Candidato,
Ontem, ao encerrar o segundo bloco
do debate, o senhor consultou sua adversária a propósito da palavra que vem
recebendo do povo que o senhor tem encontrado pelos quatro cantos deste país:
- “A senhora sabe qual a palavra que o povo tem usado, sabe Presidente”?
Cuidado, candidato, pois esta é a
palavra que historicamente norteou todas as grandes transformações. Todos
aqueles que se apossaram verdadeiramente dela, que a compreenderam em sua
extensão, fizeram ou desencadearam até mesmo à sua revelia, profundas mudanças.
- “Libertação, Presidente. O povo quer se libertar de tudo que está aí”!
Cuidado, candidato, que a história
pode lhe conferir a condição de porta-voz. Não foi diferente para Getúlio,
Jânio, Juscelino, Kennedy, Churchill, Roosevelt, Lincoln, Gandhi, para citar
apenas alguns.
O povo deseja libertação.
Não me parece, candidato, que o
povo brasileiro deseja libertar-se apenas do que aí está ou está aí. Não apenas
deste governo, desta ou daquela pessoa, deste modelo, deste partido, deste
aparato, deste estado.
O povo, penso, deseja libertar-se
de empresários que não compreendem que para além de maximização de seu capital,
suas empresas têm uma razão social que transcende seus muros e que são imprescindíveis
à construção de uma nação pujante e rica, tanto quanto os próprios.
O povo, penso, deseja libertar-se
de médicos que perderam seu apostolado de fé em Hipócrates. De psicólogos que
não acolhem seus pacientes na dor de ser. De dentistas que não lhe orientem e
previnam sobre cáries, de todos os demais profissionais da saúde que não o
humanize.
O povo, penso, deseja libertar-se
de advogados que prestam um desserviço à justiça, que abusam dos mecanismos
controversos da lei e destroem os fios do tecido social. De todos os demais
profissionais da Justiça cujo propósito não seja outro senão garantir o império da
lei e da boa ordem.
O povo, penso, deseja libertar-se
de mestres nas escolas que mais do que ensinarem respostas não instigam seus educandos
a novas perguntas. De todos os formadores no profano ou na fé que não as
cultuem como formadoras da índole, do caráter, da moral e ética de seu país.
O povo, penso, deseja libertar-se
de todos aqueles que não cumprem contratos, que tramam, que se locupletam, que
falseiam, que burlam, que roubam, que matam. De todos aqueles nefastos e
perversos à boa e sadia convivência.
O povo, penso, deseja libertar-se
de jogadores de futebol que não deixam o campo chorando após uma derrota. Ou
que percam palavras, após uma vitória acachapante. De todos os profissionais do
esporte que não o tem como a grande paixão de suas vidas.
O povo, penso, quer se libertar da
pecha de condenado ao fracasso, de ser de um país de um futuro que nunca chega,
de ser uma nação sem eira nem beira, sem memória, disforme.
O povo, candidato, quer muito mais
do que sua vitória ou a derrota de sua adversária e do mentor dela nas eleições.
O povo deseja reencontrar-se, se é que em algum momento, pelo menos da história
recente, ele se viu como tal.
O povo, candidato, quer que alguém
o inspire. Tudo o mais advirá, porque as condições desta terra são mais do que
favoráveis, desde Caminha, plantando tudo dá.
Candidato, declaro de público que
fui seu eleitor em todas as oportunidades que o senhor candidatou-se a algum
cargo público e lembro-me bem dos caminhos percorridos pelo seu avô.
Assisti ao vídeo de sua fala
recente em Pernambuco e confesso que me emocionei. O senhor precisa acreditar quão
sério é o clamor da história presente e o fato de o senhor usar seus filhos
como norteadores de propósito confere-lhe, ainda, maior responsabilidade.
O senhor não poderá nos trair.
“Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós”!
Até breve.
Sem esquecer do lema de nossa bandeira: "libertas que sera tamen"
ResponderExcluirSua vitoria neste momento ja será uma libertação.
ResponderExcluirTereza