quinta-feira, 17 de abril de 2014

TEXTO



Vejam vocês como são os parangolés. Karlinha, minha sobrinha, comentando CEM , me espinafrou de A a Z, revoltada pelo fato de eu ter tratado meu pai e avô paterno dela da forma que está ali postada.

No mesmo dia em que fui graslamelado pela minha querida e bela sobrinha recebi também o rascunho do livro que está sendo gestado pelo meu primo Marcelo que trata da história da nossa família, veio paterno. Ele é filho da tia Paca, Paquita, irmã do véio Agulhô. Aquele mesmo que acabou me levando à BAJO, INTERIORE e VIVERE.

Achei por bem vir a público para dizer o risco que o meu velho corre, na medida em que, Marcelo pede para que eu escreva o capítulo que deverá enaltecer o meu pai. De quebra pede para que eu prefaceie o seu livro.

“No meio de toda essa balbúrdia e tiroteio, também acontecem coisas belas, que elevam a alma ao patamar de onde ela deseja nunca mais ser retirada. Você pode permanecer aí e, simultaneamente, se envolver na luta também”. Enuncia meu horóscopo para hoje.

O risco para quem escreve é imenso quando lido. Se se escrevesse e se mantivesse nas gavetas em papéis frágeis que o tempo e traças consomem, somente o vazio que as ocupa saberia o que está ali posto.

O problema é quando se quer trazer ao lume. Neste momento estou trabalhando na organização do Posts à Prova e, naturalmente, tenho que reler os posts que vão fazer parte do livro comemorativo aos 600 posts editados em três anos do dasletra completos no próximo oito de maio.

A tal da interpretação é um fenômeno surpreendente e cruel da cognição. A leitura jamais esgota o que está escrito, ou será o contrário? Nunca se escreve o que se propõe a se escrever ou nunca se lê o que se propôs a ser escrito?

Daí a riqueza e que se torna arte. Estou feliz prá caramba de viajar nos meus posts. A cada leitura vejo ideias surpreendentes e no afã de buscar uma lógica para a costura me reinterpreto.

Karlinha, neste momento, é de uma importância enorme no fabrico da ética do texto. Não se pode desconsiderar o que será lido. Mas como considerá-lo, se ao se escrever se escreve e ponto? Agora já não lhe pertence. Deixou as gavetas, criou asas e sujeitar-se-á a inúmeras e infinitas interpretações.

É exatamente aí que a alma quer ser descoberta. Neste limiar da interpretação quando se propõe a debruçar-se aberta, deslavada, nua. No caso específico de meu pai, especialmente, na medida em que eu não sou sujeito do meu próprio nome e sim ele.

Mas diabos o que tem o leitor que chegou até aqui neste post a ver com meus íntimos probremas. Tudo. Esta não é uma questão minha, particular, doméstica, familiar. Só por isto proponho-me a vir a lume.

Não ultrapassamos a ser uma mera interpretação de um projeto de texto a ser escrito. Um verbo que se tornará carne e habitará conosco em um lugar qualquer para viver uma história qualquer.

Tudo o mais é rascunho.

Gabo nos deixou hoje depois de oitenta e seis anos e é dele: "Tudo é questão de despertar sua alma”.



Até breve.

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