“Use sua
imaginação, mas cuide para que sua alma não se torne prisioneira dessa. Use sua
imaginação para continuar idealizando o mundo em que você prefere existir, mas
cuide para não se frustrar por ainda não estar aí.”
Em três anos de blog nunca fiquei tantos dias sem postar. Por quê?
Não há nenhuma razão objetiva que justifique meu afastamento tão expressivo.
Talvez o marasmo que tomou conta por força da Copa do Mundo, com
suas decepções, azares, surpresas e mordidas. Talvez a ausência de algum
episódio no macro ou no micro do meu mundo que pudesse inspirar à post.
Mas e se usasse, como querem os astros, a imaginação, zelando para
não ficar mais escravo dela do que já sou?
Eu diria.
Noninha está a pouco mais de um mês para completar dois anos de
idade. Não produz frases completas ainda, mas faz registros surpreendentes de
seu cotidiano e cobra de nós coerência e consistência em nossas promessas. Com
ela a mentira tem pernas curtas.
Se combinar com ela é melhor cumprir, caso contrário ela expõe a
constrangimento. Está sempre ligada no coletivo. Se inventarmos qualquer
programa ela logo indaga: Tinzão vai? Mamãe vai? Dindinha vai? Vovó vai? E
quando respondemos que alguém não vai ela exclama comovida: Tadinha.
Valentin, por sua vez, solta os seus primeiros grunhidos, dá suas
primeiras risadas e suporta com certo pavor as investidas emocionadas da
irmãnzinha.
Vêem, não é tão difícil a mim o uso da imaginação já que meu
cotidiano junto aos meus netinhos são quase oníricos. Ficaram adormecidas
minhas inquietações provocadas pelo olhar ao redor, esquecidas como se
houvessem cessado.
Mas não, a estabilidade mórbida ainda se faz presente. Os fatos do
cotidiano ainda se repetem sistemática e deliberadamente.
Vou dando um tempo a eles, como se pudesse imaginar um tempo
distinto, para o qual inventaria outro texto. Sem me frustrar, contudo.
Até breve.
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