terça-feira, 23 de setembro de 2014

SAYONARA



Tivéssemos conhecido antes o Castelo Nijo em Kioto teríamos pedido ao marceneiro que fixou as madeiras do piso de nossa casa em Santa Luzia que empregasse o mesmo método que foi utilizado aqui.

Ao se transitar pelos corredores do Castelo todo construído em madeira faz surgir do piso um som que se assemelha ao canto de rouxinóis. Hoje isto nos encanta, mas na época dos xoguns servia como medida de segurança (alarme) contra frequentes invasores do castelo.

Por sua vez as paredes e o teto deste castelo, que tem 7200 m² de área construída ocupando uma área total de 275.000 m², são folheados a ouro não só para mostrar o poderio de seu dono como também para amplificar a iluminação à luz de velas.

Kioto tem hoje 1,4 milhão de habitantes, 1600 templos budistas e 400 xintoístas e foi fundada no ano de 794 a.C. e desde lá até o ano de 1868 foi a capital do Japão.

Visitamos o Pavilhão de Ouro do Templo de ROKNON-Ji construído a pedido de um monge Zen-budista em 1397 com paredes internas e externas pintadas com película em ouro.

Há sessenta anos um aprendiz de monge ateou fogo e destruiu totalmente o templo que foi reconstruído logo depois e restaurado novamente há quinze anos quando foram usados vinte quilos de ouro. Preso e interrogado o rapaz incendiário disse que não havia resistido à tentação de queimar a coisa mais linda do mundo.

Visitamos também o Templo Todaiji na província de Nara a uma hora de ônibus de Kioto. O templo com 57 metros de largura, 51 metros de profundidade e 48 de altura abriga a magnifica estátua de Buda em bronze com 15 metros de altura. Impactante.

Kioto, como Tóquio, é uma cidade limpa. Não se vê nas ruas nem um palito, um papel sequer jogado em um canto qualquer. Não há lixeiras, nem sacos ou vasilhames destinados ao lixo, não se vê qualquer recipiente onde se possa depositar qualquer descarte. Andei com embalagens de balas, bilhetes de caixa dentro do bolso até retornarmos para o hotel porque não se acha em lugar algum uma lixeira.

Há duas razões: a primeira, hoje secundária, é que em 1994 ocorreu um atentado terrorista no Metrô de Tóquio que matou doze pessoas e deixou mais duzentas outras enfermas por terem inalado o gás Sarin deixado em uma das cestas de lixo dos corredores de uma das estações.

A outra razão, e que nossa guia em Kioto disse ser a principal, é a de que os cidadãos consideram elevados os custos para manter a limpeza e o recolhimento do lixo das ruas. Sendo assim não jogam nada nas ruas que tenha que ser recolhido depois. Simples assim.

Amanhã deixamos o Japão via Osaka em direção à Pequim na China.

Meteórica passagem, porem suficiente para levarmos a melhor impressão deste país que importa 60% dos alimentos que consome embora cultive em cada cm² disponível, especialmente o arroz que é o único alimento consumido pelos nativos que é produzido 100% em solo japonês.

Jamais vou me esquecer da inscrição em um banner fixado na parede da casa de chá que visitamos em Tóquio. Vivi estes dias como a única chance para admirar a experiência histórica e humana que, pela via do trabalho e da extraordinária superação, construiu uma nação pujante e um povo de humildade e simpatia comovente e cativante.




Até breve. 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ASSOMBRAMENTOS



O que afinal faz com que um cresça e se desenvolva e outro que estagne e patine? Do que se constitui um povo que diante de uma absoluta escassez, derrota física, moral e econômica se refaz de cinzas de outro que vive na abundância de recursos e não consegue encontrar-se e constituir-se?

Num deu prá vê-lo. Um aglomerado de nuvens caprichosamente tratava de encobri-lo parcialmente ali para acima da metade do seu majestoso corpo rochoso e vulcânico.

O Monte Fuji, símbolo do país com 3776 metros de altura, é um dos 80 vulcões existentes no Japão e se encontra inativo desde 1707. Há épocas em que se promovem corridas até o topo. Um homem de 108 anos de idade e uma mulher de 85 já realizou a façanha.

A seus pés são formados lagos com o degelo das águas que filtram por suas cavidades vulcânicas formando um cenário mais do que deslumbrante. Os antepassados contavam às suas crianças lendas de que em um desses lagos vivia uma dragão malvado. Uma vez um monge budista fez orações ao longo de três dias inteiros e, no quarto dia, o dragão surgiu e disse ao monge que nunca mais faria mal a ninguém e, a partir dali, protegeria os habitantes de todos os povoados existentes às margens do lago.

