“Deixem que digam, que pensem, que falem,
deixa isso prá lá vem prá cá o que que tem? Eu não estou fazendo nada você
também. Faz mal bater um papo gostoso com alguém?...”
De lá observei um velho com uma
criança sobre os ombros. O que me causou interesse em olhar foi pela alegria da
menina linda em seu uniforme escolar, sacolejando o corpo do provável avô.
Eu estava, há horas, sentado em um
dos bancos da Praça da Liberdade.
A garotinha dava gargalhadas
incontinentes enquanto o avô lhe tocava as costas, provavelmente fazendo
cócegas.
Coloquei-me a pensar na alegria,
porque a cena estava carregada dela tanto de um quanto de outro.
O que se passa, quando se dá? O que
estará pensando a criança para tanto desprendimento? O que estará pensando o
avô com tamanho gosto, interesse e desprendimento?
Ele teria a buscado na escolinha e
perguntado para ela:
- “Você quer ir para casa, para casa do vovô, pro shopping (porque ela
provavelmente já adora), ou para”...
- “Não, vovô, eu quero a praça”.
E foi por isto que eu os encontrei
ali com suas peripécias. Ora ele descia a pequena dos ombros e a colocava
naqueles equipamentos de ginástica para adultos e com o maior zelo a segurava
pelos braços para que ela pudesse, à maneira dela, aproveitar a experiência.
Ora ele apontava as fontes e
sinalizava a dança frenética das águas. Eu mesmo ouvi diversas vezes os
gritinhos dela:
- “Nó vovô, lá... lá... vê.... vê”...
Em outro momento os vejo, parados
diante do trânsito, me aproximo e observo o velho apontando o sinal luminoso de
pedestres:
- “Vermelho não pode... Verde pode”...
- “Vamo, vovô... tá vede”...
Atravessam a rua, o velho aos
saltos com a criancinha sobre os ombros aberta em gargalhadas deliciosas tiradas
de um passeio pós-escolinha.
“Só vai no meu balanço quem tem
carinho para dar”.
Minha homenagem ao Senhor Alegria
que nos deixou ontem aos setenta e cinco anos.
Até breve.
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