segunda-feira, 6 de outubro de 2014

TRANSE



Ela trouxe para ler na viagem o livro de Tzvetan Todorov, A beleza salvará o mundo. A proposta do autor é de levar o leitor a refletir: em que consiste uma vida bela e plena de sentidos?

Joshua Wong, de 17 anos de idade, é um dos líderes estudantis que vem mobilizando Hong Kong em relação ao posicionamento do governo central da China. O apelo essencial de Wong é simples, como são todas as ideias genuinamente transformadoras: “Não pensem sobre o futuro da carreira de vocês, mas no futuro de sua nação”.

Já deixamos Hong Kong, é verdade, mas ficou a lembrança. Estamos agora na Tailândia que é, de todos os países da Ásia, o único que jamais foi colonizado. Autoconsiderado pelos seus 65 milhões de habitantes como o país do sorriso e do coração era chamado de Reino do Sião desde 1350 até 1919 quando passou ao nome atual.

Faz parte da Comunidade dos Dez Países Asiáticos que em 2015 querem consolidar-se como bloco econômico chegando até mesmo à unificação da moeda. São 600 milhões de habitantes de Brunei, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia, Myanmar, Camboja, Laos, Vietnam e Filipinas.

THAI, liberal e LÂNDIA, terra – Terra da Liberdade mantém o regime monárquico e desde 1432 viu coroar nove reis. Hoje, Rama IX não exerce nenhuma influência política. Sua foto está estampada em todos os lugares pelos quais se passa, além de inúmeros pôsteres da rainha. Ele está próximo de fazer 87 anos de idade e a rainha 83, tem um filho seu sucessor natural com 62 anos de idade, que por sua vez tem dois filhos homens. Isto tranquiliza o país - a sucessão terá longevidade.

80% da população vivem no campo, 90% budista e o clima no verão é de 35° a até 40° com mais de 80% de umidade.

A língua é o Thai, própria do lugar, com dialetos diferentes falados no norte, no centro e no sul. O alfabeto contempla 44 letras e 20 vogais.

A Tailândia recebeu muita influência tanto da Índia quanto da China por esta razão os tailandeses se consideram siameses.

Bangkok é sua capital há 232 anos.

Quando chegamos a esta cidade fomos brindados por um feliz acaso. Em toda a extensão da rua onde fica nosso hotel aconteceu o “Vijaya Dashami Day”. Vijayadashami é um dos festivais hindus mais importantes celebrados em várias formas, em toda a Índia, Nepal, Sri Lanka e Bangladesh. O nome Dussehra é derivado do sânscrito Dasha-hara significa literalmente Dashanan ravan (nome do diabo e em curdo Dasha e Hara (derrota)) referindo-se a vitória do Senhor Rama sobre o rei demônio de dez cabeças Ravana.

Foi um privilégio sem medida. O festival acontece uma única vez por ano e exatamente na noite em que chegamos vimos a piração geral. Uma das vias é fechada ao trânsito de automóveis e fica tomada de pessoas em trajes típicos hindus e inúmeros elementos alegóricos compõem uma paisagem mais do que exótica.

Apesar do tumulto, do som dos diferentes instrumentos nativos, dos incensos, das comidas e bebidas, da feira de um tudo pelas calçadas, foi uma experiência inesquecível.

Às sete e meia da manhã, quando deixamos o hotel a rua estava limpa, rigorosamente lavada, como se nada tivesse acontecido ali na noite anterior.

Há em Bangkok três preciosidades: o Buda de Ouro, o Buda Deitado e o Buda de Esmeralda.

A cidade teria sido invadida pelos birmanos e o rei decidiu resguardar a fortuna do reino. Assim foi feito. Todo o ouro existente, inclusive o do próprio rei foi recolhido, e o rei mandou que fosse fundida a estátua que pesa 5,5 toneladas de ouro maciço de 18 quilates. Para despistar os invasores, mandou que ela fosse coberta com cimento.

A cidade foi destruída e ocupada durante sete anos, e a estátua nunca foi tocada pelos birmanos também budistas. Expulsos os birmanos, somente vinte anos depois descobriram que a estátua era de ouro, o cimento começara a descascar.

No Mosteiro Real está o maior e mais antigo Buda Deitado esculpido em concreto, folheado a ouro e que mede 46 metros de comprimento. Nas laterais do prédio onde está exposto há 108 caçarolas de bronze para que fiéis depositem ali seu donativo. Eles fazem fila e vão colocando uma ou mais moedas em cada uma das caçarolas. Diz o guia que representa sinal de paciência e concentração nas razões pelas quais está sendo feito o donativo.

A fisionomia do Buda Deitado denota felicidade, como se ele estivesse esperando o futuro, já que ele tudo sabe.

Fomos ver também o Buda de Esmeralda, que na verdade é de Jade, o mais venerado símbolo do budismo na Tailândia.

Impacto maior tivemos ao visitar o antigo palácio que abrigou a família real até cinquenta anos atrás. Hoje está aberto à visitação pública.  Um milhão de metros quadrados abrigam dezenas de edificações, esculturas, vitrine da arte e da arquitetura tailandesa.

Perdoem-me, mas enquanto percorria o Palácio Real não parava de exclamar:

- Buda que pariu!

O rei Rama IX e a Rainha Siriquiti vivem hoje em um palácio em uma área de quatro milhões de metros quadrados que, inclusive, mantém criação de vacas cujo leite é entregue nas escolas primárias. O rei quer que seus súditos tenham a altura dos europeus.

O início do post remete à beleza e à sentido talvez porque Bangkok tenha me ajudado a pensar em ambos.

Reza a lenda de que os pais de Buda estavam cruzando o Rio Konka, que faz divisa da Índia com o Nepal, quando a sua mãe - grávida dele - entrou em trabalho de parto. A criança nasceu quando estavam no meio do rio e tiveram que voltar com o filho nos braços andando sobre flores de lótus. 

Daí a razão pela qual a religião tem, nessa flor, um de seus símbolos.

Em 632 a. C.

O BUDA DE ESMERALDA 


 O BUDA DE OURO


 O BUDA DEITADO


Até breve.

2 comentários:

  1. Muito interessante! Bacana trazer essa experiência!
    Sei muito pouco sobre esse lado do mundo...

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  2. Melhor ainda é viajar com você é a Vera. Bom saber que quando terminar esta viagem vou poder rever tudo que vi ao vivo.

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