Em 1964 o imperador Hirohito inaugurou a via férrea sobre a qual voa, literalmente voa, o trem bala. De novo: 1964, há cinquenta anos, começou a aparecer a revolução. Viajamos nele de Tóquio à Quioto, ou Kioto, como queiram. Faz quatrocentos quilômetros por hora a coisa.

A estação em Quioto dá a dimensão da resultante que foi o esforço dessa raça comoventemente humilde, pujante, acelerada que pela manhã, ainda em Tóquio, assistimos dirigindo-se em massa trajando calças pretas e camisas brancas de mangas longas irem para o trabalho. Milhões delas deixando estações de metrôs e, em silêncio, circunspectas e determinadas em direção aos seus escritórios, fábricas, repartições, lojas de comércio.

À noite fomos jantar na estação ferroviária e pude conhecer melhor o lugar. Uma arquitetura construída em estrutura de aço distribuída como são as vestes do povo, múltipla, aparentemente desforme, desconexa, exótica. Doze andares acima do solo e outros tantos subterrâneos que dão acesso aos terminais de embarque e desembarque. Do centro do edifício para o lado oposto que margeia a linha férrea não há cobertura e uma cascata de doze escadas rolantes gigantes cada uma com a extensão de uns cinquenta metros fazem o acesso aos andares onde se movem centenas de milhares, milhões de pessoas todos os dias.

Além de seus cento e vinte restaurantes todos iguais e absolutamente diferentes com as refeições expostas nas vitrines feitas em, suponho resina, que retratam fielmente os pratos que são servidos existem centenas de lojas que vendem de um tudo.

Em uma segunda-feira, como hoje à noite, todos - literalmente todos - os restaurantes estavam lotados. No Japão trabalha-se o dia inteiro como budista e à noite goza-se como xintoísta.

Por volta das vinte e três horas durante a caminhada de volta para o hotel que fica próximo à estação, me fiz a pergunta com a qual inicio este post.

Cada povo escolhe seu dragão e faz para si a história que merece.




Até breve.

domingo, 21 de setembro de 2014

ÚNICA



Há na sala da casa na qual fomos recebidos para uma cerimônia do chá uma inscrição que significa: UMA CHANCE.

O sentido é de aquela experiência deve ser vivida como única. Ninguém que está ali tem certeza que ela poderá se repetir um dia, assim como a vida.

Da cerimônia, que no passado era preparada exclusivamente por e para os homens, os samurais, hoje participam predominantemente mulheres em número muito reduzido de praticantes.

O ritual é rigoroso com um processo que envolve mais de trinta e poucas etapas, repetidas a cada vasilha que é servida aos convidados. Logo no início o grupo responsável pelo preparo nos passou um cartão no qual estão escritas as palavras que deveriam nortear nossa conduta enquanto estivéssemos ali: HARMONIA, RESPEITO, PUREZA E SERENIDADE.

O Japão tem no xintoísmo e no budismo suas religiões principais. Católicos (0,4%) e protestantes (0,6 %) são minoria. No entanto, 90% dos japoneses são xintoístas, 80% budistas e no Natal, 100% cristãos. Assim mesmo, sincretismo puro segundo conveniências. Viva a modernidade!

Durante o dia são budistas, amantes da disciplina e do trabalho. À noite são xintoístas, desfrutam o saquê, arroz e gozam a vida.

São batizados no xintoísmo, fazem o funeral no budismo – para adquirirem a vida eterna – e se casam no catolicismo.

O xintoísmo é politeísta, tem oito milhões de deuses, ou seja, todos os elementos integrantes da natureza. Tanto assim que nos santuários não há representação de nenhum deus.

O Japão desde 660 a.C. até hoje foi governado por 125 imperadores. O primeiro, dizem, desceu dos céus e era bisneto da deusa do sol. Até o ano de 1868 os Shoguns título que os japoneses davam aos proprietários de terra, durante o período feudal, do século XII até meados do século XIX, e aos "chefes militares" que dirigiam o governo, em detrimento da autoridade do imperador, cujos poderes eram simbólicos.

Esses caras mantiveram o país fechado a toda e qualquer influência externa até que surgiu o Imperador Meiji que governou ( de fato) o país durante trinta e cinco anos, período em que o Japão experimentou uma acelerada modernização.

Seu filho Hiroíto o sucedeu ficando no trono de 1901 até 1989. Hoje Akihito, filho de Hiroíto e, portanto, neto de Meiji é o único monarca do mundo que detém o título de imperador e não goza de nenhum poder político.

Akihito tem 78 anos e mora com a esposa imperatriz no Palácio Imperial instalado em uma área central de Tóquio de um milhão de m² - ninguém reclama – e teve três filhos: dois homens e uma mulher.

A filha do Imperador se se casar perde o título de princesa. Ela hoje cozinha, vai a supermercados, dirige seu próprio automóvel e está casada com um funcionário público.

