímica e linguagem de surdo-mudo do que com palavras - foi mais ou menos
assim:
Tamosaí - O que homens esquisitos, brancos e
com barba, querem?
Cabral - Tudo.
Tamosaí - Como, tudo?
Cabral - Tudo. Do Oiapoque ao Chuí. E então?
Tamosaí - Hmmm. OK. Mas antes...
E Tamosaí estendeu a mão com a palma virada
para cima e disse:
- Molha.
- Ai, Jesus - suspirou Cabral. - Começou...
Ontem, à
noite, dei plantão na casa de Pretinha. Fiz Tim dormir e depois fui colocar
Noninha também na cama. Não sei por que, mas nem ela quis saber de minhas
histórias. Dormiu logo.
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