Vejam
vocês como são os parangolés. Karlinha, minha sobrinha, comentando CEM , me
espinafrou de A a Z, revoltada pelo fato de eu ter tratado meu pai e avô
paterno dela da forma que está ali postada.
No
mesmo dia em que fui graslamelado pela minha querida e bela sobrinha recebi
também o rascunho do livro que está sendo gestado pelo meu primo Marcelo que
trata da história da nossa família, veio paterno. Ele é filho da tia Paca,
Paquita, irmã do véio Agulhô. Aquele mesmo que acabou me levando à BAJO,
INTERIORE e VIVERE.
Achei
por bem vir a público para dizer o risco que o meu velho corre, na medida em
que, Marcelo pede para que eu escreva o capítulo que deverá enaltecer o meu
pai. De quebra pede para que eu prefaceie o seu livro.
“No
meio de toda essa balbúrdia e tiroteio, também acontecem coisas belas, que
elevam a alma ao patamar de onde ela deseja nunca mais ser retirada. Você pode
permanecer aí e, simultaneamente, se envolver na luta também”. Enuncia meu horóscopo para hoje.
O risco para quem escreve é imenso quando
lido. Se se escrevesse e se mantivesse nas gavetas em papéis frágeis que o
tempo e traças consomem, somente o vazio que as ocupa saberia o que está ali
posto.
O problema é quando se quer trazer ao
lume. Neste momento estou trabalhando na organização do Posts à Prova e, naturalmente, tenho que reler os posts que vão
fazer parte do livro comemorativo aos 600 posts editados em três anos do dasletra completos no próximo oito de
maio.
A tal da interpretação é um fenômeno surpreendente
e cruel da cognição. A leitura jamais esgota o que está escrito, ou será o
contrário? Nunca se escreve o que se propõe a se escrever ou nunca se lê o que
se propôs a ser escrito?
Daí a riqueza e que se torna arte. Estou
feliz prá caramba de viajar nos meus posts. A cada leitura vejo ideias
surpreendentes e no afã de buscar uma lógica para a costura me reinterpreto.
Karlinha, neste momento, é de uma
importância enorme no fabrico da ética do texto. Não se pode desconsiderar o
que será lido. Mas como considerá-lo, se ao se escrever se escreve e ponto?
Agora já não lhe pertence. Deixou as gavetas, criou asas e sujeitar-se-á a
inúmeras e infinitas interpretações.
É exatamente aí que a alma quer ser
descoberta. Neste limiar da interpretação quando se propõe a debruçar-se
aberta, deslavada, nua. No caso específico de meu pai, especialmente, na medida
em que eu não sou sujeito do meu próprio nome e sim ele.
Mas diabos o que tem o leitor que chegou
até aqui neste post a ver com meus íntimos probremas. Tudo. Esta não é uma
questão minha, particular, doméstica, familiar. Só por isto proponho-me a vir a
lume.
Não ultrapassamos a ser uma mera
interpretação de um projeto de texto a ser escrito. Um verbo que se tornará
carne e habitará conosco em um lugar qualquer para viver uma história qualquer.
Tudo o mais é rascunho.
Gabo nos deixou hoje depois de oitenta e
seis anos e é dele: "Tudo é questão
de despertar sua alma”.
Até breve.
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