A cidade é deslumbrante, o povo gentil, simpático, educadíssimo. Passeamos por uma avenida larga mantida durante todo o dia fechada para o trânsito exclusivo de pedestres. Fica no bairro de Ginja onde estão instaladas lojas das melhores marcas do mundo e, provavelmente por esta razão, o metro quadrado custa algo perto de duzentos mil dólares.

Respirar em dois mundos, o da tradição milenar contrastando com o que há no estado da arte na modernidade foi uma chance.

Amanhã vamos para Quioto, capital do país até 1868 e que não foi golpeada quando da segunda grande guerra.

Se não estiver o tempo nublado vamos nos deparar com o Monte Fuji. Um outro chá.





Até breve.

sábado, 20 de setembro de 2014



Enquanto isto, eu flano.

Acho que todos, quando crianças, acreditávamos que se furássemos no chão um buraco – bem fundo - atingiríamos o Japão. Agora adulto, vim por cima, pelos céus. De Istambul à Tóquio gasta-se mais doze horas batendo asas e completa-se a diferença para a terrinha do fuso total de doze horas.

O corpo dança, literalmente. Minha cabeça, já pouca, dá sinais agudos de desembroscamento. Piora quando a gente vai saindo do aeroporto de Narita e noventa quilômetros depois de pista inglesa chega-se à capital do Sol Nascente.

Tóquio, de primeira, assusta.

Dois mil e duzentos quilômetros quadrados de área territorial sísmica – uma fêmea com crises intensas ocasionais de TPM entre 3,5° e 4,0° na escala Richter – abrigam treze milhões de pessoas de um total de cento e vinte e oito milhões contadas por todo esse país milenar.

Eu mesmo fiquei cismado ao me deparar com o prédio da prefeitura arraiassando-se à frente do meu hotel. O guia vai logo dizendo que, se rolar um balanço, para que ninguém se agite. Há décadas que a coisa balança, mas não cai.

Sei não, mas por força de lei, e pelo que dizem lei aqui é lei, todas as construções devem suportar variações de até 7,5° na escala. Por diversos viadutos sob os quais passei observei os pilares com amortecedores pneumáticos. Bacana às pampas. Por um ou outro momento torci para que a terra desse um tremeleque só prá eu sentir sensações desorientadas. Como se para mim fosse necessário a terra tremer para eu perder meu oriente.

Quarenta e sete províncias constituem o mapa do país, das quais apenas três abrigam a Grande Tóquio com 38 milhões de seres nativos. A natureza dá o frio conforme o cobertor.

Essa turminha num é desse planeta. Setenta por cento pertence à classe média e reside uma hora à uma hora e meia de distância do centro urbano coberta por um sistema britânico de horários de seus trens. Tudo tem uma razão, assim os japa são magros para se acomodarem divinamente nos vagões, educadamente empurrados nas estações por controladores com suas luvas brancas.

Não há mais edifícios antigos. A maioria deles foi pelos ares na segunda grande guerra. Os outros foram dragados pela revolução e pipocam pela cidade cada um mais próximo do céu e instalados em locais antes ocupados pelo Pacífico.

Sim, porque a ilha para abrigar tanta gente tem que se expandir. Jogam seus restos incinerados em usinas, sobre águas revoltosas onde plantam suas moradas e edifícios comerciais. Passamos por duas dessas usinas que mais se assemelham a shoppings com suas altas torres de evasão dos gases. Surpreendentes.

Aqui e ali a gente se depara com extensas e altas redes de proteção para a contenção de pequenas bolinhas. De golfe. Os grandes, assim chamadas as pessoas que têm sucesso, praticam o esporte.

Homens de negócios seguem um ritual nipônico na tratativa com seus clientes. Primeiro levam os adversários para uma partida de golfe e ao longo de todo o tempo não tocam no assunto que os levaram ali.

Depois rola um jantar predominantemente regado por saquês. Pilequinho adiante os clientes disputarão com os nativos um desafio no Karaokê. Os japoneses, homens de negócio, nunca ganham de seus clientes. Só no Karaokê.

Passeei pela cidade depois de ter deixado nossas malas no hotel. Frenesi, apesar de ser sábado, e me encantei com a pluralidade estética de seu povo nativo. Especialmente pelos jovens. Não há nada neles igual. Cada um, à sua maneira faz seu look, exótico é pouco para dar conta.

Cabelos coloridos magamentes, botas, camisetas mucholôcas, pircings por orelhas, base de olhos, narizes afora. Enquanto Ela inqlopesquisava, eu fiquei esse tempão com os olhos postos sobre a intensa movimentação dos corpos. Puta diversidade, um esplendor.

Olhando bem as mulheres, piradézimas, sem muito esforço se encanta. Um barato a meninada. Lindas. Loucas, saltos, cores e sorrisos.

