Nada
é mais como costumava ser.
Acho
que não é mais possível pensar e medir o que se passa usando réguas do passado.
Da época em que todas as coisas podiam ser explicadas e entendidas a partir de
uma meia dúzia de ângulos ou pontos de vista.
As
interpretações e análises estavam enquadradas dentro de algumas convenções
estruturantes e era possível transitar a partir delas e retornar a elas
satisfazendo-se por conclusões quase sempre plausíveis.
Os
inimigos estavam embandeirados e com suas fronteiras territoriais claras, as
convicções que moviam os cenários, as lideranças de cada flanco, enfim o
desenho dos mapas dos conflitos era simples, evidente, conhecido e reconhecido.
Hoje,
o mundo plano, nivelado pela abissal e contundente web, agora potencializada pela
web semântica imporá, aos interessados em compreendê-lo, outros paradigmas. A
web semântica é uma extensão da web atual, que permitirá aos computadores e
humanos trabalharem em cooperação. Interliga significados de palavras e, neste
âmbito, tem como finalidade conseguir atribuir um significado (sentido) aos
conteúdos publicados na internet de modo que seja perceptível tanto pelo humano
como pelo computador.
As
hierarquias de poder, os conceitos, a Filosofia, as Artes, os Valores, a Ética e
a Estética sofrem transformações no
âmago de seus fundamentos. As estruturas institucionais remanescentes soçobram
em todos os cantos do Planeta, incapacitadas em fazer face às complexas
exigências do contemporâneo.
No
passado recente, as mortes esquecidas na Boate Kiss, aqui no Rio Grande do Sul.
No presente, as centenas de mortes em mina de carvão na cidade turca de Soma
que causou protestos em dezenas de localidades do país para denunciar as
condições de trabalho nas minas privatizadas.
Foi
convocada Greve Geral no país e os organizadores pediram que os cidadãos
vestissem roupas pretas ou utilizassem um laço dessa cor em sinal de
solidariedade às vítimas. Em alguns meses estas roupas ou esse laços estarão
servindo de peças de uma inócua experiência.
Ontem
mais de vinte pessoas foram mortas e um enorme projeto siderúrgico estrangeiro
foi incendiado no Vietnã, onde os protestos se espalharam para o centro do país
um dia depois de ataques e saques no sul. Temendo violência, chineses fugiram
para o Camboja.
Ontem,
também, pelo menos 17 pessoas morreram após a explosão de um carro-bomba perto
do posto de fronteira de Bab Salama, entre a província síria de Alepo e a
Turquia, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Mais de 150 mil
pessoas morreram desde o início do conflito na Síria, em meados de março de
2011, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Observatório.
Voltando
ao Brasil, reportagens na TV de ontem deram conta dos protestos pela má
utilização do dinheiro público destinado aos estádios para Copa e não para
prioridades na saúde, educação, segurança e outras.
A
cada dia o mundo plano torna-se um lugar mais assustador. Não há nenhum
prenúncio de equacionamento no micro e no macro. O que nos resta é edificar
monumentos a episódios da tragédia humana, como fez, ontem também, o Presidente
Obama ao inaugurar o alusivo ao 11 de setembro de 2001.
Enfim,
os fatos são superiores aos homens que, hoje, estão à mercê da História. E não
há semântica cibernética que neles encontre sentido.
Até
breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário