Tivéssemos conhecido antes o
Castelo Nijo em Kioto teríamos pedido ao marceneiro que fixou as madeiras do
piso de nossa casa em Santa Luzia que empregasse o mesmo método que foi utilizado
aqui.
Ao se transitar pelos corredores do
Castelo todo construído em madeira faz surgir do piso um som que se assemelha
ao canto de rouxinóis. Hoje isto nos encanta, mas na época dos xoguns servia
como medida de segurança (alarme) contra frequentes invasores do castelo.
Por sua vez as paredes e o teto deste
castelo, que tem 7200 m² de área construída ocupando uma área total de
275.000 m², são folheados a ouro não só para mostrar o poderio de seu dono como
também para amplificar a iluminação à luz de velas.
Kioto tem hoje 1,4 milhão de
habitantes, 1600 templos budistas e 400 xintoístas e foi fundada no ano de 794
a.C. e desde lá até o ano de 1868 foi a capital do Japão.
Visitamos o Pavilhão de Ouro do
Templo de ROKNON-Ji construído a pedido de um monge Zen-budista em 1397 com
paredes internas e externas pintadas com película em ouro.
Há sessenta anos um aprendiz de
monge ateou fogo e destruiu totalmente o templo que foi reconstruído logo
depois e restaurado novamente há quinze anos quando foram usados vinte quilos
de ouro. Preso e interrogado o rapaz incendiário disse que não havia resistido
à tentação de queimar a coisa mais linda do mundo.
Visitamos também o Templo Todaiji
na província de Nara a uma hora de ônibus de Kioto. O templo com 57 metros de
largura, 51 metros de profundidade e 48 de altura abriga a magnifica estátua de
Buda em bronze com 15 metros de altura. Impactante.
Kioto, como Tóquio, é uma cidade
limpa. Não se vê nas ruas nem um palito, um papel sequer jogado em um canto
qualquer. Não há lixeiras, nem sacos ou vasilhames destinados ao lixo, não se
vê qualquer recipiente onde se possa depositar qualquer descarte. Andei com
embalagens de balas, bilhetes de caixa dentro do bolso até retornarmos para o
hotel porque não se acha em lugar algum uma lixeira.
Há duas razões: a primeira, hoje
secundária, é que em 1994 ocorreu um atentado terrorista no Metrô de Tóquio que
matou doze pessoas e deixou mais duzentas outras enfermas por terem inalado o gás
Sarin deixado em uma das cestas de lixo dos corredores de uma das estações.
A outra razão, e que nossa guia em
Kioto disse ser a principal, é a de que os cidadãos consideram elevados os
custos para manter a limpeza e o recolhimento do lixo das ruas. Sendo assim não
jogam nada nas ruas que tenha que ser recolhido depois. Simples assim.
Amanhã deixamos o Japão via Osaka
em direção à Pequim na China.
Meteórica passagem, porem
suficiente para levarmos a melhor impressão deste país que importa 60% dos
alimentos que consome embora cultive em cada cm² disponível, especialmente o
arroz que é o único alimento consumido pelos nativos que é produzido 100% em
solo japonês.
Jamais vou me esquecer da inscrição
em um banner fixado na parede da casa de chá que visitamos em Tóquio. Vivi estes
dias como a única chance para admirar a experiência histórica e humana que,
pela via do trabalho e da extraordinária superação, construiu uma nação pujante
e um povo de humildade e simpatia comovente e cativante.
Até breve.
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