Já gostei do Japa. Embora não toparia viver nessa acinzentada concretude, apesar de sísmica.



Vista parcial da Prefeitura de Tóquio


Até breve. 

IRREVERSÍVEL


Explico-me melhor. Nada contra o preto ou ao branco, muito menos contra o azul, o amarelo, o verde ou ao grená claro ou escuro.

Não sou afeto a matizes. Só que um olhar me induz e aí, num tem jeito, opino.

Eu dizia no post anterior de uma tragédia. A democracia brasileira extraordinariamente aberta, franca e direta leva ao país, a cada eleição, a se ver de forma mais nítida.

A escolha da grande massa explicita uma fidelidade inequívoca ao desejo da maioria de seus cidadãos, livres e soberanos, na escolha de seus representantes.

Eu, como tantos, integrantes de uma elite rarefeita e com universos cada vez mais amplos tanto no espectro horizontal quanto vertical, podemos não concordar com a resultante, mas feliz ou infelizmente trata-se da conquista nacional a do direito de todos os cidadãos, para não dizer o dever, de escolher os seus representantes.

Muitos já disseram que o povo não sabe votar. E daí? Daí que na medida em que a grande massa, não possuindo os atributos intelectuais e cívicos capazes de lhe permitir a avaliação da complexidade dos desafios nacionais, escolhe como seus representantes aqueles com os quais mais se identifica, muitas das vezes sob refinados processos de sedução e convencimento dos pleiteantes.

Não há nada de novo. O que talvez haja de importante, daí minha ocupação com o tema é que, nunca na história deste país, chegamos a um quadro tão delicado quanto no presente.

A escolha – mais do que legítima pela massa – de seus representantes para ocuparem os postos de comando tanto no executivo quanto no legislativo estadual e federal que, por extensão, levarão à nomeação dos integrantes do judiciário, sinaliza para um corpo dirigente extremamente frágil e despreparado para o enfrentamento dos desafios que uma nação do porte da nossa está exposta.

Conjugada com o mesmo fenômeno que ocorre aos nossos vizinhos nos passa a sensação de continuidade de uma América Latina cada vez menos aparelhada para alcançar padrões de desenvolvimento que todos, sobretudo os da grande massa, desejamos.

Para Darwin evoluir  não significa sempre para “melhor”.

Fosse eu médico, eu diria: o paciente “evolui” para óbito.



Até breve.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

CINZA



Treze horas de voo (uma de BH à São Paulo e doze de São Paulo à Istambul) e quatro filmes depois, desembarcamos na Turquia para uma parada técnica como recomendado pela nossa agência de turismo. Seguimos hoje mesmo para Tóquio em mais doze horas dentro de um pássaro de aço.

Nebraska - um dos filmes - é uma melancólica história de sonhos desfeitos e de perseverança. Viajamos, na tela em preto e branco, por uma América abandonada, desencantada e sem esperança. Ao receber pelo correio uma carta de um sorteio, o velho Woody Grant acredita estar rico e o seu filho David vê-se obrigado a acompanhá-lo numa viagem para reclamar a sua fortuna. Nebraska é o destino de pai e filho, que partem numa jornada ao longo de quatro estados norte-americanos, onde reencontram velhos amigos e família.

O argumento original é apaixonante desde o primeiro momento e inesperado, até ao fim. Nada é previsível ou cai no cliché, o humor é arrasador, sarcástico, chegando a ser cruel. As personagens são simples, mas profundas e a viagem até Nebraska é uma lição de vida para pai e filho - e plateia. A família é parte fundamental da longa-metragem, seja pela fabulosa relação pai/filho, seja pelo reencontro com a família interesseira e disfuncional de Woody.

Ao mesmo tempo, um triste retrato pintado em tons de cinza que revela toda a beleza da tragédia, mostra-nos o lado mais obscuro dos Estados Unidos da América, desolado e sem futuro.

Woody e David percorrem um longo caminho em busca de um sonho do patriarca. A conquista vai, contudo, muito para lá da desejada fortuna. A relação entre o par que nos guia por esta América perdida cresce a cada cena, e resulta numa grande prova de amor de um filho a um pai. As personagens dão-se a conhecer e vão-se revelando - a nós e umas às outras. Woody, de saúde débil e dependente do álcool, sabe bem o que quer, e não desiste, ama os filhos apesar de não o demonstrar da melhor forma, e é dono de um passado que deixou marcas profundas. Provavelmente, David nunca conheceu tão bem o pai como durante os dias que passaram juntos, até Nebraska.

Nebraska é uma história de família, numa América esquecida, que nos lembra de que há laços e valores que nenhum milhão de dólares é capaz de pagar.

