domingo, 24 de agosto de 2014

DESMELANCOLIR




Não é possível que não haja nada que valha a pena de presente. Não é possível ocupar corações e mentes só com perspectivas sombrias. Não é sã a suposição de que alguém possa se interessar pelo conjunto.

Já é passada a hora de um desligamento da agressiva vertente enviesada por uma praxis política denuncista, vazia, pedante e malvinda. Não é possível que não haja mesmo nada sobre o qual encantar-se o coração.

À luz do post anterior ficar, como a família Pig, que adora brincar na lama.

Basta!

Vamos desenhar um real azul de brigadeiro de chocolate pipocado de confeitos açucares. Vamos perder de vista o olhar esquêrdico, endireitar nosso campo de perspectiva e colocarmos ao gosto do prazer dos tempos que para esses a humanidade nunca teria atingido um ponto de desenvolvimento como o atual.

Por quê não abrir para um diário íntimo e agradecer a cada segundo as dádivas da Vida? Voltar a escrever viagens em balões, diálogos com Noninha, nascimentos de rebentos próximos. Camileta já gesta mais um. Outro dia mesmo a casa estava vazia, agora como diz Catarina, ela tem um amigo que se chama Agulhô, assim como se sobrenomearão um de seus priminhos.

Por quê?

Por quê não investir em tantos anos vividos em organizações de porte e setores os mais complexos e diversificados e deixar uma contribuição efetiva? Tantas teorias e instrumentos de gestão concebidos ao longo de uma carreira relativamente exitosa.

Por quê?

Por quê não comentar encontro com amigos queridos do presente e do passado como um Elias, lá pelos idos de 1974, há quarenta anos atrás portanto, e relembrar inúmeras noitadas de Drink Dreher e papos sobre a Vida. Estávamos em Alto Garças, Mato Grosso, empregados de uma empresa que construía uma estrada federal. Eu com os meus vinte e dois e ele próximo dos cinquenta anos de idade.

Ou com Dennis, Barreto e outros dos tempos da Fafich em que pelo olhar da música, da poesia ou da prosa iríamos inventar o novo.

Por quê não escrever um livro de romance doce? Compor uma canção? Fazer um verso? Um vídeo de Noninha fazendo Tim perder o fôlego às gargalhadas.

Por quê?

Algumas palavras, trechos de filme, pedaços de melodia, frases me marcaram indelevelmente por todos os meus dias. São essas tatuagens no meu espírito que ainda governam o meu estar.

Lembro, agora e sempre, de uma de Vladimir Maiakovisk:

"Minha mãe me pergunta como posso ser um revolucionário se não sou capaz de matar uma mosca. E eu a respondo: sou revolucionário porque luto por um tempo em que eu não tenha que matar uma mosca."

Ou como essa que ouço no Ipod, Clube da Esquina na voz de Milton:

"No claro do dia eu me encontrarei."



Até breve.

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