sábado, 20 de setembro de 2014

IRREVERSÍVEL


Explico-me melhor. Nada contra o preto ou ao branco, muito menos contra o azul, o amarelo, o verde ou ao grená claro ou escuro.

Não sou afeto a matizes. Só que um olhar me induz e aí, num tem jeito, opino.

Eu dizia no post anterior de uma tragédia. A democracia brasileira extraordinariamente aberta, franca e direta leva ao país, a cada eleição, a se ver de forma mais nítida.

A escolha da grande massa explicita uma fidelidade inequívoca ao desejo da maioria de seus cidadãos, livres e soberanos, na escolha de seus representantes.

Eu, como tantos, integrantes de uma elite rarefeita e com universos cada vez mais amplos tanto no espectro horizontal quanto vertical, podemos não concordar com a resultante, mas feliz ou infelizmente trata-se da conquista nacional a do direito de todos os cidadãos, para não dizer o dever, de escolher os seus representantes.

Muitos já disseram que o povo não sabe votar. E daí? Daí que na medida em que a grande massa, não possuindo os atributos intelectuais e cívicos capazes de lhe permitir a avaliação da complexidade dos desafios nacionais, escolhe como seus representantes aqueles com os quais mais se identifica, muitas das vezes sob refinados processos de sedução e convencimento dos pleiteantes.

Não há nada de novo. O que talvez haja de importante, daí minha ocupação com o tema é que, nunca na história deste país, chegamos a um quadro tão delicado quanto no presente.

A escolha – mais do que legítima pela massa – de seus representantes para ocuparem os postos de comando tanto no executivo quanto no legislativo estadual e federal que, por extensão, levarão à nomeação dos integrantes do judiciário, sinaliza para um corpo dirigente extremamente frágil e despreparado para o enfrentamento dos desafios que uma nação do porte da nossa está exposta.

Conjugada com o mesmo fenômeno que ocorre aos nossos vizinhos nos passa a sensação de continuidade de uma América Latina cada vez menos aparelhada para alcançar padrões de desenvolvimento que todos, sobretudo os da grande massa, desejamos.

Para Darwin evoluir  não significa sempre para “melhor”.

Fosse eu médico, eu diria: o paciente “evolui” para óbito.



Até breve.

Um comentário:

  1. Que sabedoria...É isso aí.Não temos muito o que fazer,infelizmente.

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