Labor Day, outro filme, apresenta uma família dividida por um divórcio. Mãe e filho vivem sozinhos. O garoto vê o pai e sua nova família aos domingos e se sente responsável por cuidar da mãe. A vida da mãe e do filho é abalada, porém quando, em uma manhã de verão, são abordados dentro de um supermercado por um fugitivo da prisão e são forçados a levá-lo para casa. Reféns da situação, os dois não têm outra opção a não ser cooperar.

Durante os cinco dias em que o fugitivo fica em sua casa o menino, de treze anos, aprende algumas das lições mais importantes da sua vida: como lançar uma bola de baseball, como fazer uma torta, como não sofrer com a inveja, o poder da traição e a importância de pensar nos outros antes de si mesmo.

O terceiro filme que assisti a bordo foi A Negociação com Richard Gere. Às vésperas de vender sua empresa milionária um magnata da bolsa de valores, envolve-se em um acidente automobilístico causando a morte de uma pessoa.

A trama aponta o ambiente de negócios e a relação do protagonista com sua família. Em ambos os universos paira um clima de intrigas, perversões e condutas pautadas por falsidade extrema.

O quarto e último filme é Grande Hotel Budapeste. Uma fã visita a estátua de um escritor, tendo em mãos o livro de memórias dele. Quando ela abre o livro, surge o início do enredo. Alguns anos antes, o tal escritor, reconta sua passagem, na juventude, em 1968, pelo já decadente hotel do título, localizado em Zubrowka - república nos Alpes europeus que, embora fictícia, não passou incólume pela influência sovíética no pós-guerra. Do proprietário, o escritor escuta um relato que remonta a 1932, quando o hotel, no seu auge, foi palco de um imbróglio envolvendo o concierge Gustave, uma viúva rica, herdeiros ardilosos e uma pintura inestimável.

O escritor diz em cena que escritores não inventam histórias, mas reproduzem o que veem e o que escutam.

Nada ocorre por acaso, nem às nuvens. Assistir aos quatro filmes embolou-se com algo que vem me assolando: a tragédia do contemporâneo.

Li, esta semana, que uma igreja que integra 12 milhões de fiéis está se organizando para a instalação de um partido político. O rol de candidatos que se apresentam nos programas gratuitos (?) na TV são alarmantes. A democracia brasileira a cada dia fica mais perigosa.

Num sei, mas a vida real vai ficando cada vez mais em preto e branco. Nada contra as cores, naturalmente.

De resto, assistam aos filmes. Pura ficção.



Até breve. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

TREM



Pois é.

Há muita queixa de que as questões estão chegando prontas à moda googleana. Vai-se ao médico para contradizê-lo no diagnóstico. Não há duvidas, mas infinitas certezas.

A explicitação acoberta apenas os porquês e os destinos e aí é que mora a chance. Tudo verga ao óbvio da extensão do supostamente conhecido. Em qualquer campo sabe-se e não é pouco. Um click só, agiganta.

Se mora aí a chance, mora também o perigo. Vai que nesse emaranhado surge. Fazer o quê? Às vezes também com quem, já que todo mundo é deste mundo?

Não sei se outrora foi assim, desse turbilhão, acho que não. Antes tinham as correntes, escolas do pensamento aonde se hospedar. Recebia-se na identidade o sufixo da escola. Tipo: ista ou ano, ou seja, marxista, leninista, freudiano, assim.

Jabor disse ontem no Roda Viva que, consultado um amigo filósofo francês sobre qual a corrente que está rolando, recebeu como resposta: “Num tem. Tá todo mundo deprê!”

Também não é para tanto, acho que é assim. Assim como? Pergunte-se.

Viver foi pensado no erro já que é para frente, no não andado. E quem busca andar busca angústia da grossa até nos micros do cotidiano. Eu, de mim, por exemplo, não compreendo nem mesmo as estações do clima. Toda hora tem um agasalho no verão, um guarda-chuva no inverno, um florir e um reflorir das mangas, jabuticabas,  assim sem menos nem porquês fora de “época”.

Então o tempo, esse obscuro, perdeu calibragem e amordaçamentos e, o pior, corre mais rápido do que o sempre.

À frente aí tá chegando um novo ponto que a gente, todos, sabemos que chega. Alguns têm certo que há de haver algo para além dele, tipo eterna.

Eu acho muito.

Assim, fico:


Até breve.


NOTA: Amanhã embarco para uma viagem de 26 dias à Asia. De lá, pontuo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ILUMINURAS



O post anterior é categórico, elucidativo, esclarecedor. Depois dele achei que deveria poupá-los de textos outros por um bom tempo. Pelos menos dos meus textos, sendo pretensioso, como de resto, sou sempre.

Poucos devem ter visto no corpo do post um ponto. Um ponto final. Um único ponto. Mais abaixo, como de costume, a assinatura com o Até breve.

