Sidharta, o Buda, nasceu em algum
lugar da Índia em 624 a. C.. Viveu oitenta anos, quando entrou na posição
deitada, atingindo o Nirvana. A palavra em Sânscrito quer dizer: aquele que
tudo sabe.
Fosse vivo, ainda que iluminado,
ele também se escandalizaria com a cidade para a qual um de seus seguidores
trouxe da Birmânia uma estátua do mestre talhada em jade bruta que pesa 3
toneladas e mede 1,90 m de altura por 0,90 m de largura. Ela, a estátua, está
em um dos inúmeros templos espalhados pela cidade.
Antes de vir para esta viagem eu achava
que estávamos a quilômetros de distância do estágio de desenvolvimento chinês.
Encontrar Shanghai, pronuncia-se CHANRRAI, me fez ver, com esses meu olhos
exauridos de tanta grandeza, que não. Estamos são anos luz distantes do que
acontece aqui.
Há dez anos Shanghai ocupava 120
km² de área, hoje espalha seus espigões, viadutos de quatro andares, vias
rápidas, metrôs subway e de superfície, por uma área total de 730 km².
A cidade conta hoje, daqui meses a
conta será outra, com 6.000 prédios de apartamentos com mais de 20 andares na
faixa de 80 a 145 m². Um horror impactante. Ao trafegar pelas vias rápidas observa-se
quilômetros ocupados dos dois lados das pistas por prédios de 8 a 15 andares.
A cidade tem hoje 24 milhões de
habitantes e recebe anualmente por turismo interno cem milhões e outros oito
milhões de turistas estrangeiros.
Os arquitetos, que têm elaborado
projetos de edifícios para a cidade, devem estar vivendo orgasmos múltiplos. É
orgiástica a criação. Tem prédio para todo tipo de piração e, na maior delas, a
torre mais alta da China a segunda do mundo, que mede 632 metros de altura. 121
andares destinados a escritórios e ao Grand Hyatt. Um desbunde.
Tomamos um barco na baía do rio
Huang Pu (110 km de extensão, 400 de largura, 8 metros de profundidade) e
assisti a partir das sete e trinta da noite a explosão de luzes acendendo a
cidade que debruça seus arranha-céus sobre a baía.
New York perto é quinem a Rua
Direita de Santa Luzia.
No passado os imperadores chineses
construíam palácios, jardins, muralhas, decoravam seus castelos com animais que
os protegiam. Tudo muito, exageradamente muito, com a intenção determinada de
mostrar o seu poder.
Freud passando por aqui diria que
ninguém tira da cabeça dele que aquela torre lembra um falo. Ah, isso lembra! – Diria o mestre,
roendo seu cachimbo.
As luzes da noite de Shanghai
mostram quem está já mandando nesse mundinho de Deus. O capitalismo de Estado
(90% dos bancos na China são estatais) já é um rolo compressor que vai, em
pouco tempo, devastar o outro império.
Viajamos no trem bala cuja linha
começa em uma estação que interliga duas outras estações do metrô. A linha tem
30 km de extensão e o bólido percorre esta distância em exatos sete minutos, a
uma velocidade máxima de 430 km horários sem colocar as patas sobre os trilhos.
A coisa, engenheirada por alemães e
executada em parceria com os próprios chineses, custou aos cofres públicos a
soma de 1 bi de Euros. É o único trem bala implantado no mundo com a tecnologia
empregada aqui. A China descartou a possibilidade de usá-la no trem bala que
ligará Shanghai à capital Pequim.
Quando Mao tocou a revolução
cultural ele acabou com tudo que se parecesse com religião, inclusive budista a
predominante na época. Mandou os monges para o campo sob a alegação de que religião
não ganha pão, mas somente o trabalho. Hoje o estado não se importa, controla
apenas o que os templos arrecadam em moedas lançadas pelos visitantes e
retiradas por uma funcionária munida de uma lança com um imã na ponta.
Os chineses não estão nem aí para
quem pariu Mateus, eles querem é produzir e vender. Tudo cheira a negócios,
negociatas, barganhas, a cidade é um mercado ambulante. Até o falo é dourado, não poderia na época dos
imperadores já que a cor só “pertencia” a eles.
Quem se importa?
Numa lojinha descobri que no
horóscopo chinês eu sou Dragão. O animal preferido pelos imperadores. Daí
concluí: alguém aí está como minhas outras 199 mulheres ou, então, a minha vale
por duzentas.
A primeira hipótese não é a mais
provável.
Até breve.
Ela realmente vale por mil!!!! Saudades!!!!
ResponderExcluir