Correrão
hoje à protestos, é o que me dizem rumores. Contra a realização da Copa.
Evidenciarão os bilhões sorvidos pelos 40% das obras projetadas e os 60%
restantes em custos de ocasião. A bandalha nunca perderia um evento destes para
banquetear-se.
Para
o movimento vão de todos, até mesmo os mais crentes, rufar tambores, quebrar
vitrines, colidir com seus iguais embora fardados e supostos à lei. O que move
estes infelizes, ou tolos, ou ensandecidos pela necessidade de serem ouvidos?
Ninguém
está do outro lado da ação, meus caros. Ninguém os considerará, exceto se em um
ou outro episódio do açoite fizerem baixas demoníacas e exploráveis no
marketing pra outubro.
A
questão da Política hoje é essa, meus adoráveis cidadãos de uma democracia de
fachada. O Estado, em si, deixou e há muito de ser o locus da polis. Largo mão
do erudito e explícito. Estamos acéfalos, meus queridos. Não há com quem
estabelecer uma perspectiva de desdobramentos.
Tudo
vasa.
A
catarse de rua vale por si mesma, sei que é verdade. Mas ela não deixa de me
produzir um amargor, pela impossibilidade da resultante. Não sobrarão nada das centenas de milhares ou
milhões de gritos alucinados contra aquilo que está copado.
As
instituições públicas em processo agudo de enfartos pelos inúmeros aparelhamentos
e uma oposição dessemelhante não ouvirão o cerne daquilo que se grita. A
obviedade dos desvios de verbas da saúde, da educação e/ou da cultura para
estádios de brasílias sem sequer times de futebol, soará como sempre rota.
Não
ir à protestar? Faz parte da cena da decadência, meus queridos concidadãos. Nem
fora daqui haverá ressonância. A BBC de Londres fez matéria sobre as condições
de vida em comunidade próxima ao Maraca, palco do ápice da barbárie. Pergunte
se algum inglês que desembarcará em nossas terras já não sabia de pormenores e está
pouco se lixando para nossa terra áfrica.
Então,
vestir-se de amarelo, azul e verde, prover geladeiras e quitutes, convidar a
galera para assistir sobre lajes. Torcer a favor ou contra, ligar um puta
foda-se e cair na geral. Nada mais Brasil do que esta atitude: literalmente
foda-se.
Nós
só amanheceremos mal no dia seguinte à final, se não der felipeta família. Aí
sim, e somente aí, teremos razão para nos entristecermos. Isto se não tivermos
ficado pelo caminho, para aumentar mais o nosso gosto pelo sinistro.
Se
bem que, nem por isto a tristeza se manterá. Ninguém como nós é capaz de tornar
o trágico, cômico. A vida sempre seguiu, apesar das circunstâncias. Mostra
disso recebi ontem, após o sétimo time brasileiro na competição (o Cruzeiro,
podia ser o Real?) ser derrotado na Copa Libertadores (serão argentinos?).
O
que seria de nós não fosse a nossa idiotia.
Eu,
por mim, fico aqui com meu tempo a passar em tosca era, sem brilho,
desideológica, desválida, desgrácida.
Minha
paixão futebolística arrefeceu. Eu vou ficar em casa.
Até
breve.
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