Pois bem. Onde esteve o silêncio? Anterior ao ponto, portanto meu, ou posterior ao ponto, portanto seu? De quem é o silêncio, ainda que refletir seja quase impossível sem a linguagem.

O meu é explícito, porque ausente. O nada escrito convida a você a se perguntar do que está para mim antes do ponto. E se for só o meu silêncio? De resto, até mesmo o próprio, será preenchido somente por você mesmo.

Entre o ponto e a assinatura o que há? Uma expectativa natural de que eu voltaria em algum momento a preencher o espaço então deixado vazio. Vazio? Como, se disse acima que fatalmente você o preencheria?

Exemplo: recebi uma manifestação de pessoa próxima. “Você quis se referir ao atentado de onze de setembro?” Juro a você que não.

Então a quê?

À quê? Eu pergunto, me colocando depois do ponto, passando a você, portanto, a tarefa.

Lembro-me que, certa vez no primeiro dia de um seminário sobre Liderança que eu conduzia, entrei na sala e cumprimentei os participantes que estavam sentados em cadeiras sem mesas e em formato de U. Peguei uma cadeira e assentei-me a frente do grupo de uns sessenta executivos.

Não disse nada.

No início, até que percebessem a minha postura como de aguardo para que prestassem atenção em mim, havia um alarido. Aos poucos foram fazendo silêncio e começaram a fazer indagações, primeiro à mim, depois entre si, até que minutos depois um após o outro foram saindo da sala.

- Que loucura é essa? Você não vai dizer nada?



Até breve.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

QUALÉ



“A paixão é uma das perfeições disponíveis para experimentares, é um dos raros momentos em que espontaneamente ofereces tudo de ti sem nada poupares, sem fazeres planos nem te movimentares de acordo com estratégias para satisfazer segundas e terceiras intenções. Apaixonar-te é, metaforicamente, perderes a cabeça, não te importares em ter ou não razão, te esquecer de competires para ganhar terreno e conquistar adversários; apaixonar-te é, na prática, um ato de rendição, no qual não te importa que façam de ti o que quiserem fazer. Porém, e como um paradoxo interessante, quando te apaixonas e apesar da rendição, não há qualquer sinal de fragilidade em ti, pelo contrário, sentes claramente a energia divina circular através de ti, em ti, sem ti e te integras ao colossal corpo cósmico da Vida.” (Oscar Quiroga)

É que eu estou com uma tchurma de afins que vem tramando um encontro com outros afins para levarmos um papo, tipo cabeça, para refletir sobre o conjunto de novas realidades e, se for o caso, ver qual é.

Gente boa que tem preocupação e ocupação com o que está rolando e como tocar o barco adiante e, se for o caso, nos levar junto como contribuidores e até contribuintes.

Nos próprios encontros da tchurma para tramar a coisa, em algumas reuniões, tememos muito não encontrar adeptos para algo aberto, sem objetividade, sem propósito conhecido e sairmos da empreita frustrados e menos ricos, já que rolará uns trocados na partida custeados por nós da tchurma. Achamos que o convite tinha que contemplar uma janta e em local bacana.

Rolou uma química legal e resolvemos enfrentar a onça. Estamos na fase de convidar os incautos. Eu mesmo fiz contato com alguns e, para surpresa minha, toparam.

Ontem fiz uma compra com cartão de crédito e, antes mesmo de eu receber o produto, ouvi o sinal de mensagem da administradora do cartão no meu celular. Ninguém suportará tanta instantaneidade por muito mais tempo.

Saudosismo um catso! Eu fiquei pensando que houve um tempo que as relações se estabeleciam entre pessoas. Você dava um tanto, a pessoa elaborava o valor e, se fosse o caso, lhe dava um troco.

Que organizações estamos construindo?

Pesquisa, divulgada esta semana, realizada com a participação de mais de quinhentas empresas que operam no Brasil, nos dá conta de que a principal causa da perda de produtividade resulta, para mais de oitenta por cento dos entrevistados, na incompatibilidade da vida pessoal e profissional.

Traduzindo melhor, as pessoas não gostam do que andam fazendo.  

A tchurma de afins milita a trocentos anos no ambiente organizacional e quer fazer, sim, fazer, alguma coisa que signifique nem que seja prá sua própria vida.

Pura paixão.



Até breve.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

DELAÇÕES



- Foi sete a um!

- Não foi!

- Todo mundo viu...

- Todo mundo quem?

- Todos que estavam no estádio, na televisão, na internet, no rádio...

- O rádio não tem imagens... Ninguém pode ter visto!

- Existem inúmeros textos a respeito, reportagens, súmulas...

- Pode ter sido tudo montagens.

- Como?

- Hoje se pode tudo, para destruir alguém.

