O avião pousou com atraso de duas
horas em Hong Kong por força do intenso tráfego aéreo. O aeroporto, inaugurado
em 1998, opera mil voos diários e ocupa uma área total de 57 km² construída
sobre o mar.
Colônia inglesa desde 1860, Hong
Kong transformou-se num dos Tigres Asiáticos e foi considerada a Jóia do
Império Britânico. Em 1997, voltou ao domínio da China Continental, mantendo,
porém, administração própria e economia capitalista.
Hong Kong goza de liberdade
democrática, não tem controle da natalidade, a propriedade pode ser privada (na
China por um período limite de 70 anos), o homem pode ter quantas mulheres
quiser, embora somente os filhos do casal registrado oficialmente podem
reivindicar herança.
Não há visto de entrada para nenhum
cidadão de país estrangeiro. Somente para os chineses. Percebi durante o voo uma das
comissárias de bordo abordando um casal chinês e fazendo inúmeras perguntas. Um
verdadeiro interrogatório. O visto de permanência para chineses é de, no
máximo, sete dias.
Hong Kong ocupa uma área total de
1142 km², mas com 260 colinas o que restringe o espaço útil para os seus sete milhões
de habitantes, dos quais 8% são estrangeiros.
A língua oficial é o Cantonês,
embora o Inglês seja idioma corrente. Se bem que nosso guia, nativo, tem um
idioma muito particular. Parece mais um mandarim misturado ao cantonês com
pitadas de inglês e temperos de espanhol das cercanias de Cochabamba.
As torres de edifícios mais altos
são a de 490 metros de altura que abriga hotéis e shoppings centers; a do
Centro Financeiro Internacional com 420 metros e a do Banco da China com 389
metros de altura.
A educação básica pelo período de
doze anos é integralmente custeada pelo Estado. A universidade é paga, no
entanto, caso o estudante não tenha recursos os bancos financiam, sob aval do
Estado, o curso.
As mulheres não vão à praia,
preferem manter a pele branca, sem nenhum dano causado pelo sol.
Hong Kong foi locação de vários
filmes americanos. Lembramos de “Suplício
de uma Saudade” com Willian Holden e Jennifer Jones que imortalizou a canção Love is many splendored thing. Chuva Negra com Michael Douglas e
Andy Garcia, que teve seu personagem assassinado pela máfia chinesa. Puta
filmes.
A religião, nos disse o nosso guia,
é o Taoísmo. Puro saque. A religião é a global contemporânea: a Consumista. A
chinesada endinheirada enfrenta filas enormes nas portas dos templos de monges
da seita do tipo: Cartier, Choo, Sander, Burberry, D&G, Givenchy, Gucci,
Jacobs, Prada, Piaget, Gautier, Valentino, Ferragamo, Dior, Swarovski, Armani,
Hermés, Vuitton, ZZegna, McQueen e tantos outros. E também o consumo da
gentalha rola solto em ruelas enfumaçadas com um odor bem menos atrativo do que
aqueles dos templos dos fanáticos ocupantes do topo da pirâmide, visivelmente
perversa.
A baía é ocupada por milhares de
barcos-residência de pescadores, uma exposição dramática e contundente do
contraste evidente de Hong Kong.
30% da população não tem moradia
própria. O governo aluga imóveis para a acomodação dos menos favorecidos. Em
apartamentos ou em casas de 50 a 70m² vivem duas, três ou até quatro famílias.
O clima nesta época é de um calor
intenso e úmido o que nos dá a sensação de estarmos em uma caldeira.
A coisa deve esquentar mais ainda
já que a China Continental reivindica a autoridade sobre a administração da colônia. A juventude está nas ruas e se
manifesta de forma pacífica empunhando cartazes cujos dizeres pedem desculpas
pelo transtorno.
Hong Kong me pareceu, de primeira,
um extrato fiel e completo do mundo atual com todas as suas contradições,
diversidades, riscos iminentes, conflitos latentes sem saídas por seus imensos
abismos sociais, econômicos, culturais, políticos e religiosos.
Querem saber? Como ateu convicto
que sou e herege, em relação à religião global, não gostei de Hong Kong.
Amanhã passamos o dia em Macau, a
Las Vegas da Ásia.
Até breve.
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