segunda-feira, 4 de agosto de 2014

DOISMILEQUATORZE




Assisti ontem na TV CULTURA documentário sobre a escritora Ruth Klüger e no MaxPrime ao filme LORE.

Viena, 1938. Uma menina de sete anos está de cama, doente, e ouve, vindos da rua, os gritos daqueles que celebram a anexação da Áustria pela Alemanha nazista. Vivendo no interior da comunidade judaica, Ruth Klüger viu sua cidade natal ser convertida gradualmente em uma espécie de prisão. Deportada em 1942 junto com sua mãe para o campo de Terezin, foi transportada num trem de carga em 1944, aos doze anos de idade, para Auschwitz-Birkenau. De lá escapa no último minuto, ao ser escolhida para compor um grupo de trabalhos forçados em Christianstadt.

O documentário contempla a vida de Ruth, hoje com 72 anos de idade, entrevistando seus dois filhos e a visita de um deles com ela à Viena depois de viverem durante cinquenta anos nos EUA.

Normalmente, quando lembramos do final da Segunda Guerra Mundial, somos apresentados a histórias de guerra heroicas, ou sobre algum sacrifício envolvendo a sobrevivência de judeus, como no caso do documentário sobre Ruth Klüger. Mas o que aconteceu com os filhos de alemães que se envolveram diretamente com o nazismo?

Uma época trágica, de grande sacrifício e perdas sempre tem muitas histórias impressionantes. Algumas contadas com muito mais frequência que outras. LORE, por sua vez, é um destes filmes que conta algumas destas histórias menos conhecidas.

Enquanto toma banho e penteia o cabelo de forma enérgica, Lore conta os passos de um jogo de amarelinha que leva do inferno até o céu. A irmã dela, Liesel está brincando, fora de casa, quando o cão da família começa a latir. Elas estão na Alemanha nazista. Lore olha pela janela, e vê que um caminhão do Exército alemão chegou. Descendo a escada, ouve a mãe, Asta e o pai, Peter, conversando. Ele diz que eles poderão levar apenas o que couber no caminhão. Asta não parece satisfeita. Em pouco tempo, Lore, Liesel, os gêmeos Gunter  e Jürgen e o bebê Peter fogem com a mãe. Este será apenas o início do calvário desta família de alemães no final da Segunda Guerra Mundial.

O exército alemão entrou em colapso. O Terceiro Reich chegou ao fim e os aliados ocuparam a Alemanha na primavera de 1945. Esta situação faz com que a família da jovem Lore se desintegre, já que seu pai, um oficial da polícia nazista, foge às pressas e logo é seguido pela mãe. Lore recebe instruções para levar seus quatro irmãos mais novos ao encontro da avó, que vive na distante Hamburgo, precisando enfrentar a fome, o frio e os perigos inerentes da viagem.

O povo alemão, que com o fim da guerra não pertencia a lugar nenhum - mesmo dentro de suas próprias casas, observava incrédulo a verdade por trás das atrocidades de Hitler. Para muitos, aquele massacre divulgado por meio de fotos era uma mera montagem dos americanos.

Lore teria custado 4,3 milhões de euros e faturado, nas bilheterias dos Estados Unidos, quase US$ 969 mil. E na Austrália, país natal da diretora do filme, pouco mais de 296,5 mil dólares australianos. Pouca gente se sensibiliza com o passado e não quer saber sobre o presente.

O futuro?

No sábado comemoramos os dois anos de Noninha. Ela passou o dia intensamente feliz a ponto de em um momento da festinha, que aconteceu no salão do nosso prédio, sua avó a levava para o apartamento para trocar fraldas e ela indagou:

- Vovó, cadê a minha festa?

Li ontem a revista do Hospital Mater Dei na qual consta uma coluna de seu fundador Dr. Salvador. Nela o extraordinário médico lembra Martin Luther King quando disse: “podemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a ESPERANÇA infinita”.

Em que pese Sírias e Orientes, esperamos em Noninha, Tim,Tetéo, Léos, Arthurs, Ninas e tantos outros que ainda virão como Antônio.




Até breve.  

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