- Você acredita mesmo que não aconteceram os sete a um?

- Não se trata de acreditar...

- Trata-se do quê, então?

- Que importância que tenha acontecido?

- Como?

- Lógico, nem tudo que acontece merece consideração.

- Mas foi ou não foi sete a um?

- Não me lembro.

- Não se lembra?

- É...  Eu não me obrigo a lembrar de tudo não.

- Posso te mostrar provas irrefutáveis...

- Que provas? De quem?

- Vídeos, textos, jornais, fotos, evidências mais do que contundentes... Se quiser depoimentos dos que estavam em campo...

- OK. Pode mandar então, vou examinar dentro dos parâmetros estabelecidos e seguindo o rigor dos procedimentos convencionados e darei o meu veredicto.

- Mas é um assunto urgente... É importante que seja breve, imediato!

- Não se pode precipitar em denúncias como estas.

- Denúncias? Todo mundo sempre soube?

- Vou investigar e punirei exemplarmente os responsáveis. Claro se for procedente.


O mundo atual amoralizou os fatos.



Até breve.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

CHULISSE



Recebi recriminações por força dos meus últimos posts: uso abusivo de termos chulos, temática imprópria e outros seremelens.

Fazer o quê?

Corrupção e Política são gêmeas siamesas. Não só aqui, é bom que se diga. Aqui, de forma mais explícita, pornográfica face ao primitivismo, ingenuidade e pancadisse de nós, os brasileiros.

Veja você o dispositivo legal da delação premiada. Se você disser a verdade receberá como bônus uma pena menor. O cara pensa: eu estou preso mesmo, então dane-se todo mundo e eu vou é espalhar caca por todos os lados.

O diretor da companhia estatal mandou ver nos depoimentos feitos, e depois criptografados, à Polícia Federal. Citou nomes dos comparsas, entre eles dos nossos mandatários do Legislativo e outros deputados e senadores expressivos da República. Três governadores, um deles o ex de Pernambuco, falecido em acidente aéreo.

Nem nisso vê-se inovação. Todos estamos enojados de saber que o Casino Brazil - assim mesmo com Z dada a extensão internacional - está aberto há muitos e muitos séculos e toda hora que surge um ou outro caso de estouro da banca fazem parecer inédito e relevante.

Na linha dos que me recriminaram pelos meus posts trepados, tudo imoralidade pura, deveríamos esconder de vez os fatos e aceitar que os bandidos locupletem-se, façam suas orgias no federal, no estadual, no municipal, na associação de bairros e que a imprensa e ninguém mais publique, divulgue, comente sobre o feito.

Será mesmo melhor assim, porque continuaremos com a convicção de que o poder é, em si, corrupto e corruptor, e que é utópica e ilusória a intenção de alguém lutar para modificar está máxima.

Hoje, andando pela, rua me deparei com um fusca estacionado tipo mil novecentos e setenta e poucos, todo distruído (assim mesmo com i para dar uma ideia do estado do veículo). No vidro lateral um adesivo:

“E se começássemos tudo de novo sem a roda e o fogo?”

Na linha do que verdadeiramente interessa e para seguir os princípios e primórdios que sustentam a linha editorial deste quase notório veículo de manifestação solitária e, ainda, por pura falta de criatividade fecho este post com o de sempre: meus netos.

Considerem, por favor, a atenção do Valentin à história de Noninha. É mais ou menos assim que me vejo assistindo noticiários.




Até breve.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

INCLINADO



Eu mesmo não vou votar no primeiro turno.

No dia 05 de outubro a previsão é de que eu esteja em Bangkok, Tailândia. Durante o dia estarei no Mosteiro Real: o templo do mais antigo e maior BUDA reclinado do país, folheado a ouro reluzente. Os pés são incrustrados de madrepérola.

Na sequência visitarei o templo do Buda de Ouro, cuja imagem pesa cinco toneladas de ouro maciço.

Prosseguindo, conhecerei o monumental complexo do Palácio Real, antiga residência da monarquia, e uma grande vitrine da arte e da arquitetura tailandesa.

Em seguida, visitarei o Buda de Esmeralda, que na verdade é de jade, o mais venerado símbolo budista da Tailândia.

