“... não foi aquela ninhada de ratos do Mineirão, sete a um e você via
que os alemães não fizeram mais por constrangimento, podia ser no mínimo uns
16! Você viu, os alemães dançavam uma polcazinha leve até a área brasileira e
um perguntava ao outro: Mein Kamaraden, focê quer fazer essa gol? Nein, nein,
muita obrigadas, muito gentilische de seu parte, fá focê, por fafor. Ach, nein,
enton deischa pro Karl, que ainda non fez a dele, fai lá Karl! No quarto gol,
eu pensei que era replay, não dava nem para assimilar, botaram o Íbis em campo,
de camisa amarela.”
“Eu estive pensando e agora tenho certeza de que os brasileiros devem
esquecer futebol e se concentrar naquilo em que nós somos bons. Você viu o
inglês que dizem que faturou 200 milhões, vendendo bilhetes desviados? Mas que
pretensão, a desse inglês. Roubo de 200 milhões aqui eu acho que nem sai no
jornal, de tão fichinha, aqui é roubo municipal no interior, esse inglês não
tem qualificação nem para uma deputança. Esqueçamos o passado, vêm aí as eleições,
hora de escolher democraticamente o seu ladrão!”
Ou:
“Num jogo, se não me engano, contra uma agremiação de Maragogipe, Vavá
Paparrão fraturou a perna em dois lugares, mas só notou depois que o jogo
acabou e o sangue esfriou. Finado Nascimento, respeitado no futebol e na
clarineta, era o juiz de maior autoridade no Recôncavo e grande disciplinador,
chegando a aplicar cascudos, em certos atletas de conduta particularmente
reprovável.”
“Assim ocorreu com o esquema bolado pelo técnico e cartola Júlio
Perrengue, o injustiçado 10-10, que nunca foi adotado por ninguém, mas devia
ter tido uma oportunidade. Júlio me explicou uma vez que o esquema dele
consistia em fazer os dez jogadores de campo saírem de bolo para cima do
adversário, arreganhando os dentes e dando gritos de guerra, assim infundindo
terror nas hostes opositoras. Menção se faça, outrossim, a avanços notáveis
que, por falta de marketing, se perderam, entre eles o jogo eólico, que
consistia em usar os ventos do dia em proveito do time. Antigamente, isso era
feito com a ajuda de um mestre de saveiros conhecedor íntimo dos ventos e das
virações, mas hoje deve ser programável para computadores. Por exemplo, o
jogador sabe que, naquele instante, o vento forte tal ou qual vai soprar e aí
cobra o escanteio conforme o dito vento, é uma coisa altamente científica.”
Pois é, coisas como estas não
leremos mais.
João Ubaldo se foi de para um
sempre.
Mais desalegria.
Até breve.
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