quinta-feira, 21 de agosto de 2014

REDUNDO



“Ninguém quer mexer nas questões delicadas e profundas, porque isso afetaria o humor de todas as pessoas envolvidas, e provavelmente não para melhor. Porém, não dá mais para continuar guardando ressentimentos.

O grande perigo de perderes a capacidade de te indignar diante da ignomínia consiste em que também perderias a capacidade de te maravilhar diante dos espetáculos, objetivos e subjetivos, que a Vida te oferece. A sequência tão frequente de infâmias, pequenas e grandes, que o mundo anda produzindo acabou te anestesiando, pois existir em constante mau humor faz mal à saúde. O mal-estar é geral e ainda por cima há também as tuas questões particulares, que te fazem ficar de frente com verdades duras, reconhecimentos que não podem ser protelados. Cuida, então, para que te coração não se amargue, renova a confiança, recupera a capacidade de te maravilhar com pequenos assuntos, pois o dia em que teu coração se render à amargura terás dado o passo definitivo para te converteres naquilo que hoje desprezas.”

É de todo provável que nos reste resignar-se ou indignar-se. Ambos com efeitos inócuos na transformação da realidade objetiva. Resignar-me por força da consciência de que os fenômenos que constituem a ordem geral das coisas são de tal expressão que nada e nem ninguém será capaz de mudar o curso preocupante da História.

Indignar-me, além do impacto do mau humor á saúde, só servirá para afastar-me de eventuais amigos e leitores enfastiados com tanto denuncismo recorrente, pedante e exaustivo. Há quem já não acesse o dasletra por isto.

Abstrair-me destas questões e maravilhar-me com pequenos assuntos, como diariamente poder estar com meus netinhos, seria um bom caminho.

Escuto só dos nanicos, algo concreto. Privatizar empresas, como a Petrobras, mantendo o bem nobre (as reservas naturais) de propriedade da União. Taxar agressivamente a renda de pessoas com patrimônio superior a R$50 milhões e os lucros de bancos privados, com transferência imediata para riquezas econômicas e sociais, como infraestrutura, saúde, educação e segurança.

Efetividade na Justiça. Rapidez na apuração, penas curtas e detenções sumárias e exemplares. Construção de colônias produtivas para apenados que receberiam educação profissionalizante de qualidade e lições de empreendedorismo. Inclusão de crimes de desvios de verbas destinadas a programas sociais na categoria de crimes hediondos, portanto, sem direito a fiança, recursos ou embargos declaratórios e todo tipo de embromamentos jurídicos mais do que conhecidos.

Investimentos maciços em tecnologia e inovação com incentivo a descoberta e desenvolvimento de talentos em diferentes áreas do conhecimento e da ciência com programas de benchmark nas melhores escolas e centros de desenvolvimento do mundo.

Saúde preventiva com intensa ação sobre obras de saneamento básico e avançado, além de programas de educação alimentar, esportes para a criança e a juventude além de preparação para o envelhecimento.

Busca de parcerias internacionais para o desenvolvimento de ações efetivas no campo das relações diplomáticas em prol de mitigação nefasta de conflitos étnicos, religiosos, raciais e geográficos. Inserção da Nação na cena internacional como moderna e orientada à Vida.

Os nanicos não têm discurso político convencional porque sabem que ninguém os ouviria. Talvez por isto eles trazem estas propostas efetivas que poderiam ensaiar um processo real de enfrentamento das grandes questões do contemporâneo.

E a mim, com minha capacidade de maravilhar-me, o que resta? Noninha e suas bonecas que, enquanto escrevo este post, criançam sobre mim.

Um sentimento de que, há muito, só escrevo este post.




Até breve.

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