Lembro os doze princípios que sustentam o budismo:
1.      A auto-salvação é uma tarefa urgente para qualquer homem. Se um homem jaz ferido por uma flecha envenenada, ele não atrasará a sua extração para pedir detalhes a respeito de quem a atirou ou do comprimento e fabricação da flecha.
2.     primeiro fato da existência é a lei da mudança ou impermanência. Tudo o que existe, de uma mancha a uma montanha, de um pensamento a um império, passa pelo mesmo ciclo de existência: nascimento, crescimento, decadência e morte.
3.    Ninguém é nunca o dono da vida que flui em si, assim como a lâmpada elétrica não é dona da corrente que a faz brilhar.
4.      O homem é o único criador de suas circunstancias. Sua reação a elas, cria sua condição futura e seu destino final.
5.      A vida é una e indivisível, ainda que suas formas que sempre mudam sejam inumeráveis e perecíveis. Na realidade não há morte, embora todas as formas devam morrer.
6.      Sendo a vida Una, os interesses da parte serão os interesses do todo.
7.      Cessar de fazer o mal, aprender a fazer o bem, purificar sua própria mente.
8.   Todos os homens e todas as outras formas de vida contem a potencialidade da Iluminação e o processo consiste, portanto, em tornar-se naquilo que você é.
9.      O Caminho deve ser trilhado pelo homem inteiro e não apenas pelo que há de melhor nele. Coração e mente devem ser igualmente desenvolvidos.
10.  A vida interior é tão importante quanto o corre-corre cotidiano e períodos de quietude para a atividade interior são essenciais para uma vida equilibrada.
11.  Nenhum homem tem o direito de interferir na jornada de seu vizinho para a Meta.
12.  O homem sozinho é o único criador de sua vida presente e determinador de seu destino.

Eu tenho dedicado boa parte de minha atenção às eleições. É de se perguntar: Cacilda, e essas cinco toneladas de ouro que eternizam o Buda que viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos VI e IV a.C.?

Deve ser horrível ter que se responder. Vou esperar o dia 05 de outubro para ver se me Ilumino perante esmeraldas.



Até breve.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PRAZERES



Gozaram, praticamente juntos. Então, exausta, ela saiu de cima do corpo dele. Foi bom? - ele perguntou. Olha, quero que você leve pra consertar o ventilador, porque está entrando o verão e está ficando de não aguentar. Aproveita e leva a TV do quarto da Glorinha que eu não quero mais empregada vendo conosco a novela na sala de visitas.

Gozaram, ela primeiro. Então, exausto, ele saiu de cima do corpo dela. Foi bom? - ele perguntou. Não se esqueça de pegar o documento na imobiliária, e já que você está no centro, traz prá mim um cortador de unhas lá daquela lojinha que fica do lado do prédio da imobiliária. Você sabe qual é não sabe?

Gozaram, juntos. Então, exaustos, eles apenas se afastaram um pouco. Foi bom? – ele perguntou. Não aguento mais nossa geladeira, não tem jeito de você mandar arrumar aquela droga? Glorinha falou que o sujeito com quem ela anda saindo é um pau prá toda obra, quem sabe ele num dá conta?

Gozaram, ele primeiro. Logo depois que saia de cima do corpo dela, ela afoita: lembrei do que queria te falar. Aquele pacote de férias prá praia tá na promoção de seiscentos em dez vezes sem juros no cartão. Eu acho que tá ótimo, e você? É praticamente o preço da passagem de ônibus e o hotel tem café da manhã...

Gozaram, praticamente juntos. Ficaram um tempo ainda entrelaçados, exaustos. Foi bom? – ele perguntou, roçando os lábios no ouvido dela. É que eu estou tão preocupada com meu salão, as clientes têm reclamado da Nena, a manicure. Acho que eu vou arrumar outra.

Gozaram, ela bem depois. Foi bom? – ele perguntou. Não sei por que você me faz aquela pergunta durante o jantar até hoje? Quando que você vai parar de me perguntar quanto eu gastei no sacolão? Que diabos!!!

Não gozaram, apesar dos esforços. Exaustos, ficaram um ao lado do outro olhando fixamente para o teto. Em silêncio, ambos.

Não gozaram, apesar dos esforços. Exaustos, ficaram um ao lado do outro olhando fixamente para o teto. Em silêncio, ambos.

Não gozaram, apesar dos esforços. O que está acontecendo? – ele perguntou. Mamãe me disse hoje que o papai não está nada bem e ela continua com aqueles gases. Já já vamos ter problemas com ambos, você não acha? Ah, esqueci de te dizer: mandei a Nena embora.

Gozaram rápido, quase aflição, praticamente juntos. Foi bom? – ele perguntou. Sabe que eu estou hiper feliz? Não tem a menor reclamação da menina que eu pus de manicure. Ah, meu Deus, como é bom! Ah, então foi bom, afinal? – ele perguntou. Nem me fale de Nena, nunca mais, por favor.

Gozaram uma, duas, três vezes, durante uma única noite na praia, a seiscentos reais o pacote em dez vezes sem juros com café da manhã. Exaustos, quando o dia amanhecia, ela com a cabeça sobre o peito dele perguntou: foi bom? Não sei como será a volta. Essa porcaria de carro tá com os bicos entupidos. É bem provável que nos deixe na estrada.



Até breve.