segunda-feira, 21 de abril de 2014

CRÍTICA



Foi assim. Na sexta tomei de assalto o texto do primo e o engoli em pouco mais de duas horas, ou até menos. Ali pelas vinte e duas e tantas liguei prá ele em Azurita.

- Marcelão, li o trem e já queria de dar o retorno sobre a coisa. Tô indo amanhã aí, posso?

- Vem e almoce comigo.

De quebra recebi em casa, ontem á noite os dois ilustradores para passar a eles o esboço do Posts à prova e dos diálogos com Noninha. Eu fiquei sabendo só ontem que o casal é jurado em concursos de literatura. Têm seus métodos. Um deles separa os textos em três graduações: céu, purgatório e inferno.

Se soubesse disso antes teria classificado o livro do primo e o lançado ao fogo dos infernos. Marcelão, já tendo passado pelo rigor dos meus considerandos, durante o almoço disse aos presentes (amigos e parentes), que eu tinha lhe dado um soco na cara.

Dito assim parece que não gostei do livro. E é mesmo, não gostei nem um pouco. Marcelão é outra besta da família, deve estar pesando mais de cem quilos, fica todo vermelho quando ri e verte lágrimas em profusão a cada dez minutos de sua vida. Sangue puro borbulhando fora das veias e hortas.

O cara veio com uma conversa que é muito rigoroso, que só escreve com um Plano de Obra que lhe norteie os caminhos, que gosta da precisão dos fatos e dados que dão pano de fundo à história de nossos antepassados e, o pior, se preocupa muito como irão lê-lo.

- À merda!!! Marcelão...

Disse-lhe um zilhão de vezes na manhã de sábado. Se você espera que eu prefacie isto aqui, esqueça!

- Solte à franga, rapaz! Vire uma libélula!

- Nessa idade, Lozinho, quem se interessará por mim?

- Seu bosta, num é nesse sentido, égua...

Depois de derramar sobre ele o meu imenso mal estar, o sacana disse que ia pensar.

- Eu não sou como você, Lozinho... Eu não tenho poesia.

Depois duma dessa fiquei pensando se teria valido a pena eu, num sábado de aleluia, ter deixado Noninha, Valentin e todos os outros em Santa Luzia para ir me encontrar com a besta.

 Vamos aguardar. Ontem depois da conversa com os juízes fiquei mais aliviado, se bem que temeroso.

- Será como vão me ler?

Merda de sangue.




Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário