segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ILUMINURAS



O post anterior é categórico, elucidativo, esclarecedor. Depois dele achei que deveria poupá-los de textos outros por um bom tempo. Pelos menos dos meus textos, sendo pretensioso, como de resto, sou sempre.

Poucos devem ter visto no corpo do post um ponto. Um ponto final. Um único ponto. Mais abaixo, como de costume, a assinatura com o Até breve.

Pois bem. Onde esteve o silêncio? Anterior ao ponto, portanto meu, ou posterior ao ponto, portanto seu? De quem é o silêncio, ainda que refletir seja quase impossível sem a linguagem.

O meu é explícito, porque ausente. O nada escrito convida a você a se perguntar do que está para mim antes do ponto. E se for só o meu silêncio? De resto, até mesmo o próprio, será preenchido somente por você mesmo.

Entre o ponto e a assinatura o que há? Uma expectativa natural de que eu voltaria em algum momento a preencher o espaço então deixado vazio. Vazio? Como, se disse acima que fatalmente você o preencheria?

Exemplo: recebi uma manifestação de pessoa próxima. “Você quis se referir ao atentado de onze de setembro?” Juro a você que não.

Então a quê?

À quê? Eu pergunto, me colocando depois do ponto, passando a você, portanto, a tarefa.

Lembro-me que, certa vez no primeiro dia de um seminário sobre Liderança que eu conduzia, entrei na sala e cumprimentei os participantes que estavam sentados em cadeiras sem mesas e em formato de U. Peguei uma cadeira e assentei-me a frente do grupo de uns sessenta executivos.

Não disse nada.

No início, até que percebessem a minha postura como de aguardo para que prestassem atenção em mim, havia um alarido. Aos poucos foram fazendo silêncio e começaram a fazer indagações, primeiro à mim, depois entre si, até que minutos depois um após o outro foram saindo da sala.

- Que loucura é essa? Você não vai dizer nada?



Até breve.

Um comentário:

  1. As vezes penso que só conseguimos nos expressar pela narrativa da palavra contando histórias com começo, meio e fim. Esquecemos da capacidade de sentir. As vezes não há nada para entender e ser dito !
    Lizete

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