Os templos ao longo dos tempos.
As descobertas, as conquistas, as
tomadas, as retomadas, as guerras, os saques e ataques, as obras, os incêndios,
as restaurações. A História.
Tudo pelo Belo.
Já estamos em Istambul. Sobre essa
cidade já disse em outra visita recente. Embora tenha revisitado seus templos
não quero dizer algo a mais sobre.
Meu coração decanta suas emoções,
meu cérebro busca descanso e apaziguamento. Talvez uma síntese me convide a
dizer de um algo no ocaso dessa viagem edificante.
Creio que não evoluímos nada
enquanto espécie na explicitação e nos meios de objetivarmos a nossa procura.
Poder, grandiosidade, riqueza material, suntuosidade, distinção nos remeteram
ao longo dos tempos a templos.
Nada nos distingue em Sofia ou em
Marina Bay Sans, na essência. Aquele nosso Homem do século VI a. C. mora no
homem do século XXI, essencialmente.
E não nos importaram os meios e
quantos escravos e/ou fiéis foram necessários para que o Belo fosse eternizado
e fosse objeto de gozo de poucos, nos quais eu me incluo como espectador.
Escrevo este post enquanto aguardo
em quilométrica fila para entrar na Mesquita de Sofia para visita-la. Sofia não
se refere a nenhuma santa. Refere-se à sofia, sabedoria e, no caso, a do
Cristo. Originalmente era uma igreja cristã que, depois de saquearem-na, os
árabes transformaram em mesquita.
De possantes autofalantes ecoam o
som do mantra de chamamento para a reza.
Junto à busca do Belo a fé de que
algo deverá nos redimir das culpas e, de alguma forma ou por alguma razão, sermos
perdoados e atingirmos o Nirvana, a Vida Eterna, o Karma, o Divino, o
Absoluto.
O Belo e a Fé como vetores da
desnatureza humana na edificação de signos, seitas, odores, vestes, cores,
coreografias, rituais, oferendas, doações, sacrifícios, donativos, dízimos.
Ao longo da viagem por esta Ásia passamos por
inúmeras milenares edificações, esculturas, monumentos, imagens, pinturas,
cultos, festas e festivais religiosos ou profanos todos, literalmente todos, com
o mesmo propósito: enaltecer e propagar o Belo e a Fé.
Nada difere o gozo estampado no
erótico olhar dos santos daquele deixado mostrar no rosto dos consumidores fervorosos do
fascínio dos conteúdos das vitrines dos templos das Marcas e seus estetas.
Nada. O Belo e a Fé como indutores
de prazer ou como queria Pierre Cardin: “O
que move o mundo é a Moda e a Fome”.
No domingo volto para a minha
terrinha com estruturas restauradas que edificam o meu templo interior. Meu
tesão sempre foi por saber (uma sofia), dai minha angústia de cada dia
compreender menos e tão pouco.
Até breve.
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