“Ninguém quer mexer nas questões delicadas e profundas, porque isso
afetaria o humor de todas as pessoas envolvidas, e provavelmente não para
melhor. Porém, não dá mais para continuar guardando ressentimentos.
O grande perigo de perderes a capacidade de te indignar diante da
ignomínia consiste em que também perderias a capacidade de te maravilhar diante
dos espetáculos, objetivos e subjetivos, que a Vida te oferece. A sequência tão
frequente de infâmias, pequenas e grandes, que o mundo anda produzindo acabou
te anestesiando, pois existir em constante mau humor faz mal à saúde. O
mal-estar é geral e ainda por cima há também as tuas questões particulares, que
te fazem ficar de frente com verdades duras, reconhecimentos que não podem ser
protelados. Cuida, então, para que te coração não se amargue, renova a
confiança, recupera a capacidade de te maravilhar com pequenos assuntos, pois o
dia em que teu coração se render à amargura terás dado o passo definitivo para
te converteres naquilo que hoje desprezas.”
É de todo provável que nos reste
resignar-se ou indignar-se. Ambos com efeitos inócuos na transformação da
realidade objetiva. Resignar-me por força da consciência de que os fenômenos
que constituem a ordem geral das coisas são de tal expressão que nada e nem
ninguém será capaz de mudar o curso preocupante da História.
Indignar-me, além do impacto do mau
humor á saúde, só servirá para afastar-me de eventuais amigos e leitores
enfastiados com tanto denuncismo recorrente, pedante e exaustivo. Há quem já
não acesse o dasletra por isto.
Abstrair-me destas questões e
maravilhar-me com pequenos assuntos, como diariamente poder estar com meus
netinhos, seria um bom caminho.
Escuto só dos nanicos, algo
concreto. Privatizar empresas, como a Petrobras, mantendo o bem nobre (as
reservas naturais) de propriedade da União. Taxar agressivamente a renda de
pessoas com patrimônio superior a R$50 milhões e os lucros de bancos privados,
com transferência imediata para riquezas econômicas e sociais, como
infraestrutura, saúde, educação e segurança.
Efetividade na Justiça. Rapidez na
apuração, penas curtas e detenções sumárias e exemplares. Construção de
colônias produtivas para apenados que receberiam educação profissionalizante de
qualidade e lições de empreendedorismo. Inclusão de crimes de desvios de verbas
destinadas a programas sociais na categoria de crimes hediondos, portanto, sem
direito a fiança, recursos ou embargos declaratórios e todo tipo de embromamentos
jurídicos mais do que conhecidos.
Investimentos maciços em tecnologia
e inovação com incentivo a descoberta e desenvolvimento de talentos em
diferentes áreas do conhecimento e da ciência com programas de benchmark nas melhores escolas e centros
de desenvolvimento do mundo.
Saúde preventiva com intensa ação
sobre obras de saneamento básico e avançado, além de programas de educação
alimentar, esportes para a criança e a juventude além de preparação para o
envelhecimento.
Busca de parcerias internacionais
para o desenvolvimento de ações efetivas no campo das relações diplomáticas em
prol de mitigação nefasta de conflitos étnicos, religiosos, raciais e
geográficos. Inserção da Nação na cena internacional como moderna e orientada à
Vida.
Os nanicos não têm discurso
político convencional porque sabem que ninguém os ouviria. Talvez por isto eles
trazem estas propostas efetivas que poderiam ensaiar um processo real de
enfrentamento das grandes questões do contemporâneo.
E a mim, com minha capacidade de
maravilhar-me, o que resta? Noninha e suas bonecas que, enquanto escrevo este
post, criançam sobre mim.
Um sentimento de que, há muito, só
escrevo este post.
Até breve.
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